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REGIÃO. UFSM lidera projeto que busca promover desenvolvimento com a produção de ovos coloniais

Proposta será lançada quarta e reúne 12 produtores de 8 municípios da região

Projeto de Extensão da UFSM, que será apresentado na próxima quarta, tem foco na criação de aves livres de gaiolas (Foto Divulgação)

Da Agência de Notícias da UFSM

Uma iniciativa que busca fomentar o desenvolvimento regional por meio da produção de ovos coloniais será lançada na próxima quarta-feira (3). Trata-se do projeto de extensão da UFSM “Ovos Coloniais da Região Central – Galinhas Livres de Gaiolas”, que será apresentado em uma live às 14h, pelo LINK. Na ocasião, também haverá a cerimônia virtual de entrega do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) ao Entreposto de Ovos do Colégio Politécnico da UFSM. 

A ideia do projeto surgiu a partir de uma carência local. Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Santa Maria, consome-se em média, por ano, 10.036 toneladas de ovos no município, das quais 8.991 não são produzidas na região: foram compradas de fora mais de 14,9 milhões de dúzias para atender à demanda local, sendo boa parte de locais a mais de 250 km, fora do Rio Grande do Sul.

Não é apenas a distância que chama a atenção. Os ovos, em sua maioria, são produzidos em granjas industriais. São as chamadas “indústrias de ovos”, onde se utilizam insumos e técnicas industriais para intensificar a produção – antibióticos, coccidiostáticos, estabilizantes, ração com matéria-prima desconhecida, além de corantes sintéticos para intensificar a cor da gema do ovo. O objetivo é que a galinha produza sempre mais, e ela acaba ficando restrita a um pequeno espaço exclusivo para alimentação e postura. Nesses locais, os animais deixam de expressar suas características fisiológicas e comportamentais e sofrem com estresse, alimentam-se sem parar e produzem o máximo de ovos que sua capacidade genética permite.

Durante a Polifeira do Agricultor, projeto de extensão realizado pelo Colégio Politécnico, agricultores e integrantes do projeto observaram uma grande procura dos consumidores por ovos coloniais, já que costumeiramente são comercializados por agricultores familiares, com aves criadas livres e alimentando-se de forma natural – uma condição de bem-estar animal.

No entanto, esses ovos locais não estavam passando pela inspeção devida, ou seja, não estava eliminado um risco sanitário, o que impossibilitava sua venda na Polifeira. Os consumidores acabavam frustrados, mas notou-se aí uma oportunidade para o desenvolvimento de ações que atendessem a este mercado e gerassem trabalho e renda para os agricultores familiares. Em tempos de dificuldades econômicas no setor, nos quais muitos acabam paulatinamente empurrados para fora das atividades, várias instituições tomaram o desafio de elaborar e implementar projetos e ações em prol do desenvolvimento local, em conjunto com iniciativas que já estavam sendo pensadas.

O início das ações

Em 2017, estudos de viabilidade econômica realizados por um estagiário do curso de Agronomia da UFSM apontaram a produção de ovos como uma atividade que poderia ser fomentada pela Cooperativa de Produção e Desenvolvimento Rural dos Agricultores Familiares de Santa Maria (Coopercedro). Da mesma forma, havia uma preocupação com o trabalho e a ocupação da mulher no meio rural, buscando possibilidades de envolvê-las em uma atividades com geração de renda. Conjuntamente com a Granja Quarta Colônia, de Arroio Grande, criava-se o primeiro entreposto de Santa Maria, como forma de viabilizar a inspeção sanitária e a embalagem dos ovos coloniais, o que facilitava e motivava o processo para os agricultores.

Somando-se a essas ações, estava em atividade na UFSM o projeto Polifeira do Agricultor, que busca aproximar agricultores de seus consumidores, além de atuar em processos visando facilitar a organização produtiva do território da Região Central. Ao constatar-se que muitos produtores de ovos coloniais não conseguiam realizar a devida inspeção em sua produção, o projeto Polifeira promoveu uma parceria com o Serviço de Inspeção Municipal de Santa Maria. Em parceria com a chefe do SIM, Lidiane Vieira Machado, foram realizadas visitas à Embrapa Clima Temperado, a Canguçu, Morro Redondo e Cachoeira do Sul, buscando-se suporte técnico e qualificação para o projeto.

Embora com origens diferentes, Polifeira do Agricultor e Coopercedro começaram a se unir, em 2020, na organização e articulação de ações em torno da produção de ovos coloniais de galinhas livres de gaiola e com acesso a piquetes, somando forças em prol do desenvolvimento da produção local de ovos. É nesse contexto que nasceu o projeto de produção de ovos coloniais na Região Central, para dar guarida a um grupo de agricultores que se qualificaram em avicultura colonial e para viabilizar os processos relacionados ao desenvolvimento de sistemas de produção de ovos coloniais.

Existem hoje, ligadas ao projeto, três unidades de inspeção de ovos coloniais na Região Central, sendo duas na forma de entreposto (Entreposto de Ovos Granja Quarta Colônia e, em breve, o Entreposto de Ovos do Colégio Politécnico da UFSM, que ficará nos fundos do Colégio Politécnico e deverá entrar em funcionamento na primeira quinzena de fevereiro) e a Casa do Ovo Agudense, em Agudo. A Casa do Ovo somente recebe ovos da própria granja produtora, enquanto os entrepostos podem receber ovos de diferentes granjas, desde sejam registradas na Inspetoria Veterinária…

O projeto já envolve 12 produtores de oito municípios (Jari, Dilermando de Aguiar, Santa Maria, Restinga Seca, Formigueiro, Faxinal do Soturno, Itaara e São João do Polêsine), com um total de 9.300 aves. Alguns produtores já estão com produção e comercializando e outros ainda não alojaram os animais, mas todos se dispõem a produzir aves em condições de produção livres de gaiolas e com acesso a espaços de pastoreio (piquetes). Nesses espaços, os animais podem ciscar, caçar insetos, isto é, expressar características naturais…”

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