O Rio Grande do fio do bigode – por Giuseppe Riesgo
“Mais 4 anos do tarifaço sobre nossa luz, nossa gasolina e telefone/internet”
Aqui no Rio Grande do sul é de outrora a palavra que era empenhada no “fio do bigode”. Lembro-me perfeitamente do meu pai dizer que uma palavra dada no fio do bigode era uma promessa de vida. Imutável. Inquebrantável. E isso, por um bom tempo, forjou a sociedade gaúcha que se fiava por essa premissa: a palavra do gaúcho era inalienável e, portanto, confiável de pleno. Uma promessa dada era um compromisso cumprido, custe o que custar, doa a quem doer.
Só que, infelizmente, de uns tempos para cá, o descompromisso com a palavra e o que fora prometido se espalhou pelo Rio Grande atingindo diretamente a nossa política e a forma de se eleger e governar por aqui. Das boas práticas republicanas e da relação de confiança que idealizou nossa política, ao que parece, não nos sobrou nada.
A facilidade com que governadores e demais políticos ignoram aquilo que fora prometido durante o período eleitoral espanta e, obviamente, depõe contra a própria política e a relação de confiança tão necessária para que a população se sinta efetivamente representada.
Relembro o tema, pois vivenciamos exatamente isso no atual tarifaço proposto pelo governo Eduardo Leite junto a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Há pouco mais de dois anos o atual governador se compromissava taxativamente, no período eleitoral, com o fim da majoração das alíquotas de ICMS após dois anos de execução do seu possível governo.
As palavras do governador, à época, eram bastante claras: o governo precisava de mais dois anos para reorganizar suas despesas e equalizar o orçamento e, após esse período, retomar a competitividade da economia gaúcha trazendo as alíquotas modais de ICMS, da conta de luz, do telefone, da gasolina para o patamar de 2015. Aparentava ser um compromisso no fio do bigode. Uma promessa que a população gaúcha mais uma vez confiou.
Só que, passados dois anos do atual governo, aquilo que era para ser provisório e que desde 2016 compromete a capacidade do Estado em competir e, assim, gerar emprego e renda, segue nos atormentando. Para piorar, o governo deseja estender por mais 4 anos o tarifaço sobre a nossa luz, a nossa gasolina e o nosso telefone/internet. Além de quebrar com seu compromisso junto aos gaúchos, o governo inverte a relação de servidão, colocando o povo a serviço do seu governo e não o contrário. Algo absolutamente inaceitável.
Milton Friedman, prêmio Nobel em Economia, afirmava que não havia nada mais permanente do que uma política temporária de governo. Qual é a dúvida que daqui há 4 anos o próximo governador solicitará o mesmo tipo de prorrogação e estabelecerá as mesmas desculpas para aumentar impostos e jogar a conta para os gaúchos pagarem?
A verdade é que passa da hora de confrontarmos aqueles políticos que apostam no caos para vender soluções pagas com os nossos impostos. Está mais do que na hora de exigirmos que o governo corte na própria carne e que encontre as soluções prometidas em sua campanha cumprindo, com o fio do bigode, suas promessas. Governos são eleitos para resolverem problemas e não para jogarem os mesmos nas costas da população gaúcha. O foco é na despesa, nunca no caixa do Estado. A servidão dos gaúchos à irresponsabilidade dos seus governantes está com os dias contados e começa a findar no dia 31 de dezembro de 2020 com a queda da majoração das alíquotas de ICMS. Chega de pagar a conta. Chega de mais impostos, governador.
(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.
Observação do editor: A imagem (sem autoria determinada) que ilustra esse artigo, é uma reprodução do site do Sindifiscal/MS (AQUI)
Fio de bigode, em certa medida, ainda existe no interior. Alás, em cidades pequenas ainda se cumprimenta com boa tarde e bom dia até os desconhecidos. Quando se passa por outro veiculo em estrada de chão é de lei cumprimentar. Solidariedade não é uma palavra bonita para satisfazer o ego e passar imagem de boa pessoa. Existem exceções? Obvio, como em todo lugar.
Anos atrás debati no twitter com um vereador de POA. Ele falava do cais Mauá, da ‘capital de todos os gauchos’. Argumentei que os problemas da capital são da capital, as cidades do interior têm os próprios. Tem gente que nasce, cresce e morre sem botar os pés em POA. Não é justo que paguem uma conta que não é deles.
Da mesma forma, Leite, o impostor, é um incompetente que vive de bem com a imprensa e cuida bem da imagem. O próximo governador tem que ter capacidade de gestão, não ter medo de dizer não, trabalhar mais e se preocupar menos com o próprio futuro politico.
Em tempo, deputado deveria se informar sobre o contexto histórico que levou a eleição de Margaret Thatcher.