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O Brasil de amanhã será a Espanha de hoje? – por Carlos Costabeber

Perguntei ao amigo espanhol que me visitava: “a Espanha conseguirá sair dessa difícil situação?”

A resposta me surpreendeu, apesar de quase óbvia:

“Se tivéssemos a nossa própria moeda, teríamos boas chances. Mas como estamos atrelados a uma moeda continental (Euro), o desafio será muito maior”.

Não é por nada que os empresários espanhóis estão querendo investir em países que ofereçam melhores perspectivas de negócios.

A  Espanha está passando por uma situação desesperadora, com a economia em recessão, desemprego crescente, retirada de depósitos bancários, endividamento público e privado insustentáveis, e perda da confiança dos investidores.

Mas o que levou esse país a chegar a esse ponto?

Fugindo do economês, e procurando ser bem objetivo: GASTARAM DEMAIS !

Com a entrada para a Comunidade Econômica Européia, ocorreu uma enxurrada de investimentos, principalmente para a modernização da infraestrutura do país.

Até aí, tudo bem!

O problema foi que essa grande oferta de CRÉDITO FÁCIL levou os espanhóis a “se atolarem em dívidas”.

Um bom (ou mau) exemplo aconteceu com a cidade de Barcelona, que foi “literalmente reconstruída” para a realização das Olimpiadas em 1992 (visitei a cidade antes e depois do evento).

E foi assim que as Regiões Autônomas passaram a abusar dessa abundância de crédito, investindo em obras não prioritárias. Foi o caso dos aeroportos; cada Região decidiu ter o seu aeroporto internacional, sem avaliar sobre a sua viabilidade.

Assim, hoje existem dois grandes aeroportos onde NUNCA pousou um avião sequer.

Outro exemplo são os presídios!

Segundo esse amigo, os presídios da “era Euro”, foram construídos oferecendo celas (com tv de tela plana) para cada dois apenados, ginásios de esportes, piscinas aquecidas, cinemas, bibliotecas. E até contou que, no último Natal, os presos fizeram um grande protesto, porque não havia camarão na ceia. Mesmo não sendo verdade, dá uma idéia do tamanho desses investimentos “sem retorno”.

Assim, as regiões autônomas têm uma divida conjunta de 150 bilhões de euros; um montante cada vez mais difícil de ser refinanciado, pois os juros bancários para esse tipo de empréstimo já superam 7% ao ano.

Já o DESEMPREGO atinge a casa dos 25% da população economicamente ativa; sendo que metade dos jovens não está conseguindo uma oportunidade de trabalho.

Para o Brasil, existem duas consequências:

A ruim é que a Espanha (e a Europa) está comprando menos produtos brasileiros;

Mas, por outro lado, estamos atraindo não só o capital dos investidores espanhóis, como também mão-de-obra altamente qualificada.

Torço para que esse maravilhoso país consiga sair o mas rápido possível dessa situação. Mas será uma missão que cobrará muito caro de cada espanhol. Um povo que está começando a pagar o preço por tanta irresponsabilidade.

Por fim, que fique uma lição para o Brasil. Se não houver uma correção de rumo, corremos o risco de sermos no futuro próximo o que a Espanha é hoje!

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