ARTIGO. Jorge Pozzobom e uma decisão imutável: ‘a saúde e a preservação da vida estão em primeiro lugar’
Nossa realidade seja qual for a cor da bandeira
Por JORGE POZZOBOM (*)
Três meses depois de o primeiro decreto municipal ser emitido nesta pandemia de Covid-19, suspendendo as aulas na Rede Municipal de Ensino a partir do dia 18 de março (o decreto foi emitido em 16 de março), Santa Maria vive um cenário de crescimento dos números da Covid-19. Isso é fato e vem sendo demonstrado por meio da atualização diária do Boletim Epidemiológico divulgado pela Prefeitura. Seja porque estamos realizando mais testes no Município ou porque a disseminação do vírus está aumentando, ou, ainda, por conta desses dois fatores, a certeza que temos é a de que, mais do que nunca, temos de redobrar os cuidados e respeitar as regras vigentes para tentar frear o avanço da doença. E isso deve ser feito independentemente da cor da bandeira em que está classificada a região de Santa Maria, seja ela amarela, laranja, vermelha ou preta.
No sábado, após anúncio do governador Eduardo Leite, fomos classificados como bandeira vermelha, pela primeira vez até então, no modelo de Distanciamento Controlado adotado pelo Governo do Estado. Até então, Santa Maria e outras 31 cidades da região vinham sendo classificadas como bandeira laranja, cenário com bem menos restrições nas atividades do que em relação ao da bandeira vermelha, que proíbe ou restringe atividades e serviços que não sejam considerados essenciais e impõe regras mais rígidas àqueles considerados essenciais.
Junto de outros prefeitos da região (Tiago Gorski Lacerda, de Santiago; Leocarlos Girardello, de São Sepé; Paulo Ricardo Salerno, de Restinga Seca; e Carlos Augusto Brum de Souza, de Tupanciretã), do procurador-geral de Justiça do Ministério Público Estadual, Fabiano Dallazen, e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ernani Polo, participei de reunião, por vídeo, diretamente do Centro Administrativo, com o governador Eduardo Leite e sua equipe, na tarde desta segunda-feira (15). Na ocasião, apresentamos argumentos e pedimos a revisão – revisão, não mudança – dos indicadores que levaram a região de Santa Maria a entrar para a classificação de bandeira vermelha. Todos os presentes no encontro ressaltaram a preocupação com a saúde e a vida das pessoas, mas, também, com a questão econômica, o emprego e a renda dos moradores dos municípios envolvidos.
Sempre aberto ao diálogo, o governador recebeu o nosso posicionamento e comprometeu-se a revisar os critérios e a mudar a cor da bandeira para laranja caso esses indicadores apresentem alguma inconsistência. O principal argumento foi a habilitação de mais sete novos leitos de UTI Covid-19 no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo junto ao Governo do Estado. Assim como já havíamos intermediado a habilitação de 10 leitos de UTI Covid-19 no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), fizemos o mesmo em relação ao Hospital de Caridade. No sábado, recebi a confirmação dessa notícia. Ou seja, temos mais sete leitos de UTI em funcionamento no Caridade, ampliando a capacidade de internação para tratamento de pacientes com a doença. A habilitação desses leitos é o que nos levou a pedir a revisão dos indicadores do Distanciamento Controlado e que nos dá uma expectativa de mudança na cor da bandeira para a nossa região. É bem possível que uma decisão já tenha sido tomada e anunciada quando você estiver lendo este texto.
No entanto, o que eu quero reforçar é que, independentemente da cor da bandeira, se vermelha ou amarela, não podemos relaxar e baixar a guarda num momento tão decisivo do enfrentamento à pandemia. As medidas estão aí para serem cumpridas. Cada cidadão precisa fazer a sua parte, o chamado “dever geral de cooperação social” durante o período de Calamidade Pública. Isso significa que, além de cumprir com todas as medidas determinadas e orientações, como usar máscara de proteção, evitar aglomerações, higienizar as mãos com água e sabão e usar álcool em gel (só para citar algumas medidas), cada um tem o dever de não compactuar e de denunciar casos que não estejam em conformidade com as normas vigentes.
Essa era uma preocupação que já tínhamos, tanto que emitimos, na última sexta-feira, três decretos aumentando o rigor das medidas restritivas. Fizemos isso justamente por entender que o momento pelo qual o Município está passando exige atenção e cuidados extras. Intensificamos as fiscalizações e estamos agindo de acordo com os decretos executivos. Todos já tivemos tempo suficiente para sermos orientados, porém, agora, o momento exige mais rigidez. Assumi um compromisso em cuidar das pessoas e, disso, não abro mão enquanto prefeito de Santa Maria. O momento exige maturidade de todos nós para sairmos fortalecidos desta crise. Não vamos permitir que a cor da bandeira guie os nossos hábitos e os cuidados a serem tomados. A saúde e a preservação da vida estão em primeiro lugar.
(*) Jorge Pozzobom é o Prefeito Municipal de Santa Maria. Sua trajetória como agente político começou com dois mandatos de vereador, tendo depois se alçado, pelo voto popular, à Assembleia Legislativa. Em meio ao segundo período, em 2016, foi eleito para conduzir o Executivo santa-mariense. Ele escreve no site às terças-feiras.
Nota do editor: a foto que ilustra este artigo, do prefeito Jorge Pozzobom em reunião por videoconferência com o governador Eduardo Leite na tarde desta segunda-feira, é de Ariéli Ziegler/AIPM.
Antes de começar o fecha-fecha (atabalhoadamente sem critério nenhum) o RS tinha 3,2 mil leitos de UTI para mais de 11 milhões de habitantes. Falta de leitos na aldeia já tinha sido comentada anteriormente também, problema crônico que inclusive deveria ser assunto na campanha eleitoral.
O incrível fantástico extraordinário SUS está onde está por incompetência do gestor público. Na iniciativa privada é a famosa ‘não faça da sua falta de planejamento a minha urgência’.
Pandemias também tem a ver com o estado geral de saúde da população. Não é a toa que obesidade (os que ‘não correspondem aos padrões estéticos da sociedade’ conforme os vermelhinhos do politicamente correto) e diabete são importantes fatores de risco.
Conclusão é sempre a mesma, pandemia coloca em evidencia uma série de problemas pré existentes.