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ARTIGO: Giuseppe Riesgo e as mudanças no projeto de Reforma Tributária do Governador Leite: “piorou”

Mudou para pior

Por GIUSEPPE RIESGO (*)

Nelson Rodrigues costumava dizer que era um reacionário: reagia a tudo aquilo que não prestava. Suscito o saudoso dramaturgo, porque a reforma tributária protocolada pelo governo – que já era ruim -, ficou ainda pior após as alterações propostas (e a reação contrária foi intensa dentro da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul).

Nas emendas sugeridas, o governador propõe alíquotas ainda maiores (de até 4%) para o IPVA de carros com maior potência (e por 30 anos). Segue onerando a cesta básica (de 7% para 12%), o gás de cozinha (12% para 17%) e retira a isenção sobre os hortifrutigranjeiros, ovos e leite (de 0% para 12%). Além disso, propõe uma prorrogação para 27% nas alíquotas majoradas de ICMS sobre a energia elétrica, gasolina e telefonia, até 2025. Ou seja, o Estado seguirá com tributos majorados temporariamente e, daqui 5 anos, terá que rediscutir e encarar toda essa celeuma de novo.

Em síntese, o governo propõe alterações que seguem avançando sobre o bolso do pagador de impostos, esquecendo que nós já temos uma alternativa melhor ali na frente, afinal, não precisamos onerar o ovo, o leite, os hortifrútis e a cesta básica para termos a gasolina, o telefone e a conta de luz mais baixa. A majoração da alíquota modal e das alíquotas setoriais expiram ao final desse 2020 e este é, atualmente, o cenário mais barato para o “contribuinte” gaúcho.

Desde que me manifesto aqui sobre a atual reforma tributária estadual, tenho alertado para esse elemento fundamental em nosso posicionamento político nesse tema: não é a sociedade gaúcha que deve servir ao governo e sim o contrário. Após mais uma proposta descabida do Palácio Piratini, o nosso Parlamento parece ter despertado para o fato do melhor cenário já estar disponível automaticamente -, bastando, para isso, que rejeitemos esse pacote tributário remetido à Assembleia Legislativa pelo governador do Estado.

O mesmo Nelson Rodrigues costumava afirmar que, via de regra, desconfiava muito dos veementes, pois o sujeito que esbraveja está sempre a um milímetro do erro e da obtusidade. O governador vem esbravejando e errando demais. Seu nível de descolamento da realidade diária da população gaúcha e dos seus anseios, cega-o e faz do atual governo uma peça de ficção argumentativa sob o véu de uma série de apresentações de Power Point que já não convencem ninguém.

De minha parte fico bastante satisfeito que estejamos demonstrando isso para a sociedade gaúcha e os deputados que a representam. Que a nossa participação enquanto legisladores e representantes do povo deve se atentar aos desejos e preocupações desse mesmo povo, não do Estado. Nós não fomos eleitos para solucionar os problemas do governo, mas sim àqueles que atormentam a nossa gente e isso é tudo que, infelizmente, a atual reforma tributária, não faz. Largue as bravatas, reexamine sua consciência e retire o Projeto, governador. A sociedade gaúcha não merece seguir pagando essa conta tão alta.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

Observação do editor: a foto (de Gustavo Mansur/Palácio Piratini) que ilustra este artigo é do governador Eduardo Leite, na segunda-feira, dia 14, quando apresentou as “mudanças no projeto de reforma tributária”

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3 Comentários

  1. A quem interessar possa. Assessoria do deputado possivelmente os comentários. Falabella, lojas de departamentos chilena, abandonou a Argentina. Existe um fluxo migratório, não se conhece as dimensões, de argentinos para o Uruguay. Não acontece via botes no Rio da Prata, logo não é de miseráveis. Podem (é possibilidade, não certeza) acontecer repercussões no RS e no Brasil (vide Mercosur).

  2. Bom, não moro em Minas Gerais, pouco me interessa o que por lá acontece. Elegeram Leite, o impostor, com base num estelionato eleitoral. Agora é lidar com as consequências.
    Proposta de desconto no Imposto Causa Mortis para quem pagar a vista? Piada. Quem recebe (e tem disponível) dinheiro em conta, investimentos, etc? Andar de cima. Desembolso inicial não é pequeno em caso de herança. Para começo de conversa há que contratar um(a) causídico(a). No mínimo, pode ter briga, o que não é incomum. Inventario tem que ser aberto em 60 dias (eram 30) caso contrario se é multado. Não é incomum gente recebendo herança e simplesmente deixando para lá. Patrimônio aumentaria, mas a renda não. Caso peculiar da aldeia, surgem aqui e ali pequenos terrenos baldios. Pessoas velhas vão a óbito. Casa abandonada. Casa invadida. As vezes vira tapera, as vezes demolem e fica um terreno baldio. Ninguém quer o terreno, muito pequeno para um prédio, valor pedido muito caro para quem quer uma casa, melhor comprar na periferia.
    Imposto sobre combustíveis, comunicações, energia. Acerta direto no setor de serviços (também). Sujeito que faz jardinagem, corta grama, poda arvores por exemplo. Motores que consumem gasolina e óleo. Telefone para conseguir serviço. E no comercio? Custo fixo mais alto. Como compensar? Colocando funcionários na rua.
    Leite, o impostor, é praticamente uma Manoela D’Avila. Saiu dos bancos escolares para um cabide na prefeitura de pelotas e dali para a Câmara de Vereadores. Nunca trabalhou na vida, não sabe o que é a vida fora do ambiente publico.

  3. Independente do projeto, seria interessante o deputado em questão comentar a postura totalmente dissonante do seu colega de partido líder do executivo mineiro e seus colegas daquele estado…

    Até onde eu saiba o partido em questão tem uma estrutura de posições uníssonas…

    O que houve?

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