Por que plantar oliveiras? – Parte 2 – por Arno Werlang
Seguindo no tema, atendendo a pedidos, arrolo mais algumas razões para plantar oliveiras.
É sabido que a oliveira é árvore sagrada. Referências representativas existem no Velho Testamento: À tardinha a pomba voltou para ele, e eis no seu bico uma folha verde de oliveira; assim soube Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra (Gn. 8:11).
A oliveira é a primeira árvore referida após o dilúvio e a primeira a brotar depois que as águas baixaram no Monte Ararat, atual Turquia; por isso, é também reputada como a árvore mais forte entre todas. Uma parábola no livro dos juízes refere que as demais árvores pediram para que a oliveira reinasse sobre elas: Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei; e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós (Jz. 9:8).
O profeta Isaías acreditou: Plantarei no deserto o cedro, a acácia, a murta, e a oliveira; e porei ermo juntamente a faia, o almeiro e o buxo (Is. 41:19).
Mas muito antes destas citações bíblicas já se falava das oliveiras na Grécia antiga. Segundo a enciclopédia livre, durante as disputas pelas terras onde hoje se encontra a cidade de Atenas, Poseidon (Netuno para os Romanos), o deus dos terremotos, senhor do raio, teria com um golpe de seu tridente feito surgir um belo e forte cavalo. A deusa Atena então em resposta fez sair da terra uma oliveira capaz de produzir óleo para iluminar a noite e suavizar a dor dos feridos fornecendo alimento rico em sabor e energia.
Já do outro lado do Mediterrâneo, os italianos contam que Rômulo e Remo, descendentes dos deuses fundadores de Roma viram a luz do dia pela primeira vez sob os galhos de uma oliveira.
Por falar em Roma, cogita-se que as terras apropriadas ao cultivo das oliveiras teve relevância na expansão do império romano, porquanto o azeite de oliva representava à época muito mais do que significa hoje o petróleo, porque não servia apenas como combustível para a produção de energia, mas também como alimento, cosmético e remédio.
E a oliveira, sempre verde e formosa, produzindo deliciosos frutos assim se mantém viva até os nossos dias.
A árvore da oliveira é, também, uma das mais antigas sobre a terra. É impressionante pensar que existem oliveiras com mais de três mil anos de idade, testemunhas de uma história na qual seus frutos foram indispensáveis para a sobrevivência humana.
Depois de haver sido clicado ao lado de uma oliveira de mais de 1500 anos de idade no Horto das Oliveiras em Israel, e aguçado pela preciosidade histórica dessa árvore, resolvi estudar a viabilidade do seu plantio na nossa propriedade. Se a oliveira para produzir os antioxidantes (polifenóis) necessita de stress (solo fraco, pouca umidade e frio), Formigueiro, não poderia falhar, sem olvidar que o paralelo geográfico é o mesmo das maiores plantações do mundo.
A literatura informa que em 1560 os portugueses, nossos descobridores, habituados ao consumo do azeite em todas as suas formas, não apenas como alimento, mas também para a iluminação de suas casas, tentaram plantar oliveiras. Sem sucesso, porém, ou porque as variedades não eram apropriadas, ou porque o solo e clima não se prestaram ao seu cultivo, ou, talvez, porque não era conveniente criar concorrência.
Mais tarde, no século XX, houve um incentivo oficial para o plantio de oliveiras no Brasil com o fim de produzir azeite. Ilustres personagens aproveitaram-se destes recursos públicos no Rio Grande do Sul anunciando extensas plantações. Ainda que não nas quantidades noticiadas, encontram-se vestígios de árvores centenárias e que hoje são comercializadas para ornamentação.
Com mais estas informações terei acertado plantar oliveiras?
*Arno Werlang é desembargador aposentado. Durante 40 anos desempenhou a magistratura. Também, entre outras atividades, exerceu a docência na Universidade Federal de Santa Maria e na Escola Superior da Magistratura. Hoje se dedica à advocacia e olivicultura e colabora regularmente com o www.claudemirpereira.com.br.
Releia a primeira parte de Por que plantar oliveiras?
Muito bom!