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ENTREVISTA. Leite: “me sinto preparado para me apresentar em 2026”, afirma o governador eleito

Futuro chefe do Executivo também fala em PSDB, Banrisul, questão fiscal...

Governador eleito comenta desafios pela frente e ambição de ser candidato à Presidência da República (Foto Reprodução/YouTube)

Reproduzido do Correio do Povo / Entrevista a Mauren Xavier (com foto de Reprodução)

No próximo 1º primeiro de janeiro, Eduardo Leite (PSDB) assumirá pela segunda vez o comando do Palácio Piratini. No cargo, terá pela frente diversos desafios, que passam pelas relações políticas, a economia e as projeções políticas para 2026. Em entrevista exclusiva ao Correio do Povo, Leite  projetou os próximos desafios, falou sobre o Banrisul, a presidência do PSDB e o governo Lula.

A seguir, os principais trechos:

CP: O senhor tem falado muito sobre performance do governo nessa segunda gestão, qual é o maior desafio ao reassumir o Palácio Piratini?

Quando digo que temos que ter foco na performance e no desempenho não significa que a questão fiscal esteja totalmente superada. Ela é um desafio constante. Até porque décadas de problemas fiscais do Rio Grande do Sul não serão resolvidos em quatro anos. É um esforço que exige uma continuidade. A gente conseguiu vencer a parte mais crítica desse desajuste fiscal, mas a gente ainda tem uma situação que inspira cuidados. E ocorre dentro de uma circunstância econômica. O Rio Grande do Sul não é uma ilha e nós estamos submetidos aos impactos da situação econômica do Brasil e do mundo, que vive ainda incertezas no seu cenário econômico.

CP: Dentro dessa cautela com o equilíbrio fiscal, a Assembleia aprovou projetos, entre eles o que eleva o salário de funções gratificadas e cargos em comissão, além do seu, do seu vice e dos secretários. Como o senhor avalia esse impacto? 

A folha de pagamentos do Estado gira ao redor de R$ 30 bilhões no ano, o impacto dessas aprovações é de algo em torno de R$ 100 a R$ 120 milhões para o Estado. Estamos falando de um impacto bastante reduzido no custo da folha de pagamento. Eu vejo muitas comparações feitas que não são adequadas. Não dá para comparar a revisão salarial feita simplesmente neste ano para servidores com o que vai haver de incremento em determinadas posições, seja dos secretários ou do próprio governador ou de outras áreas em que não houve revisão. A questão objetiva é que estamos tentando puxar e acertar a remuneração de posições de chefia estratégicas de liderança ao que a gente observa no mercado de trabalho. Para que possamos recrutar pessoas capacitadas porque o governo vai ter exigências ainda mais rigorosas no preenchimento de determinadas funções estratégicas.

CP: Melhorar o desempenho?

Sim, por exemplo quem vai ser coordenador regional de educação e que ganhava R$ 4,5 mil, passará a ser em torno de R$ 10 mil, em vista da responsabilidade que tem sobre um conjunto de escolas. Um professor trabalha no Estado tem um salário de R$ 4,2 mil de entrada. Ah, o coordenador Regional assume uma obrigação pela qual ele responde e deve ter uma remuneração que justifique. É um esforço para melhoria de desempenho e performance. É claro que temos ainda uma situação fiscal que inspira cuidado, mas o Estado tem a o cuidado com a área fiscal como meio para atingir um objetivo. Não é um fim.

A finalidade do Estado é o de melhorar a vida das pessoas e para isso preciso de uma estrutura qualificada, que é composta pelas posições de chefia de lideranças. E outras carreiras que vamos também endereçar ações nos primeiros meses do governo, na questão da revisão de estrutura remuneratória. Estas posições (FGs e CCS) foram olhadas agora porque a virada de um governo para o outro é quando a gente vai começar a preencher essas posições. É a janela de oportunidade política. O próximo passo é a análise de estruturas de carreiras que são críticas para o desempenho. As carreiras transversais, de engenheiros, de analistas de planejamento e orçamento e gestão, analistas de políticas públicas. 

CP: Que são cargos difíceis de manter? 

Porque a gente disputa, inclusive com outros poderes e prefeituras. Por exemplo, a Prefeitura de Porto Alegre, que tem uma remuneração eventualmente melhor que a do Governo do Estado, e para outros poderes, como Judiciário ou Assembleia Legislativa. Então, se o Executivo não tiver uma remuneração adequada, a gente faz uma contratação e esses profissionais ficam pouco tempo e em seguida saem. Então a gente vai ter que olhar especialmente para essas que são carreiras transversais que tanto desempenham a sua função no Executivo quanto em outras posições de outros lugares para que a gente consiga ter uma melhor retenção desses profissionais. 

CP: Voltando à questão fiscal, como estão as negociações para a compensação das perdas com a arrecadação, no caso do ICMS?

O movimento que foi feito neste ano, de redução forçada das alíquotas por um movimento do congresso nacional e com liderança do governo federal, foi claramente um movimento de cunho eleitoreiro. Houve uma redução e passado o período de dois três meses, os preços voltam. O imposto não é o vilão da história. Todo mundo quer pagar menos impostos. Eu também quero. Mas há um custo de manutenção das atividades públicas. Agora, existe uma previsão legal de compensação pelo governo federal. Agora com o novo governo eleito apresentar os caminhos da compensação devida aos Estados. E o Rio Grande do Sul exigirá. Esta compensação pode chegar a um valor suficiente para que o Estado fique um período substancial sem pagar a dívida com a União. Aí vai ter que discutir o formato de abatimento de despesa ou receita transferida para o Estado? Entendemos que é mais interessante a transferência de receita  do que abatimento…

CP: Nessa semana tivemos a operação da Corsan, e como fica a situação do Banrisul? 

Nesta eleição eu fiz o compromisso de não encaminhar a privatização do Banrisul. Embora, acho que seja um tema que merecesse discussão. Ou seja, não privatizar o banco. Mas por que merecia uma discussão? Porque você tem uma alteração de cenário econômico do setor bancário, no sistema financeiro e novas tecnologias. As razões pelas quais o Estado criou um banco há mais de 90 anos atrás eram outras.

Os tempos mudam e exigem novas posturas e um novo entendimento do governo e da sociedade sobre determinados assuntos. Mas compreendemos que a política é uma arte de ampliar os limites do possível. E neste processo eleitoral ficou claro que, para evitar retrocessos em áreas nas quais nós estávamos avançando, como a própria privatização da Corsan e as reformas que tinham sido feitas, era importante fazer gestos a outros grupos que tenha outro entendimento e entre eles sobre o Banrisul. Eu assumi esse compromisso e vamos mantê-lo público…

CP: O senhor assume em fevereiro a presidência nacional do PSDB, como será o desafio de recuperar o partido, que perdeu muito espaço na política? 

O caminho para quem está no centro, quem busca o caminho da moderação, da ponderação, da sensatez ,da razoabilidade e do equilíbrio ficou muito estreito nesse processo eleitoral. A polarização entre Lula e Bolsonaro fez com que muitos eleitores simplesmente não quisessem saber dos candidatos qual a sua ideia para economia, para as obras, para os investimentos, posição sobre assuntos polêmicos sejam eles quais fossem. O interesse da sociedade foi reduzido a estar com Lula ou com Bolsonaro. O caminho ficou estreito e acabou gerando o impacto. Partidos que têm agenda, como o PSDB, embora com as suas dificuldades e fragilidades ao longo dos anos, estão nesse campo. Bom, o resultado é este. Estamos com uma bancada bastante reduzida.

O meu esforço será em buscar, mais do que o próprio PSDB, tentar ajudar o Centro a se reposicionar, fazer a sua discussão, a sua autocrítica do PSDB junto com Cidadania e com outros partidos que se disponham a conversar e dialogar conosco. Como disse o Fernando Henrique, o centro tem que polarizar. É uma frase que parece não fazer sentido. O centro está aí, tem que ter sabor, não pode ser insípido, tem que ter posição, ter clareza das suas ideias, ter bandeiras visíveis. Então, é uma discussão de fundo programático na minha visão. Então, o desafio é como atingir e mobilizar a sociedade para nesse esforço conseguir fazer que uma eleição de 2026 não seja uma repetição da polarização vista em 2022. 

CP: O senhor já afirmou que irá concluir o segundo mandato. Mas caso o seu nome apareça como viável para a disputa presidencial, o senhor pode rever essa decisão? 

Quando a gente está dentro da política a gente não se pertence. Na verdade, se eu fosse pensar unicamente assim talvez não tivesse concorrido à reeleição. Mas fui mesmo contrariando um posicionamento inicial porque entendi que o projeto que nós representamos para o Estado estava sob ameaça diante da polarização. Então, estou muito feliz de ser governador do Estado do Rio Grande do Sul por mais um mandato, porque estou muito entusiasmado com o que serei capaz de fazer. Daqui a três anos e meio nós vamos ver as circunstâncias e contexto.

A política é muito dinâmica. Simplesmente as pessoas me dizem: ‘mas tu vai ser um dia presidente’. Mas tenho tranquilidade que não é assim. Tantas pessoas se prepararam para ser presidente e não foram, tantos outros não se prepararam e acabaram sendo por conta das circunstâncias. Tancredo dizia que a Presidência é o destino. E tem outro ditado que diz que sorte é quando preparo encontra oportunidade. Eu me sinto tanto nesse momento preparado, como no passado me senti preparado para me apresentar. Imagino que estarei preparado.

A oportunidade acontecerá? Não sei. Quais serão os meus erros de acertos de Lula, quais terão sido os meus erros e os meus acertos? Qual será, portanto, o cenário econômico? Qual será o humor do eleitor? Estará querendo uma mulher, um jovem, um sênior, a repetição do modelo atual. Tantas variáveis existem. Uma candidatura a presidente não é simplesmente uma aspiração pessoal. Ela é um momento, uma circunstância política…” 

PARA LER A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA, CLIQUE AQUI.

Para conferir a entrevista em video, clique abaixo:

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4 Comentários

  1. No caso Corsan o canetaço da Rosa Weber foi só para dizer que a decisao sobre o assunto é do TJ. ‘Desempenho’ é so mais uma palavra abstrata marketeira. Arrecadação vai ser arrumada com aumento de tributos. Comissão da Camara já aprovou proposta. Irão criar novos tributos que existirão concomitantemente com os atuais. Papel diz que aliquotas dos antigos ira diminuir gradualmente enquanto a dos novos ira subir e desta forma ocorrera a substituição (falam em 10 anos). Na pratica o mais provavel é que não extinguam os tributos antigos (ou palhaçadinha do genero) e o resultado final é aumento da tributação.

  2. Conjuntura em 2026 vai ser outra, ou seja, é um goleiro querendo fazer gol cobrando chutando da propria area no futebol de campo. Simone Tebet foi dar uma de esperta, algo para o qual não é equipada, e por enquanto sepultou de vez a ideia de terceira via. Aumento de salarios, falacia de marketeiro, é 120 milhões, pouco em relação ao orçamento mas é dinheiro que tem que ser arrecadado, sai do setor produtivo. Olhando daqui a finalidade do Estado é melhorar a vida dos servidores publicos. Ninguém (ou grande maioria) com carreira definida fora do serviço publico vai abandonar só por conta do salario de uma posição estavel. Os ‘bons salarios’ vão para aspones de terceira linha.

    1. Nunca havia votado no PSDB, por sua veia privatista. Votei nele pela primeira vez, por entender que Eduardo Leite é muito superior a Onix Lorenzoni, ex PFL, e aliado de Bolsonaro. Sou Brizolista, somente simpatizante do PDT.
      Ademais, as perspectivas de Eduardo Leite para a Presidência da República são animadoras, a meu ver, caso faça bom governo aqui no Estado nos próximos três anos, principalmente no setor finanças, e consiga realizar investimentos em saúde, educação e segurança, e torne-se ainda mais conhecido a nível nacional.
      O Destino quem faz é Deus, e se ele (Eduardo), eventualmente, for ungido para ser Presidente, ele será!

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