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ARTIGO. Jorge Pozzobom se posiciona acerca das aglomerações que proliferaram no final de semana

Por onde anda o dever geral de cooperação social?

Por JORGE POZZOBOM (*)

Santa Maria e região estiveram na iminência de entrar para a bandeira vermelha da classificação no modelo de Distanciamento Controlado do Governo do Estado na semana passada. Não foi efetivada a mudança da bandeira laranja para a vermelha por conta de uma grande mobilização que foi feita pelos municípios com base numa questão meramente técnica: o registro de sete novos leitos de UTI que já haviam sido habilitados no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, mas que, até sair a classificação da bandeira, não estavam contabilizados em um dos indicadores do Estado. Na ocasião, eu disse e repeti que não importava a cor da bandeira visto que nossa cidade estava em alerta em relação a novos casos confirmados de Covid-19 e à ocupação de leitos hospitalares.

Num apelo franco e direto, pedi à população santa-mariense que fizesse a sua parte nesta luta contra a pandemia. Mais uma vez, dentre tantas desde meados de março, a Prefeitura veio a público pedir um esforço conjunto da sociedade para redobrar os cuidados neste período de crescimento dos números relativos ao coronavírus no Município, para não corrermos o risco de, efetivamente, entrarmos na bandeira vermelha, o que resultaria em restrições de toda ordem, como o fechamento de boa parte dos estabelecimentos considerados não essenciais e a proibição de diversas atividades em nossa cidade. Seria um baque na já combalida economia local, que tenta se reerguer neste momento de extrema dificuldade. Se assim fosse necessário, seria feito, pois o propósito é proteger e salvar vidas, o que sempre estará em primeiro lugar.

Mesmo com a bandeira laranja, emitimos decretos com medidas mais duras, justamente para tentarmos frear a disseminação do coronavírus. Junto das novas medidas, a orientação foi a de sempre: para que as pessoas redobrem os cuidados, usem máscara de proteção, só saiam de casa para o que realmente for necessário e, óbvio, não promovam ou participem de aglomeração, uma das principais formas de transmissão do vírus.

Por que estou fazendo essa retrospectiva toda? Porque os exemplos que vimos neste fim de semana que passou escancararam uma realidade que muito me entristece: a falta de conscientização de muitos moradores de Santa Maria. Foi só fazer um pouco mais de calor, o clima ficar agradável, para que centenas e centenas de pessoas saíssem às ruas para se aglomerar. Nas ruas, nas praças e outros locais públicos e, principalmente, em estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas. Aliás, vale lembrar que esses estabelecimentos têm restrição de horário para poder funcionar, e que o consumo de bebida alcoólica está expressamente proibido em vias e demais locais públicos em qualquer horário durante a pandemia.

Quem circulou pela cidade entre as noites da última sexta-feira e de domingo, pôde constatar o que eu estou dizendo aqui. Muita gente reunida, aglomerada mesmo, aproveitando o passeio como se nada estivesse acontecendo. Como se não estivéssemos em meio a uma pandemia sem precedentes e que, aqui na cidade, já matou 14 pessoas e tem levado outras tantas a um leito de hospital. Diante de tudo isso, eu pergunto: onde está o dever geral de cooperação social, instituído pela Administração Municipal por meio do Decreto Executivo 092/2020? Chegamos ao ponto de ter que emitir um decreto para formalizar algo que deveria estar na consciência de cada um, de chamar a atenção para o fato de que um gesto de um único cidadão influencia no todo e impacta na vida de muitas pessoas. Em alguns casos, com consequências muito graves ou até mesmo irreversíveis, como a a morte de alguém por Covid-19.

Somente da noite de sexta-feira até as 7h desta segunda-feira, a Guarda Municipal, que participa da Força-Tarefa de Fiscalização Municipal Integrada, recebeu 490 ligações com denúncias referentes ao não cumprimento das medidas impostas nesta pandemia, sendo que, desse total, 399 eram denúncias de aglomeração. Intensificamos a fiscalização que já vem sendo feita desde março. Estamos com equipes da Prefeitura, contando com o apoio da Brigada Militar, atuando em três turnos diariamente. Só nesse final de semana que passou, foram realizadas 14 notificações contra estabelecimentos comerciais e pessoas físicas por descumprimento de medidas no Município, além do fechamento, por ação judicial, de uma distribuidora de bebidas reincidente na questão.

Apertamos o cerco a quem não respeita as regras, e vamos continuar a fazê-lo daqui por diante. É claro que não cabe uma generalização, pois temos inúmeros exemplos de pessoas e estabelecimentos cumprindo as medidas restritivas à risca, apesar de todas as dificuldades impostas pelo momento. O próprio comércio, que correu o risco de fechar as portas em caso de confirmação da bandeira vermelha, vem sendo exemplar. Porém, as mesmas pessoas que costumam criticar a postura do Poder Público durante a pandemia são as que não têm um pingo de conscientização sobre a gravidade do problema, que não demonstram respeito e empatia pela vida alheia e tampouco se importam se a participação em junções, festas ou aglomerações de todo tipo resultará em mais contaminados ou na morte de alguém em decorrência do coronavírus. É com tristeza que constato essa realidade, mas, também, com indignação. A mesma indignação que me faz acordar todo dia e não desanimar. Que me faz ter a convicção de que, apesar das adversidades, estamos no caminho certo para vencer esse vírus. E que me ajuda a não desviar do propósito maior neste contexto todo, que é o de proteger e salvar vidas, ou seja, cuidar das pessoas!

(*) Jorge Pozzobom é o Prefeito Municipal de Santa Maria. Sua trajetória como agente político começou com dois mandatos de vereador, tendo depois se alçado, pelo voto popular, à Assembleia Legislativa. Em meio ao segundo período, em 2016, foi eleito para conduzir o Executivo santa-mariense. Ele escreve no site às terças-feiras.

Nota do editor: a imagem que ilustra este artigo, da Prefeitura Municipal, motra a ação da Força-Tarefa da Fiscalização Municipal Integrada, que foi até locais de aglomeração na noite de domingo, como na Avenida Hélvio Basso (foto), para dispersar as pessoas”

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Um Comentário

  1. Decreta com medidas mais duras: restrição do comercio das 12 em diante nos dias de semana ‘deu outra paulada’ nos restaurantes do centro.
    Obviamente existem as pessoas que não concordam com as medidas adotadas. Há os que não tem noção. Há os que acham que não serão afetados com a doença ou não tem familiares que possam ser. Porém existe o fator psicológico também, ficar encerrado 24h recebendo o bombardeio de noticias ruins, principalmente numa certa faixa etária é algo que não vai acontecer. Vide recepção dos calouros. ‘Resolver tudo conversando’ é ideológico, não tem reflexo na realidade.
    Se o alcaide fica triste ou indignado problema dele. Não conheço muita gente preocupada com o que ele acha ou deixa de achar.
    A ‘sinalização de virtude’, bastante comum nas esquerdas, com fins eleitorais só afeta as pessoas com baixa capacidade cognitiva.
    Se um auxiliar de pedreiro faz o trabalho dele sem reclamar, faça frio ou calor, políticos deveriam seguir o exemplo.

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