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Santa Maria

CRÔNICA. Orlando Fonseca e os desejos para um dia pós-pandemia: vamos ser obrigados a sair de casa?

Pós-pandemia

Por Orlando Fonseca*

Quando terminar a quarentena, depois da pandemia do coronavírus, a gente vai ser obrigado a sair de casa? Pergunta o meu amigo Mauro Castanho em uma rede social. Como em sua provocação ele não adiantou qualquer sugestão de resposta, pus os meus neurônios em alerta. Mais do que os meus músculos, são eles que têm treinado bastante nesta centena de dias em isolamento social (estão craques em 100 dias rasos). E isso me deu o que pensar, já que, ficando em casa, o que mais tenho é tempo para gastar com coisas desse tipo. Contribui para tal reflexão o fato de que a ordem social está de tal modo alterada, que não é difícil de imaginar um estado de transformações pela pandemia, no qual sejam gerados novos protocolos, uma situação de completa mudança na normalidade. Não é à toa que se fala em novo normal, para depois que o coronavírus estiver dominado em sua sanha assassina ao redor do Planeta.

Então comecei a rascunhar algumas propostas para encaminhar ao Congresso Nacional, ou ao que sobrar dele. Pensando melhor, tem algumas sugestões de pauta que, necessariamente, devo passar ao chefe que estiver de plantão no Palácio do Planalto.

– Logo nos primeiros dias em que a OMS declarar que a epidemia está sob controle, e o Ministro da Saúde – se ainda existir algum – orientar, o governo vai decretar uma Medida Provisória, obrigando todo brasileiro a sair de casa, com multas pesadas para os mais preguiçosos.

– As máscaras estarão abolidas, ninguém poderá sair às ruas com o rosto coberto – serão liberadas apenas em ambientes hospitalares e clínicas. Será preciso criar uma campanha institucional, com o slogan: Caiam as máscaras! (para uns, poderá ser perigoso).

– Filas nas entradas de supermercados e farmácias estarão terminantemente proibidas, o povo comprador será incentivado a entrar em bolo nas repartições.

– Será proibido usar ou mesmo mencionar álcool gel. Ele estará banido das prateleiras dos supermercados e farmácias. Será proibido falar em álcool gel em matérias jornalísticas, ou peças publicitárias, só será permitido usar a sigla AG, quando for impossível deixar de mencionar. Os dispensers do produto, que durante tanto tampo estiveram em paredes de prédios oficiais ou residenciais, serão arrancados em cerimoniais de pura euforia.

– Haverá uma nova etiqueta neste novo normal. Todo mundo deverá se cumprimentar com apertos de mão, abraços apertados e beijos, muitos beijos. Aliás, voltarão os “três pra casar” e até “quatro pra não morar com a sogra”. Também haverá um programa de incentivo governamental – grana – para que os idosos sejam resgatados para irem morar com os filhos.

– Vai acabar o distanciamento social. As aglomerações serão incentivadas, as pessoas então deverão caminhar lado a lado nas calçadas, e se postarem em blocos nos bancos com o mínimo de espaço entre elas. O governo vai distribuir dinheiro para todo mundo sair às ruas, lotar os ônibus, os quais só poderão sair das paradas quando passarem a latas de sardinha.

– Os bares deverão permitir que as mesas se ajuntem, dando descontos generosos para os que assim agirem. Será obrigatório o uso da cloroquina. Quem não quiser, poderá tomar um genérico de tubaína.

– O JN vai mostrar a curva da morte do CNPJ todo dia e virá uma campanha pelo achatamento desta curva. Com a multidão de CPF sobrevivente, o Paulo Guedes – se sobreviver, e ainda estiver no posto, Ipiranga ou outro qualquer – vai montar o maior programa de aceleração do PIB. Uma fórmula muito simples: em vez de você pagar impostos, o cidadão vai receber uma grana federal para sair gastando adoidado no comércio, que será obrigado a manter-se aberto 24 horas por dia, sete dias por semana. Não tem como dar errado, aliás, de tanto dar errado, ultimamente, por estas terras tropicais, só vão nos restar alternativas de acerto.

Teremos, então o fim da pandemia, meu caro Mauro, e o começo do pandemônio – se é que ele já não esteja definitivamente instalado.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

Observação do editor: Foto Pixabay / Divulgação

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