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É tudo chute. Escreveram que “tantas” mil pessoas estiveram naquele evento? É melhor duvidar

Nunca acreditei no cálculo de multidões. Quase sempre, conforme o interesse de A ou B, os números eram inflados ou reduzidos. A exceção é quando há lugares marcados. Mas isso, no Brasil, é pra lá de raro. E nem mesmo os números de autoridades idôneas são exatamente corretos. A propósito, vale a pena ler o que escreve o competente analista e jornalista experiente Carlos Brickmann. Confira:

 

“APURAÇÃO SUSPEITA – Sempre cabe mais um milhão

Contam que um senhor de 90 anos se queixou ao médico de que não conseguia manter relações sexuais três vezes por semana, enquanto seus amigos da mesma idade lhe contavam que conseguiam. O médico aconselhou: “Faça como eles fazem”

Velhinho: “E que é que devo fazer?”

Médico: “Invente”.

E estamos aí com novos recordes de público nas festas de réveillon de Copacabana e da Avenida Paulista. Mais uma vez, o público anunciado pelos organizadores não cabe no local; mais uma vez, a imprensa, que tem condições e tempo de medir o espaço e calcular a multidão, omite-se – e, pior do que isso, aceita como bom o número fornecido pelos organizadores, que têm interesse em inflá-lo. Ou vai perguntar à Polícia Militar. Alguém acredita que a PM conte mesmo o público, ou que tenha condições de contá-lo?

Houve época em que o Datafolha media os locais onde haveria manifestações, e depois, com base em fotografias da multidão, calculava o número de presentes. O processo provavelmente é caro e por isso, talvez, tenha sido abandonado. Tudo bem; mas ou se faz esse tipo de trabalho ou se muda a maneira de calcular o público. Frases do tipo “a avenida estava lotada, com todo mundo se apertando”, dão uma informação mais precisa do que anunciar 2,3 milhões de pessoas num espaço em que, mesmo que não houvesse qualquer obstáculo, não caberiam mais de 800 mil.

Mas qual a importância, afinal de contas, de buscar um número mais próximo da realidade? A lição vem de um mestre, Octavio Frias de Oliveira, um dos jornalistas mais competentes que já passaram por este país: quando você, num setor que conhece, vê uma notícia visivelmente incorreta, passa a desconfiar de todas as notícias, de todos os setores. Se aquilo que eu conheço é publicado com erro, que é que me oferecem nas áreas que desconheço?…”

SUGESTÃO DE LEITURA – Vale a pena conferir a íntegra da coluna “Circo da Notícia”, assinada pelo jornalista Carlos Brickmann, no site especializado Observatório da Imprensa.

 

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