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ARTIGO. Débora Dias e crescimento dos crimes de estelionato, que têm como alvo prioritário os idosos

O estado de vulnerabilidade da pessoa idosa diante de golpistas

Por DÉBORA DIAS (*)

O delito de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, o qual tem como essência ludibriar, enganar pessoa, fazendo com que ela caia em engano para obter vantagem econômica, pode ter como vítima qualquer pessoa, homem, mulher, jovem, idoso, etc. Entretanto, os estelionatários vêm se aperfeiçoando em fazerem vítimas idosas. Por quê? Hoje, o golpe de supostas compras no cartão tem sido a modalidade mais usada.

Os criminosos atuantes nos crimes contra o patrimônio, especificamente o estelionato, eles “evoluem”, se é que se pode chamar evolução a conduta de pessoas que vivem para enganar e ludibriar outros, modificam seu modo de agir, seu modus operandi, conforme a situação sócio-econômica do momento, elaboram seus planos com detalhes, treinam. Cabe à polícia investigar e é o que estamos fazendo, mas eles também se multiplicam, e cabe então, a polícia orientar para prevenção e a todos tomarem os devidos cuidados e precauções para não serem as próximas vítimas, é assim que funciona.

Nas últimas semanas, não somente em Santa Maria, mas em todo estado, tivemos notícias de muitos estelionatários agindo, com um foco específico: pessoas idosas. Como eles sabem quem são as pessoas, eles sabem idade e alguns dados. E, dessa forma, esses criminosos vêm de outros estados, em nosso município, provindos de São Paulo/SP. Nesse ponto, também cabe muita investigação.

A Polícia Civil está agindo, investigando, temos muitos casos solucionados, inclusive com prisão em nosso município, mas como disse anteriormente, eles se multiplicam, e precisamos todos estar atentos. Se tivesse que dar somente uma orientação, uma frase somente, que preveniria inúmeros golpes seria o que nossas mães nos diziam quando éramos crianças: “não dê conversa a estranhos”!  Contudo, parece simples, mas não é tão simples assim, eles têm o dom do engodo. Por isso, cuidado!

Por que das pessoas idosas serem o maior alvo dos golpistas? Entendo que as pessoas idosas, por sua própria situação, de toda sua história, elas estão, de regra, em um momento de maior tempo para escutar, para ouvir, para falar, a grande maioria aposentada, muitas delas, principalmente mulheres morando sozinhas. Todas essas condições fazem com que estejam em uma situação em que tenham mais favorável a doar seu tempo, até mesmo para ouvir e , infelizmente, isso as torna mais vulneráveis, vítimas ideais para esse tipo de crime.

O golpe de compras efetuadas em cartões da vítima funciona da seguinte maneira: o criminoso liga para a vítima, a questiona se foram efetuadas compras em seu cartão em determinada loja, dizendo ele que  é do “sistema de segurança do cartão”. A vítima informa que não efetuou nenhum compra na referida loja. Dessa forma, informam que é para ligar para o número que está atrás do cartão, sendo que a vítima não percebe que não desligou o telephone. Colocam uma gravação como se fosse serviço prestado pelo banco/cartão, solicitam senha. Aí ele diz que ou um “agente credenciado do banco, identificado” ou um “representante da polícia civil” vai até sua casa para pegar o cartão. Solicitando que o quebre, de maneira horizontal, no meio com uma carta manuscrita autorizando a investigação, antes disso, ele ludibria a vítima. O golpe está consumado, saem gastando com o cartão da vítima.

O que cabe é a prevenção, essencialmente. É um tipo de delito que temos como prevenir com informação, com disseminação do golpe, com conversa com pessoas próximas, com idosos que temos contato. Mas não somente idosos, também há vítimas não idosas. Jamais preste qualquer informação via telefone a pessoa desconhecida. Desligue o telephone. Ligue para sua agência bancária.  Temos que nos educar, a prevenção nada mais é do que também educação, educação preventiva para evitar que o crime aconteça.

 (*) Débora Dias é a Delegada da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICoi), após ter ocupado a Diretoria de Relações Institucionais, junto à Chefia de Polícia do RS. Antes, durante 18 anos, foi titular da DP da Mulher em Santa Maria. É formada em Direito pela Universidade de Passo Fundo, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Ciências Criminais e Segurança Pública e Direitos Humanos e mestranda e doutoranda pela Antônoma de Lisboa (UAL), em Portugal.

Observação do editor: A foto que ilustra este artigo, de Paulo Pinto/Fotos Públicas, é uma Reprodução da internet.

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