Interessante. A presidente da República pode ser “enterrada”. Mas a democracia? Bueno, cada um vê a contradição que quiser. Quanto a este editor, imagina que o que está acontecendo é exatamente um ato democrático. O que se discute, talvez, seja o autoritarismo do governante eleito “democraticamente” e seus eventuais representantes. E que podem ser “deseleitos” da mesma forma. E, objetivamente, o que se trata é de uma discussão salarial legítima entre o representante do patrão (que é quem paga o salário) e o trabalhador (que recebe o salário). Mas, enfim…
Ah, o fato. As lideranças grevistas “enterraram simbolicamente”, na tarde de hoje, a Presidente e a democracia, num ato que, conforme a Seção Sindical dos Docentes, “teve mais de 200 pessoas”. O relato é de Rafael Balbueno, com foto de Bruna Homrich, ambos da assessoria de imprensa da Sedufsm. A seguir:
“Grevistas da UFSM realizam enterro simbólico…
…Mais de 200 pessoas estiveram presentes em atividade organizada pelos três Comandos Locais de Greve (CLGs) da UFSM, na tarde dessa sexta, 10. Na ocasião, docentes, técnico-administrativos em Educação e estudantes somaram-se a um “padre” e duas “carpideiras” para promover uma missa de sétimo dia simbólica, na Praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria. Antes da missa, contudo, os grevistas realizaram também um cortejo pelo Calçadão Salvador Isaías, também na região central da cidade. Enquanto a caminhada com o caixão era realizada, na Praça, com o cenário pronto para a “missa”, cadeiras representavam cada uma das Instituições Federais de Ensino que estão com suas atividades paralisadas.
Entre os “sepultados” na tarde dessa sexta, estiveram a democracia e, até, a presidente Dilma Rousseff. O convite para a missa de 7º dia foi publicado um dia antes na imprensa local. Sobre a democracia, provavelmente a principal pauta da manifestação, os grevistas enterraram a resolução 017/2012, assinada pelo reitor da UFSM, professor Felipe Müller, no dia 2 de agosto. A Resolução foi assinada “ad referendum” do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), em outras palavras, sem consulta aos conselheiros…”
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Apenas uma observação que se deve fazer, até para melhor compreensão do ato de ontem: o “enterro” simbólico e com pitada de humor se referia ao que os grevistas consideram atos autoritários- tanto da presidente Dilma, com o decreto de repressão à greve, como à resolução do reitor, que cancelou reunião do CEPE semana passada. Em momento algum se quis enterrar a democracia, mas sim, o contrário dela.
Atenciosamente.
Fritz Nunes
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM