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Vou continuar fingindo que não sei de nada – por Márcio Grings

Por um segundo achei que tudo tava perdido. Daí eu encontrei algo que me iludiu por mais alguns instantes. Reluz & eu sei, não passa de ouro de araque. Por minutos tive a sensação de que nada mais vale a pena. Busquei alívio no histórico dos meus próprios enganos. Por horas eu perdi o sono enquanto tentava em vão decifrar imagens sobrevoantes na minha cama. Entendi que desenhos invisíveis ganham visibilidade apenas dentro de cabeças ocas ou cheias de sonhos & expectativas.

Por dias tentei desatar os nós que atravancavam tudo no meu caminho. Então, coloquei no olho da rua toda minha folha de pagamento. Não antes de dar um pontapé na bunda dos erros que parei de cometer. A culpa é um carrapato que sonha em ser vampiro. Vi sangue nos lençóis, mas ninguém encontrou o bicho.

marcioDepressão de 1929 em 2015. Rolando escada abaixo, curti de camarote a queda da bolsa de uma mulher desconhecida. Boca pintada e sorriso de marshmallow. Há algumas semanas virei o jogo sem que o placar final alterasse. Conclusão: não acredite em tudo que você lê ou saque uma lupa para decifrar as letras miúdas. Tem meses & nada mudou. Construí um mundo particular invencível que ainda não foi descoberto pela humanidade. Você sabe que a multidão acredita apenas no que foi publicado. É triste.

Faz um semestre tive a sacada de parar com a autossabotagem antes que o jipe capotasse. Não adiantou. Minhas orações ecoaram no vazio ou o destinatário ainda não ouviu o meu recado. ‘Tá pra mais de um ano a última vez que varri o lixo pra debaixo do tapete. Aí descobri que não dá pra limpar apenas onde o vigário passa. Por mais que tudo esteja limpo frente aos seus olhos, a sujeira permanece impermeabilizada de cerdas assépticas. Acredite ou não, em contrapartida – declaro-me inocente & purificado.

Alguém pode me libertar dessas algemas?

Meia década pra entender & só agora a droga da ficha tilintou no Jukebox. Só que “Moolight Mile” não tocou. Anticlímax & silêncio mortal. Anos & anos & anos e ainda me pergunto quem sou – de onde vim e pra que raios de lugar eu vou. Sem respostas, nunca vou ouvi-las. Muitas perguntas, ninguém pra respondê-las.

Eu sou um fantasma de um milhão de anos, por isso, vou apenas continuar fingindo que não sei da nada. Por isso, não vou morder a maçã. Por isso, não quero abrir os olhos ou ligar o interruptor. Por isso, o Clube dos Cinco agora virou território de apenas um.

Novamente vou arar a terra e abrir uma pendenga com as formigas. Que vença o mais forte!

O gongo soa.

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