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Artigo. Com sua “passionalidade”, a mídia (grandona ou nem tanto) promove uma caça às bruxas

O autor, o advogado Antonio Baptista Gonçalves, usa o termo “passionalidade”. Talvez o mais correto fosse “sensacionalismo”. Qualquer dos dois, porém, explica bem a forma como a mídia (grandona ou nem tanto) trata de casos que resolve tratar como seus. Induz o receptor, seja ele ouvinte, leitor ou telespectador, ou todos, a uma verdadeira caça as bruxas.

 

De certa forma, e isso quem pensa é este nem sempre humilde repórter, o que a mídia quer, mesmo, é se ver “legitimada”. Isso até acontece, quando o que defende explicitamente acaba comprovado em sentença transitada em julgado. Mas, e quando isso não ocorrer? Aí, é mobilizar os departamentos jurídicos e pagar a indenização. Que não serve pra mais nada àqueles que já tiveram a vida destroçada.

 

A propósito da caça às bruxas, ou da “passionalidade” ou simplesmente do sensacionalismo, vale a pena ler o artigo, muito bem fundamentado, escrito pelo advogado Gonçalves. A seguir:

 

“Culpados da mídia – Passionalidade da imprensa gera caça as bruxas

 

O Brasil, lamentavelmente, tem se notabilizado pela prática de crimes não apenas violentos, mas, também, de elevada comoção nacional. Foi assim num passado recente com o assassinato dos pais de Suzane Von Richthofen e com o menino João Hélio. Agora, outro acontecimento grave, ainda não elucidado, mobiliza uma vez mais as pessoas: o assassinato da menina Isabella Nardoni.

 

Os três crimes citados têm requintes de crueldade sem precedentes. E os três ocasionaram reações distintas da sociedade: no caso Suzane, a opinião pública desejava mais a prisão da menina do que dos irmãos Cravinhos, afinal como uma filha pode matar os pais? Já no caso João Hélio se reacendeu o debate sobre a redução da maioridade penal. Por fim, no caso Isabella, os pais já foram presos e o sentimento de revolta por terem matado uma garotinha meiga e inocente é enorme.

 

Nesses casos, existe uma similitude que a população não percebeu, ao contrário fomentou: a mídia. O tratamento passional da notícia pela imprensa motiva a sociedade a uma caça às bruxas de forma deliberada, o que ocasiona um julgamento e condenação, antes mesmo da ação da Justiça.

 

Todavia, existe algo de errado nessa conduta? Ora, por incrível que pareça, no Brasil, existe uma determinação que todos são inocentes até que se prove o contrário: “Constituição Federal. Artigo 5°, LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

 

À primeira vista, a noticia fomentada, de forma passional, pela imprensa pode não produzir maiores danos, pois, os meios de comunicação têm plena liberdade de ação, aliás, conferida pela própria Constituição Federal: “Artigo 5°, IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

 

A imprensa, no anseio de prover uma solução à população, cria uma estratégia de fornecer a maior quantidade de detalhes possíveis para convencer o leitor, telespectador e o ouvinte de que o culpado, de fato, cometeu o crime. Foi assim com Suzane, Champinha, etc..

 

No entanto, existe um senão: quando a imprensa se manifesta e movimenta sua atenção para o suposto culpado, esse passa a figurar no imaginário da opinião pública como condenado e não mais como suspeito. Tal fato é visceralmente contra o devido processo legal e…”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra do artigo “Culpados da mídia – Passionalidade da imprensa gera caça as bruxas”, do advogado Antonio Baptista Gonçalves, na revista Consultor Jurídico.

 

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