Saúde

SAÚDE. Homem morre à espera de leito de UTI Neurológica em Santa Maria. Pozzobom se manifesta

Prefeitura informa que não dispõe de leitos de UTI pelo SUS para todas as especialidades e não tem gestão plena na regulação. Foto Divulgação

Por Tiago Nunes / Rádio Imembuí

Na sexta-feira (14), um vídeo de uma mulher relatando o desespero da família por espera de internação de um homem em UTI ganhou grande repercussão nas redes sociais em Santa Maria. O vídeo foi gravado em frente ao Pronto Atendimento do Bairro Patronato.

Nas imagens, ela revela que seu tio estava no local desde às 9h após ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ela relata ainda que não há leitos de UTI na cidade e que o homem precisaria ser levado para a cidade de Rio Grande.

“Ele já teve três paradas cardíacas e vão enviar ele para Rio Grande por que aqui na cidade não tem nenhum leito disponível. Se a cidade não tem leito como está na bandeira laranja ?”, questionou a mulher desesperada.

O paciente não resistiu e acabou falecendo. A prefeitura de Santa Maria se manifestou em nota. Conforme a Secretaria de Saúde, o paciente chegou em estado grave no PA e, após avaliação, foi constatado que ele precisava de vaga em UTI especializada para esse tipo de atendimento, no caso, UTI neurológica, pois o quadro clínico apontava para um AVC. Ele precisava ter seu quadro de saúde estabilizado para ser transferido para a zona sul do estado.

“Como o Plano de Urgência e Emergência do Estado prevê que a regulação de leitos seja feita pelo Sistema de Gerenciamento de Internações (Gerint), e não pelo Município, no momento em que o paciente deu entrada no PA, seus dados foram inseridos no sistema, e a vaga em UTI neurológica disponível para ele encontrava-se em Rio Grande, na Santa Casa. Por conta do quadro grave de saúde, para ser transferido, o paciente precisava ser estabilizado. Ele sofreu três paradas cardiorrespiratórias e veio a óbito antes de ser transportado para Rio Grande”, disse o município.

A prefeitura ainda afirmou que “não dispõe de leitos de UTI pelo SUS para todas as especialidades e não tem gestão plena na regulação, o que é feito pelo Estado por meio do Gerint, que procura hospitais de referência em outras cidades com leitos disponíveis e destinados para determinadas especialidades, como era o caso desse paciente”.

Já na noite deste domingo, o prefeito Jorge Pozzobom também se manifestou nas redes sociais. Ele começou se solidarizando a todos que perderam seu ente querido. Ele afirmou que a cidade tem sim leitos de UTI disponíveis, mas para algumas especialidades a regulação é feita pelo estado.

“Ocorre que, para o caso de algumas especialidades, a regulação do Estado encaminha pacientes para outras cidades, por serem referência no atendimento”, declarou o prefeito.

O secretário de saúde Guilherme Ribas também lamentou a morte e disse que a equipe do PA lutou pela vida do homem. Ele disse que no momento chegaram quatro urgências no Pronto Atendimento.

“Quando relatam que não temos leitos de UTI, nós temos leitos de UTI, mas para aquela especialidade, neurológica, nós não tínhamos na cidade, porque são leitos regionais e Santa Maria não é plena nesses leitos. Conseguimos uma vaga em Rio Grande. Deixar uma coisa clara, os leitos de UTI do COVID não têm nada a ver com os leitos normais em Santa Maria”, esclareceu.

Neste domingo, conforme apurou a Rádio Imembuí, a taxa de ocupação de leitos de UTI SUS em Santa Maria era de 45.5%. Das 44 vagas, 20 vagas estavam ocupadas. O mapa de leitos do governo do estado não especifica de quais especialidades são esses leitos.

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2 Comentários

  1. SUS tinha problemas antes da pandemia. Patrulhamento era grande, na base do ‘querem acabar com o SUS’, coisas que todo mundo sabe de onde parte.
    Em comentários bem antigos coloquei valores de procedimentos da tabela do Datasus. Cheguei a comentar mais recentemente que a falta de leitos deveria ser assunto da campanha, soube de pessoas esperando em PS a liberação de quarto para internação.
    Quanto ao caso em pauta o resultado foi o mais provável. Transferência de 350 Km neste caso é piada. Obviamente vagas de UTI para Covid e especialidades são separados, ou seja, poderia ter acontecido mesmo sem a pandemia.
    Profissionais de saúde (como os bombeiros do estouro da barragem de mineração) não são ‘heróis’. Fazer o trabalho para o qual se recebe remuneração e foi escolhido de livre e espontânea vontade não é ‘heroísmo’. Entretanto não têm culpa, não são eles que ‘desenharam’ o sistema. Pelo menos não deveriam, o sistema não é questão de saúde, é questão de gestão.

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