Na UTI. Brasil pode estar assistindo ao ocaso de seu mais velho cacique, Toninho Malvadeza
Antonio Carlos Magalhães, senador baiano do DEM, tem 79 anos e muitas lutas. A maioria, diga-se, pouco respeitosa com a democracia e muito em favor de seu grupo político (e econômico), com raízes fincadas em território baiano. Aliás, meio que arrancadas na última eleição, em que ACM e sua gente levaram uma surra nas urnas do petista Jaques Wagner.
Antonio Carlos tem dois apelidos, utilizados conforme a ocasião. Um, só mais raramente é dito, Toninho Ternura. Outro, muuuuito mais habitual, Toninho Malvadeza. O homem é (era?) capaz do impossível, desde que destruísse o adversário, aliás tratado como inimigo mortal. Que o digam tantos que sofreram em suas mãos, em nível regional e nacional.
Um verdadeiro cacique, donatário dos votos (quase sempre a cabresto) que conquistou aos borbotões no interior baiano. Na capital, Salvador, nem sempre era a mesma coisa. Ou quase nunca era. Mas o soteropolitano é minoria na província do axé. E por isso ACM mandou e desmandou.
Agora, não se pode dizer que Toninho esteja em forma. Além de perder o controle político do Estado, já não assusta tanto quem manda na política nacional. Até virou amigo pessoal, como se constatou na visita feita por Luiz Inácio Lula da Silva ao Incor, onde esteve internado alguns dias, em março. E que retribuiu, no palácio do Planalto, logo em seguida à alta hospitalar.
E o problema de saúde assusta seus parceiros (cada vez em número menor, ressalte-se, apesar da biografia. Ou em função dela). Na terça-feira, foi mais uma vez internado no Instituto do Coração, em São Paulo. E lá está, na Unidade de Terapia Intensiva. Segundo boletim médico, apresenta insuficiência cardíaca. E, embora esteja fazendo exames de avaliação física, tem consciência e se alimenta adequadamente, sendo desnecessário o uso de aparelhos.
O fato é que ACM pode escapar de mais essa dificuldade. Mas, de uma coisa poucos duvidam: o ocaso político chegou. E disso não há volta. Talvez ele tenha se dado conta. E, tal qual o Toninho Malvadeza, não está gostando nada, nada.
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