Por Fritz R. Nunes / Da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM
William Gama Leite ingressou na UFSM em 2018 no curso de Farmácia. O nome indígena dele é Krânípî, mas é mais conhecido como Willian Xakriabá, devido a sua origem, que é a etnia Xakriabá, de Minas Gerais, às margens do rio São Francisco. Estimulado a tecer considerações sobre o quanto a universidade é acessível, o estudante de 27 anos responde que “é acessível até certo ponto”. Para Willian, a acessibilidade não envolve somente o vestibular, o ingresso, mas também a permanência até a conclusão do curso.
Trocando em miúdos, ele ressalta que depois que ingressa na instituição, tem o dia a dia, as políticas públicas que dão condições ao aluno indígena seguir estudando, sem desistir, bem como a forma como são construídas as relações internas, com os professores, colegas. “Pensando no geral, acho que ainda tem que melhorar muito, passar por uma reestruturação na maneira de pensar a educação superior dos indígenas”, frisa Willian.
A presença de indígenas na UFSM é uma realidade desde 2009, conforme a Coordenadoria de Ações Educativas (CAEd), subdivisão de ações afirmativas, sociais, étnico-raciais e indígenas. O ingresso passou a se dar após a resolução 011 de 2007, que foi referendada como política pública a partir de 2012, com a definição do Ministério da Educação. De 2010 até 2018, segundo divulgamos na última sexta, 16, houve um crescimento de 695% da presença indígena nas universidades, conforme o Censo (publicado em 2020) da Educação Superior do Instituto de Pesquisas Anísio Teixeira (INEP), órgão ligado ao MEC.
Veja os números de ingressantes indígenas na UFSM de 2009 a 2020:
– Em 2009, 3 alunos; 2010, 3 alunos; 2011, 2 alunos; 2012, 4 alunos; 2013, 8 alunos; 2014, 14 alunos; 2015, 21 alunos; 2016, 19 alunos; 2017, 22 alunos; 2018, 22 alunos; 2019, 23 alunos; 2020, 25 alunos.
Mas, como diz o próprio Willian, não basta apenas o ingresso. É preciso o fortalecimento de políticas públicas que garantam a formação do estudante indígena do primeiro dia na instituição até o último dia. Ele está Santa Maria, na Casa do Estudante Indígena, desde o início da pandemia. Isso ocorreu em função da dificuldade de locomoção, já que mora bastante longe, e as passagens dele foram canceladas.
O preconceito sempre presente
O estudante de Farmácia também foi questionado se chegou a sofrer algum tipo de preconceito desde que ingressou na UFSM, há 3 anos. Willian responde que sim e comenta que isso tem a ver com uma “sociedade que ainda tem em mente que os indígenas sejam do estereótipo de 1.500 anos atrás”.
Willian cita alguns exemplos:
“Primeiro, quando perguntam se somos índios de verdade.
– Mas, você não tem cara de índio, você não tem cabelo liso, você usa roupa, tem celular, não mora em oca, mas está na faculdade, é por cotas?
Como se estar por cotas fosse um privilégio e nunca se perguntam se o genocídio é privilégio. Se nossa Resistência é privilégio, se os inúmeros desafios de estar fora do território e longe da família é privilégio”, ressalta…”
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