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ARTIGO. Paulo Pimenta denuncia: o governo desistiu de tratar da Covid-19; prefere lutar contra os números

Ministério da Saúde: no meio da pandemia, uma operação criminosa em curso

Por PAULO PIMENTA (*)

O holocausto é real, Jair Bolsonaro! Ocorre diante de nossos olhos! Os mortos não serão afastados com truques e expedientes semelhantes às mágicas de picadeiro para ocultar da sociedade os números macabros! Exige governo! Exige uma política de saúde pública com começo, meio e fim, para ser levada a sério.

Aparentemente o governo federal desistiu de tratar a pandemia. Prefere lutar contra os números da pandemia. Encara a covid-19 como se tivesse de conduzir uma estratégia militar de comunicação, cujo primeiro tiro, numa batalha, sempre se destina a matar a verdade: alterar o fluxo de fornecimento de informações; atirar uma pedra contra o painel de dados acumulados; gerar contradição nos dados que chegam ao receptor das mensagens, ou seja, a sociedade; criar confusão ao emitir informações para destruir a credibilidade das fontes e paralisar o inimigo… Nesse caso, para o espanto do mundo, o inimigo do governo federal somos nós, os cidadãos brasileiros que necessitamos do serviço público.

Nada disso levará ao objetivo desejado pelo governo do ex-capitão: obviamente escapar da responsabilidade por esse crime contra a saúde do povo brasileiro. O holocausto é real! Mais de 900 mil casos e 44 mil mortos já batem à sua porta!

As estratégias das Fake News podem ter dado resultados eleitorais positivos em 2018, mas não serão capazes de ressuscitar os mortos e abreviar a dor e o luto das famílias dos que foram asfixiados pelo novo coronavírus.

O Brasil, empurrado para este pesadelo, é o único país do mundo que, ao ser convertido em epicentro da pandemia, pela irresponsabilidade expressa pelo   negacionismo e a “gripezinha”, conta com um governo que, repercutindo no discurso a estreita visão de setores empresariais em defesa do pleno funcionamento da economia, no meio da calamidade, demitiu dois ministros da saúde em menos de dois meses e mantém a pasta nas mãos de um militar interino. Um general da Intendência que, sem o menor pudor, já anunciou seu afastamento em agosto próximo, para não prejudicar a própria carreira na escala de promoções do Exército. Esse é o nível do compromisso com a saúde pública do governo Bolsonaro.

Até aqui tivemos um ministério sem ministro, desde a exoneração de Mandetta, que foi substituído por Teich, que foi substituído por ninguém… A tarefa do general intendente Eduardo Pazuello não é conduzir uma política de saúde pública – ele, francamente, ignora o que seja – para fazer frente à maior calamidade sanitária da história do Brasil. Sua tarefa é demolir o quadro técnico do ministério da saúde.

De todos os cargos de segundo escalão do ministério, a secretaria-executiva foi confirmada nas mãos do coronel Élcio Franco. O professor de farmacologia Arnaldo Medeiros, indicado pela nova base parlamentar formal do governo, o Centrão, passou a ocupar a Secretaria de Vigilância em Saúde. O coronel Luiz Otávio Franco Duarte foi nomeado para a Secretaria de Atenção Especializada em Saúde. Os demais ainda estão nas mãos de substitutos. Cerca de 20 militares ocupam vagas nas secretarias e na assessoria de Pazuello, informou a Reuters, na última semana.

A sociedade brasileira, hoje, é mantida à distância das ações do ministério da saúde em relação à pandemia da covid-19. O que o ministro pensa sobre ela, qual a posição do ministério sobre ela, sobre o isolamento, a quarentena, o que se faz ou deixa de fazer, ninguém sabe. Para as entrevistas designam alguém do 3º escalão, que não tem poder nem dever de dar uma posição do ministério, registra a reportagem da Reuters. Em suma, trata-se de uma ocupação militar para converter o ministério da saúde numa espécie de ministério da logística. De compra, distribuição e transporte de equipamentos. Operações típicas da Arma da Intendência, de onde provém o general interino.

O general Eduardo Pazuello, além de exibir o primarismo de quem fugiu das aulas de geografia do ensino fundamental, quando se digna a dar uma entrevista, expõe ao ridículo as academias militares por onde eventualmente passou. Mas, faça-se justiça, se entrega com afinco a cumprir a missão determinada por seu chefe. Assistimos à ação determinada de um funcionário mediano, isento de conflitos de consciência, incapaz de refletir sobre seus atos e as dimensões da calamidade que engendram para o país e assim se converte numa espécie de aplicado funcionário da morte, como Eichmann cumprindo sua rotina à frente da “Solução Final”.

Afinal, são só 900 mil infectados, e 44 mil mortos, e daí?

Em defesa do SUS, fora Bolsonaro, Mourão e sua Necropolítica!

Impeachment Já!

(*) Paulo Pimenta é Jornalista e Deputado Federal, presidente estadual do PT/RS e escreve no site às quartas-feiras.

Observação do editor: a foto que ilustra este artigo, do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, é de Erasmo Salomão/Divulgação/M. da Saúde.

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