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COVID-19. Cidade pode ter problemas no acesso à saúde, observa epidemiologista e professor na UFSM

Santa Maria pode ter problemas, avalia o professor Marcos Lobato. E a intensificação de medidas restritivas podem ser necessárias

Por RAFAEL BALBUENO (com foto de Arquivo), da Assessoria de Imprensa da Sedufsm

A elaboração de estratégias no combate à Covid-19 exige equacionar uma série de questões em cada cidade, região ou estado. O número de casos, o crescimento ou não destes, o número de mortes e a capacidade de atendimento dos serviços de saúde são algumas das variáveis que devem ser levadas em conta antes de se cogitar, por exemplo, medidas como a retomada das atividades comerciais presenciais. E em Santa Maria, a equação final dessas variáveis é motivo de preocupação. Isso porque no atual ritmo de crescimento de casos – especialmente os graves – é possível que a cidade tenha, em breve, problemas no acesso a serviços de saúde.

Essa é a opinião do professor do Departamento de Saúde da Comunidade da UFSM, Marcos Lobato. Para o docente, os indíces vividos hoje na cidade indicam também que novas e mais rigorosas medidas restritivas podem ser necessárias futuramente – caso a situação se mantenha com o atual ritmo. Por isso, para o professor, não é o momento de “afrouxar mais o isolamento”.

Várias epidemias dentro da pandemia

Para Lobato, que além da saúde coletiva também tem na epidemiologia uma das suas áreas de atuação, essas diferenças regionais fazem com que estejamos vivendo várias epidemias dentro da pandemia. Nisso, elaborar um projeto de ação padrão para todas as cidades não parece sensato ao professor da UFSM, que defende a informação como uma das ferramentas centrais para se agir nesse contexto. Segundo o professor, ter em mãos os indicadores da situação envolvendo a Covid-19 na cidade é fundamental para se elaborar uma estratégia eficaz.

Contudo, apesar da necessidade de se avaliar cada realidade a partir de seus indicadores locais, Lobato vê com muita preocupação a situação do interior do estado como um todo. Isso porque, segundo o docente, o acesso aos serviços de saúde tem se mostrando como a variável mais importantes no combate ao novo coronavírus. Esse acesso à saúde, no entanto, não é qualquer acesso, já que a Covid-19 demanda a oferta de unidades de tratamento intensivo, as UTIs. No caso do interior do estado, a oferta tanto dessas unidades quanto de profissionais especializados é consideravelmente menor, aponta Lobato.

A seguir, confira a íntegra da entrevista que realizamos com o professor da UFSM, Marcos Lobato.

Sedufsm – Muito tem se falado sobre a tendência de interiorização da Covid-19. Os relatórios produzidos pelo Observatório da Covid-19, https://www.ufsm.br/coronavirus/observatorio/, na UFSM, em especial os relatórios ligados ao Programa de Pós-Graduação da Geografia, até o momento confirmam essa tese, correto? O que, trocando em miúdos, significa essa interiorização? O interior gaúcho tende a ter suporte para enfrentar essa situação?

Marcos Lobato – Sobre a interiorização, a chegada aos municípios mais distantes da capital passa por dois momentos. Primeiro a chegada da doença aos municípios pólo. Após, em muitos casos, a partir destes para os municípios menores. A dispersão da epidemia segue o que os geógrafos chamam de uma hierarquia, de cidades maiores para cidades menores. Em cada local temos uma dinâmica diferente de transmissão na população, dependendo de várias características, onde a densidade populacional e a circulação das pessoas parecem até agora serem as mais relevantes.

Quanto ao suporte para enfrentar a situação depende de cada região. No caso desta epidemia onde os doentes demandam cuidados em UTIs, a situação do interior é bem preocupante. O motivo é que historicamente as regiões metropolitanas e principalmente as capitais são onde se concentram estes serviços, e mesmo que tivéssemos leitos e equipamentos o interior carece de profissionais em número suficiente para fazer serviços tão especializados funcionarem…”

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Um Comentário

  1. Graduação em medicina em Rio Grande, residência médica em: Medicina Preventiva e Social, mestrado em Saúde Coletiva na UFRGS com dissertação ‘Revisão sistemática de metodologias de financiamento em sistemas universais de saúde’.
    Por costume sempre que algum veiculo apresenta a opinião de um ‘especialista’ costumo verificar o currículo Lattes, a produção cientifica, o programa onde foram realizados os estudos, etc. É onde se descobre as ‘epidemiologias sem números’.
    Quanto a ‘reportagem’ é o de sempre. ‘Pode ter’ e ‘vai ter’ são coisas diferentes. Quando chegarmos lá veremos.

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