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A Hora H – Por Orlando Fonseca

Saiba o que são o Relógio do Juízo Final e o Boletim dos Cientistas Atômicos

Depois de um ano pandêmico, o Relógio do Juízo Final poderia marcar a hora do Apocalipse pela explosão do Coronavírus, a única bomba biológica que balançou o coreto até hoje. Porém, sabemos que o Boletim de Cientistas Atômicos não leva em conta vírus ou outros microrganismos; eles fazem seus cálculos, prioritariamente, em razão do átomo, e o resultado desastroso, hecatômbico mesmo, de sua fusão (ou fissão).

Temos uma pálida ideia do que é possível, com o fatídico experimento americano, o qual pôs fim à Segunda Guerra: tudo o que restou de Hiroshima e Nagasaki é o que pode ficar do planeta Terra, se as superpotências inventarem de se enfezar. Claro, eles ainda levam em consideração ameaças com as mudanças climáticas e guerra cibernética.

No entanto, os cientistas informaram, semana passada, que os ponteiros ainda permanecem nos 100 segundos para a meia-noite (a tal da hora H para a humanidade), a despeito do pandemônio produzido pelo SARS-CoV-2. Ufa!

Um dos motivos, inclusive, para esta notícia alvissareira(?) foi a posse de Biden. Não foi nem sua eleição, pois, como também sabemos, o sistema eleitoral americano tem suas peculiaridades, e com um presidente derrotado tal qual o Trump, todo tipo de bizarrice seria possível (aliás, como ele e seus aficionados tentaram).

Tudo bem, com Biden e Kamala no governo da maior potência do Planeta, os acordos bilaterais podem transcorrer com maior tranquilidade. Isso significa que os aparatos atômicos podem ficar quietinhos em seus arsenais, para não perturbar o sono da humanidade, nem apressar o Acerto de Contas final.

A bem da verdade, persistem ainda as emissões de CO2, a destruição de florestas e as atitudes suspeitas de hackers metidos em bunkers cibernéticos da Web Profunda. Contudo, por enquanto, os malucos que governam o mundo não darem corda no tal Relógio significa que ele vai ficar em “stand by” por mais um tempo.

Como mencionei no início, pelo que estamos vendo, é forte a impressão de que não seriam as superpotências a acelerar os ponteiros, mas um supervírus, o qual não dá mostras de que vai se entregar assim no mais. Não é à toa que o ministro da saúde, em nosso país, anunciou uma vacina para a hora H do dia D. Na verdade, muito mais para não ter de dizer a verdade, que tanto poderia significar a dimensão do inimigo, quanto denunciar a falta de providências devidas.

Grande parte dos brasileiros, ao menos os mais atentos, sentiram-se aliviados por não se tratar de uma guerra militar, com um exército inimigo, soldados aparelhados com canhões e metralhadoras. Porque, já imaginou, quantas baixas por falta de munição? A julgar pela expertise em logística, considerando o caos que reina em Manaus, pela falta de oxigênio, com o perdão do trocadilho, é de perder o fôlego.

Embora pareça coisa de ficção, o Boletim de Cientistas Atômicos é uma instituição séria. Trata-se de um relógio simbólico mantido desde 1947 pelo comitê de diretores do Bulletin of the Atomic Scientists da Universidade de Chicago. Os cientistas não deixaram de mencionar a Covid-19, a qual não apenas matou milhões de pessoas, mas também mostrou o enorme despreparo dos governos para lidar com as emergências globais.

Entretanto, esses pontos negativos, os quais poderiam justificar um ajuste no relógio, tiveram atenuantes, “alguns lampejos de esperança nos últimos meses fizeram manter o dispositivo na mesma marcação”. Bom, sabemos então que a hora H está congelada, e que o dia D, se não depender da logística do ministério da saúde, pelo menos não vai se dar ainda neste ano.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

Observação do EditorA foto que ilustra este texto é uma reprodução da internet.

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4 Comentários

  1. Em um pretenso eruditismo citar este ou aquele é fácil em tempos de internet! Agora atacar um estado e a religião de seus cidadãos é no mínimo esquisito. O que uma coisa tem a ver com outra? A religiões de Matriz Africana estão por todo o continente e o preconceito é vedado pela Constituição! Credo, etnia, orientação sexual, gênero não tem nada a ver com política ou ideologia. Entenda ou aceite. E guarde suas opiniões para si. É feio atacar o que não entende. Talvez um pouco de estudo ensine a alguns que aquilo que lhe traz ojeriza não é seu é dos outros e não precisa fazer parte!

  2. Para quem não ficou sabendo, já rola pré-carnaval por aí. Fala a lenda que numa entrevista um reporte perguntou a Mussolini se era muito difícil governar os italianos. Resposta: ‘governar um povo individualista e anárquico como os italianos não é difícil, é inútil’.

  3. Biden ou Trump, não interessa, qualquer um que fosse eleito, trataria do que na concepção deles seja do melhor interesse dos americanos. Alás, muito estranho, quer descarbonatar a economia ianque, mas era apoiado pelos Bush.
    Ministro da saúde não ficará sabendo da critica e nem das eventuais defesas. Pundits de aldeias obscuras tendem a não ter importância. Alás, general veio da intendência, tem uma onça e um brevet paraquedista com borda amarelo dourado. Como diz um ex-professor meu, ‘maravilha é trabalhar na Bahia, maioria traz uma guia no pescoço e por ali já se tem uma pista da personalidade da pessoa’. Sujeito era capitão de corveta, largou a farda e foi para a iniciativa privada. Pessoal da Marinha é melhor articulado, mas o pessoal verde-oliva já trabalha nisto.

  4. Relógio do Juízo Final é uma tremenda bobagem. Primeiro porque cientistas atômicos entendem/tem formação em física nuclear, não ciência politica. O relógio só serve para dar um ‘ar cientifico’ para algo totalmente subjetivo. Segundo aspecto: os cientistas não tem acesso a informações mais detalhadas ou melhores do que a plebe rude, ou seja, só tomam conhecimento do a grande maioria fica sabendo.
    Nos States utiliza-se o termo ‘pundit’. Termo vem do sânscrito, um erudito que aconselha o rei. Na mídia é o ‘esperto’ que oferece opinião aos canais sobre determinado assunto. Alguém pesquisou a precisão de diversas figuras. Philip Tetlock pesquisou o assunto e concluiu que os ‘espertos’ estão certos um terço das vezes que opinam. Paper ‘ Are Talking Heads Blowing Hot Air?’, Hamilton College, concluiu (grossomodo) que os pundits não são mais precisos do que um cara ou coroa.

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