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SAÚDE. Testagem em massa teria evitado escola e comércio fechados, declaram dois epidemiologistas

Professores Marcos Lobato e Fernando barros analisam situação da pandemia

UFSM teve uma participação importante na realização de testes para detectar o novo coronavírus (Foto Divulgação UFSM/Arquivo)

Da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / Por Fritz R. Nunes

Testar massivamente e isolar as pessoas com o vírus (Covid-19) seria a melhor medida e poderia evitar fechamento de escolas e comércio, diz o médico epidemiologista e professor da UFSM, Marcos Lobato. Da mesma forma pensa o também epidemiologista, professor das Universidades Federal de Pelotas (UFPel) e Católica de Pelotas (UCPel), Fernando Barros. Para ele, que atuou junto com o professor (ex-reitor) da UFPel, Pedro Hallal, na pesquisa sobre a prevalência do coronavírus (Epicovid)o Brasil nunca investiu na testagem com PCR na intensidade que seria necessário para identificar e isolar casos e contactantes. E essa, diz Barros, continua sendo uma medida central na prevenção da doença.

E, por que, um ano depois de iniciada a pandemia, a testagem segue não sendo massiva? Na ótica de Marcos Lobato, mesmo com o esforço das universidades, de suas comunidades internas, que passaram a trabalhar no desenvolvimento de testes, não houve investimento suficiente por parte do governo em ciência e tecnologia. Aliás, segundo ele, o que tem havido é o “desfinanciamento” do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, aponta o professor da UFSM, há dificuldade de insumos para os testes. “O Brasil não investiu na capacidade de produzir insumos e isso só piorou nos últimos anos”, frisa Lobato.

Vacinação

Há um consenso de que a vacinação em nosso país está muito aquém do necessário, anda a passos lentos. Entretanto, como fazer para acelerar esse processo? Fernando Barros avalia que o Brasil precisa comprar vacinas. “Não comprou em 2020, quando ainda era possível ter mais liberdade de escolha. Agora, com o mercado muito fechado, vai ser difícil. São 160 milhões de pessoas com 18 anos ou mais para serem vacinadas, e quase todas as vacinas exigem duas doses”, destaca o docente da UFPel.

Na visão de Marcos Lobato, está difícil encontrar uma saída para a escassez de vacinas. Contudo, enfatiza, a prioridade é adquirir vacinas e, segundo ele, o Ministério da Saúde deve “voltar a cumprir suas responsabilidades como gestor do programa nacional de imunizações, como sempre foi”. O epidemiologista avalia que a falta de uma coordenação nacional nesse processo afeta muito negativamente a efetividade da vacinação.

Distanciamento controlado

O governo do Rio Grande do Sul, no início da pandemia, em março de 2020, desenvolveu um modelo considerado, à época, inovador, para reduzir a velocidade de disseminação do novo coronavírus: o distanciamento controlado, que usa um sistema de bandeiras (amarela, laranja, vermelha e preta) conforme a gravidade de cada região. O modelo que, inicialmente pareceu dar certo, tendo sido elogiado em nível nacional, aos poucos foi abrandado. Três semanas atrás, em vias de colapsar o sistema hospitalar gaúcho, o governador Eduardo Leite (PSDB) retirou poder dos municípios e apertou as restrições, colocando todo o estado em bandeira preta, deixando apenas os serviços essenciais funcionando.

Diante do recorde diário de casos de Covid e também do aumento expressivo de mortes a cada dia, a pergunta que todos fazem é: essas medidas restritivas serão suficientes e eficazes para conter o avanço da pandemia? Para o médico e professor da UFPel, Fernando Barros, o modelo de distanciamento controlado tem funcionado de “forma relativa”, concordando, de certa forma, com a opinião do médico e professor Alexandre Zavascki (UFRGS), que em DEPOIMENTO à Sedufsm, afirmou que esse modelo está “defasado”. Para Barros, “nesta fase exacerbada da pandemia, medidas mais restritivas vão ser necessárias”.

Já o professor da UFSM, Marcos Lobato, lança um outro olhar sobre a questão. Para ele, o modelo precisa de apoio da sociedade, que, por sua vez, diante do esvaziamento de suas atividades laborais, precisa do suporte estatal para sobreviver. “Medidas como essa do distanciamento controlado podem ser efetivas quando existe colaboração das pessoas e desde que existam condições para as pessoas se isolarem”, sublinha Lobato. E explica: “colaboração das pessoas significa respeitar as necessidades de distanciamento, uso de máscara., etc., e o respeito a normas da bandeira como um sinalizador de quando, com consciência e responsabilidade, todos assumem uma postura, um comportamento cuidadoso. E quem não cumpre é punido”.

Fora de controle?

Diante do quadro assustador da pandemia no Brasil, com o sistema hospitalar de vários estados chegando perto do colapso, é possível afirmar que há um descontrole sobre a disseminação do vírus? O professor Fernando Barros não chega a qualificar como um descontrole, mas assevera o nível de gravidade…”

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3 Comentários

  1. Testagem em massa teria? Não se sabe. Não é falsificável. Lembra imprensa esportiva. Jornalista fala ‘se escalarem o time assim e assado ganha’. Escalação diferente e resultado definem o que vem depois. ‘Time perdeu porque escalaram cozido e frito’. Agora se o time ganha com cozido e frito ficam calados.
    Resumo da ópera: teoria do multiverso é lá na física. E nas histórias em quadrinhos.

  2. Economistas criaram um modelo de distanciamento controlado tomando como base uma tese de doutorado em andamento no RJ tratando (grosso modo) risco nos ambientes de trabalho. Pressão politica gerou a cogestão, Pôncio Pilatos acharia muito correto.
    Entraram numa de ‘ondas’ (curva é mais uma montanha russa), acharam que estava tudo sob controle. Deu no que deu.
    Seria proveitosa uma reunião dos representantes dos setores econômicos atingidos com os doutores que defendem medidas mais restritivas. Ficar mandando recado pela imprensa é fácil, escutar seria muito didático.
    Resumo da ópera é simples, muita gente ignora as medidas, não existe um fiscal para cada pessoa e os recursos para suporte estatal não são ilimitados. Servidores públicos poderiam abrir mão de metade do salário para este fim. Que tal? Prefeito de Criciuma foi mais longe, lockdown sem salário para os servidores.

  3. Pedro Hallal é o professor de educação física que manda carta para a Lancet criticando o governo (com todo o direito) e como argumento apresenta uma regra de três com médias. Muita risada!
    Desculpa do serviço público é sempre falta de investimento. E falta de gente. Para qualquer problema.
    Macron, casado com um mulher linda e maravilhosa, afirmou que a vacina da Oxford não teria efeito para pessoas acima de 65 anos. Janeiro. Programa de vacinação francês fazendo água, discurso mudou. Franceses são desconfiados de vacinas (e não gostam de tomar banho), agora se conseguirem as doses vai ser difícil empurrar para a população.

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