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O que eu vi nos Planos de Governo dos candidatos a prefeito de Santa Maria – por Giuseppe Riesgo

“Excesso de generalidades nos relegou apenas cartas de intenções”, escreve

Venho sendo bastante demandado sobre um posicionamento acerca das candidaturas a prefeito de Santa Maria e sobre qual seria o melhor projeto para a nossa cidade pelos próximos 4 anos. Como o meu partido (NOVO), infelizmente, não dispôs de candidaturas na cidade eu resolvi analisar detalhadamente os Programas de Governo dos atuais candidatos, a fim de decidir o meu voto e ajudar o eleitor santa-mariense a definir o seu.

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar, nenhum Plano de Governo apresentado efetivamente me agradou. Em todos os casos nós temos peças que mais se aproximam de uma “carta de intenções” do que propriamente de um plano viável para administrar e atender os anseios da nossa população. Além de excessivamente genéricos, nenhum plano trouxe discussões tributárias e orçamentárias para que o eleitor possa discernir sobre a execução (ou não) do que os candidatos propõem em seus devidos programas de governo.

Ou seja, não há impacto orçamentário disponível, prazos, metas e tampouco informações acerca das dificuldades orçamentárias de nossa cidade para a execução de tantos compromissos na saúde, educação, mobilidade, infraestrutura, esporte, cultura e lazer, por exemplo.

Para piorar, não reconheci nenhuma discussão ou proposta efetivamente inovadora para a mobilidade urbana da cidade ou para o Plano Diretor de Santa Maria. Os gargalos e as dificuldades tributárias e orçamentárias também não foram tratados e, por fim, os Programas não dedicaram sequer uma linha para os desafios da inchada folha salarial do município (que já compromete mais de 63% da receita de Santa Maria) e do déficit previdenciário que já consome boa parte receita do caixa livre da prefeitura. Em síntese, falta discutir a cidade no âmbito da nossa realidade orçamentária, afinal, ainda não temos o orçamento de uma Nova York para fazer tanta coisa em tão curto espaço de tempo.

Outras propostas pecam por serem risíveis. Todos tratam de ciclovias, mas ignoram as dificuldades geográficas no relevo de Santa Maria, por exemplo. Praticamente todos pretendem implementar uma política de microcrédito, mas se eximem de explicar de onde sairá o dinheiro. Há ainda a ideia de reativar as usinas de asfalto e concreto; ou mesmo de criar uma moeda digital através de um banco público municipal para reativar a economia local (ideias estatizantes, sem consistência econômica ou até inconstitucionais). Por outro lado, pouco ou quase nada se apresenta sobre parcerias público-privadas para a iluminação pública ou para a melhoria e manutenção de praças e parques, por exemplo. E, ainda, ninguém trouxe soluções de mobilidade urbana em prol de uma abertura comercial e a promoção de uma efetiva concorrência entre as empresas para a melhoria do ineficiente (e caro!) serviço de transporte coletivo de Santa Maria.

Em síntese, reitero, o excesso de generalidades nos relegou apenas cartas de intenções e não planos de governo efetivos para gerir e executar o orçamento de Santa Maria. Os próximos quatro anos serão de enormes desafios orçamentários para os municípios do Rio Grande do Sul. É desolador perceber que tais aspectos não foram abordados e que os principais problemas tributários e previdenciários, bem como, os principais gargalos de mobilidade e urbanismo, não foram enfrentados de forma suficiente para uma cidade do porte de Santa Maria.

Governar exige responsabilidade. Os planos de governo deveriam trazer programas à luz da realidade fiscal da cidade e de sua capacidade de execução e possível expansão. Qualquer coisa que se afaste disso não informa ao eleitor sobre a capacidade que o futuro gestor de Santa Maria terá de cumprir tantas promessas em tão curto espaço de tempo.

Se queremos afastar o populismo da gestão pública precisamos aproximar as propostas daquilo que é possível executar. Essa é a forma de gerir a coisa pública respeitando o cidadão em observância à responsabilidade fiscal e a gestão dos nossos impostos.

Hoje à noite teremos o último debate desse primeiro turno eleitoral. Eu estarei assistindo e espero, sinceramente, que as candidaturas dispostas avancem para além das boas intenções que seus Planos de Governo trazem. Santa Maria é gigante e merece um governo da altura e altivez de sua gente.  

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

Observação do editor: A foto que ilustra esse artigo, do Centro Administrativo Municipal, sede do governo de Santa Maria, é do arquivo da Prefeitura.

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3 Comentários

  1. Saida para SM é a sociedade civil organizada. Tomar decisões, encontrar meios e agir. Esperar pelo Estado é perda de tempo. Se o Dr. Mariano tivesse esperado pela prefeitura e CV não existiria UFSM. Alás, desenvolvimento regional não passa pela mesma, é muito lenta, burocrática e tem mentalidade de servidor publico. Negócio é investir na UFN.
    Classe politica é cachorro que comeu ovelha.

  2. Muito boa a explanação do deputado, mas como presidente licenciado e candidato a vereador me dou o direito de apontar alguns pontos.
    Primeiro, o partido do deputado, não se colocou no pleito e nem abriu apoio direto a nenhum candidato, um partido com deputado estadual da região está isento até esse momento na eleição. Segundo, existem dois candidatos a vereador do partido do deputado disputando a eleição, justo, estão concorrendo em agremiações diferentes, e longe dos ideais do novo, mas trazendo suas raizes nas suas candidaturas. Um esta no partido de centro esquerda, mas liberal, o outro num de direita, que a priori seria o oposto dos ideais propostos pelos Novistas. Ao qual o deputado já referenciou.
    Pergunto ao deputado, depois das criticas a todos planos de governo criticados, se ele, já tivesse tomado decisão e apoiar um candidato, o mesmo não poderia ter auxiliado na composição destes planos, e estar efetivamente trabalhando por Santa Maria nessa eleição? Tenho maior respeito tanto pelo deputado, quanto seu partido, mas hoje me parece que o Novo está em cima do muro na cidade, assim como um presidente de um partido pretendente a ser ainda partido, que se coloca e emite pareceres mais da eleição americana do que a nossa tupiniquim. Dito isso, peço ao deputado, que abra seu voto a prefeito e demonstre dentre todos planos de governo qual ele entende ser o melhor para a cidade, e também demonstre onde os valores economizados pelos candidatos que economizam tanta verba pública, até de santinhos, onde ela não sendo usada, vai de fato parar?

    1. Faco suas as minhas palavras
      Primeiramente gosto muito do amigo diussepe e do partido novo mas gostaria muito d um posicionamento do deputado
      Meu voto será no cechin devido na minha opiniao alguem com bagagem administrativa e conhecimento mas confesso q gostaria d alguem com ideias novas modernas para uma santa maria do futuro coisa q nao vi em ninguem… espero ma prox eleicao o novo tenha alguma representatividade em santa maria

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