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Viva a ciência, viva o SUS, viva a vacina! – por Michael Almeida Di Giacomo

Já tem aquela deputada, contra os idosos, que fala em “hora de escolher”

Desde o início da vacinação em pessoas dos grupos prioritários, as redes sociais têm nos alimentado com imagens de muitos idosos que são levados por seus filhos e filhas para receber o imunizante.

A cada nova postagem é possível perceber a contagiante felicidade dos idosos e a alegria de seus familiares em, finalmente, ter chegado o momento de ir ao local de vacinação e reforçar a esperança de que em breve poderão conviver normalmente.

Eis que na última semana, dia 24, chegou a vez da minha mãe ser vacinada. Dona Inêz, uma senhora de 70 anos, pertencente a grupos de risco e que está em isolamento social desde a segunda quinzena de março de 2020, tendo pouco contato com o mundo externo, a fim de preservar seu bem-estar da mesma forma que muitos outros idosos.

E o dia 24 foi emblemático, pois foi quando o maior número de pessoas, até então, seria atendido nos locais de vacinação. A organização para recebê-los, portanto, exigia um planejamento adequado a grande demanda.

E é essa experiência que quero registrar. Pois, além do fato de receber o imunizante, as pessoas, em especial idosas, também esperam receber um tratamento digno, sem atropelos ou ambientes inóspitos.

No nosso caso, o local escolhido foi o Colégio Marista Santa Maria, na rua Floriano Peixoto. A vacinação estava prevista para iniciar às 8 h. Eu decidi ir mais cedo, a fim de pegar uma ficha de atendimento e aguardar que minha mãe chegasse perto das 7h30.

Às 6h saí de casa e me dirigi ao colégio Marista. Logo ao chegar avistei um pequeno grupo de pessoas na entrada. Confesso que achei estranho, pois imaginava que teria uma fila maior.

Porém, o que ocorria é que um funcionário estava organizando a entrada e distribuindo uma ficha a cada pessoa. Em seguida fomos direcionados para o interior da escola. E lá vi que já havia perto de duzentas pessoas devidamente acomodadas.  Isso me levou a constatar que esses funcionários devem ter chegado muito cedo na escola.

Por volta das 7h30, um dos funcionários fez uso do microfone para informar como seria o procedimento para atender às pessoas. Nesse momento minha mãe já estava presente.

De forma muito didática explicou que seriam chamadas uma a uma para que realizassem o seu cadastro e, em seguida, fossem encaminhas à sala de vacinação. Cada idoso poderia ser acompanhado por um familiar, e era importante cuidar para não haver aglomerações em volta das mesas.

Pois bem, aguardamos.

E o surpreendente é que às 7h45, foi dado início ao procedimento de vacinação. Ou seja, 15 minutos antes do horário previsto. Era um processo muito célere. Se não estou enganado, era 8h20 e já havia perto de cem pessoas, talvez um pouco mais, vacinadas.

O procedimento era simples e rápido. A pessoa ia à mesa de cadastro e em seguida era direcionada à vacinação. Tudo em um trajeto de fluxo contínuo que a levava em direção à saída da escola.

No ambiente de vacinação havia uns quatro profissionais de saúde à espera. Quando a pessoa chegava era recebida de forma atenciosa, aliás, termo que pode ser usado para demonstrar o atendimento de todos os demais colaboradores que estavam presentes. 

O profissional mostrava a seringa com o líquido imunizante para em seguida aplicá-lo. E ainda incentivava que as pessoas ficassem à vontade para registrar o momento com uma foto.

Eu achei importante fazer esse registro, pois à medida em que está diminuindo a faixa etária de pessoas a serem vacinadas, a logística para atender o público começa a exigir ainda mais planejamento e organização.

Acredito que até o momento às pessoas estão sendo tratadas com dignidade, em um ato que é muito importante e esperado por todos e todas. Ainda que os profissionais dispostos a atender, além da imensa dedicação e competência, externam um senso de humanidade ímpar.

Ao que parece, o atendimento se deu em grupos de 200 pessoas cada. No local estava prevista a aplicação de 800 doses naquela manhã. Ao sairmos foi possível verificar que havia uma enorme fila no lado de fora. Certamente as pessoas tiveram o mesmo atendimento.

Faço esse registro da minha experiência, após ter lido o tuite da deputada Janaina Paschoal (São Paulo) de que, devido ao agravamento da pandemia e a situação de lotação nos hospitais, “já estamos no momento de estabelecer claramente regras para priorizar o uso os recursos disponíveis…”.

E ainda deixou claro que é o momento de priorizar a vida das pessoas jovens em detrimento das pessoas de mais idade, ou, no caso, idosos.

Uma agente política, uma parlamentar, que deveria estar dedicando todo o esforço e estrutura de seu mandato para encontrar soluções para os gargalos que estamos a enfrentar, acaba por dar uma declaração de tamanha monstruosidade.

Que bom que temos governantes que pensam diferente e não cansam de trabalhar para salvar o máximo de vidas possíveis.

O modelo de vacinação de nossa cidade é um exemplo de como as pessoas, em especial, os idosos merecem e devem ser tratados.  Que siga assim!

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

Observação do Editor: a foto de vacinação, que ilustra este artigo, é de João Vilnei, da Assessoria de Imprensa da Prefeitura.

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Um Comentário

  1. Vacinação está andando, mas estamos longe de estar ‘fora do mato’. Ontem assisti entrevista de um conhecido infectologista americano na CBS. Perguntado sobre o aumento de casos na Europa em lugares com lockdown e nos EUA respondeu que é efeito da variante britânica do vírus. Aumento de 60% nas mortes na faixa etária acima de 60 anos. Em fevereiro a variante já estava presente em 8 estados brasileiros, 16 cidades. Nos EUA aconteceu um agravante, não priorizaram a vacinação por idade em muitos lugares, optaram por vacinar o maior numero de pessoas no menor intervalo de tempo. Logo existe muita gente acima de 60 anos sem vacina. Correram para o lado errado.

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