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Por que Bolsonaro ofende a mãe alheia e manda a imprensa “tomar no rabo”? – Por Carlos Wagner

‘Não há conteúdo em suas falas. Só distração, usando xingamentos e palavrões’

Um dia o presidente Jair Bolsonaro vai ter que explicar os mais de 250 mil brasileiros mortos pela Covid-19 (Foto Reprodução)

Aprendi, sem querer, um truque para despertar a atenção de uma plateia que assiste a uma palestra noturna depois de acordar cedo e trabalhar durante todo o dia. Sempre tive muitos encontros com estudantes de jornalismo e repórteres pelas redações do interior do Brasil. Nessas conversas, por mais relevante que fosse o assunto, uma hora o sono chegava. E quando isso acontecia, o que eu fazia para manter o público atento? Contava pequenas histórias que tinham no seu conteúdo um palavrão e uma situação engraçada.

É como jogar um balde de água fria numa pessoa sonolenta. Aprendi também que com esse público o que mais funciona é dar logo o recado inicial, contar a história com o palavrão e depois inverter a conversa. O palestrante começa a perguntar para a plateia. Muitas vezes me aconteceu de palestrar durante muito mais tempo do que o previsto e ainda no final rolar uma conversa no boteco. Não sou um palestrante profissional. Sou um velho repórter estradeiro que tem muitas histórias para contar. Vamos à conversa de hoje, sem truques. Vamos aos fatos.

Por que fiz esse nariz de cera? É simples. Nesses dois anos de governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aprendemos que ele tem um dom natural de chamar a atenção para a sua conversa. Lembram a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG), em 2016? Ele era deputado federal pelo Rio de Janeiro, e na hora de dar o seu voto homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o militar que torturou Dilma nos porões da Ditadura Militar (1964 a 1985).

Ninguém lembra o que os outros deputados falaram, mas o que ele disse todos recordam. Logo no início do ano, a imprensa publicou uma compra escandalosa de alguns milhões de picanha, leite condensado, chicletes, vinhos e uísques 12 anos pelas Forças Armadas. Durante um almoço em uma churrascaria em Brasília (DF), o presidente disse que o leite condensado era para a imprensa enfiar no rabo. No início da primeira semana de março, Bolsonaro afirmou que estava sendo pressionado a comprar vacinas contra a Covid-19. E ofendeu a mãe de quem o está pressionando.

O presidente Bolsonaro não tem conteúdo nas suas falas. Só distração, usando xingamentos e palavrões. Até agora o legado do governo é um monte de palavrões e um desempenho administrativo que beira à tragédia. O sonho do choque de neoliberalismo na economia prometido pelo ministro Paulo Guedes, o Posto Ipiranga, se revelou um amontoado de ideias mal organizadas.

É trágico o desempenho do general da ativa do Exército Eduardo Pazuello como titular do Ministério da Saúde. Ele transformou o negacionismo do presidente da República em relação ao poder de contágio e a letalidade da Covid-19 em política de governo.

O resultado: 250 mil mortes, centenas de milhares de contaminados, colapso no sistema de saúde público e privado em 12 capitais, incluindo Porto Alegre (RS). E a joia da coroa: o Brasil se transformou em um berçário de mutações da Covid-19 que estão ameaçando o mundo.

Qual o destino do governo Bolsonaro? Seja lá qual for, o certo é que seu legado serão os palavrões e as ofensas. O que restou é uma montanha de escombros que os futuros governos vão levar alguns anos para arrumar.

Lembro-me que logo nos primeiros meses da pandemia o presidente da República elegeu o vírus como seu adversário político. E concentrou todas as suas forças para combatê-lo. Muito bem. O presidente foi derrotado. Inclusive quando lhe ofereceram a bala de prata, a vacina, para conter a expansão do vírus, ele virou as costas. Por quê? Ninguém sabe.

Os meus colegas comentaristas políticos dizem que foi uma estratégia para ficar no centro das atenções. Conversei sobre o assunto com meus colegas que fazem cobertura de assuntos policiais, eles costumam ter uma visão muito prática das coisas porque no mundo deles “ou tu é bandido ou é mocinho”. Um velho repórter descreveu o presidente: “Ele é cabeça de lata”.

É assim que se diz de uma pessoa que não tem ideias próprias. Alerto os meus colegas, em especial os jovens que estão na cobertura do dia a dia, que desde que Bolsonaro tomou posse nós procuramos nas entrelinhas das suas falas pistas que nos levem a entender o que exatamente ele pretende.

Até agora a única coisa que temos certeza é que ele usa os seus filhos parlamentares, Carlos, vereador do Rio, Flávio, senador do Rio de Janeiro, e Eduardo, deputado federal por São Paulo, para falar por ele. E que o único projeto de governo que ele tem é proteger a sua família.

O certo é o seguinte. O presidente Bolsonaro nunca teve um emprego tão gratificante como o atual. A ideia que se tem é que ele vive intensamente cada dia como se fosse o último. Pouco interessa o que acontece ao seu redor. A soma de fatores que o elegeram, como a Lava Jato, não existe mais. O que vem pela frente é desconhecido para ele. Mas há uma certeza, pelos menos é o que se deduz das suas falas: seja lá o que for, vai ser recebido com palavrões.

Se não tivesse acontecido a epidemia, Bolsonaro iria para a história do Brasil como uma pessoa exótica que foi presidente da República, a exemplo de Jânio Quadros, que renunciou ao cargo seis meses depois de tomar posse, em agosto de 1961. A diferença é que Jânio passou para a história só como exótico. Bolsonaro tem uma pilha de 250 mil cadáveres de brasileiros mortos pela Covid-19 para explicar.

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(*) O texto acima, reproduzido com autorização do autor, foi publicado originalmente no blog “Histórias Mal Contadas”, do jornalista Carlos Wagner.

SOBRE O AUTOR:  Carlos Wagner é repórter, graduado em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, pela UFRGS. Trabalhou como repórter investigativo no jornal Zero Hora de 1983 a 2014. Recebeu 38 prêmios de Jornalismo, entre eles, sete Prêmios Esso regionais. Tem 17 livros publicados, como “País Bandido”. Aos 67 anos, foi homenageado no 12º encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017, SP.

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