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O melhor da nossa juventude – por Michael Almeida Di Giacomo

O articulista e a relação (superpositiva) dos mais jovens para com a vacina

O encontro da vacina da Covid-19 pode ter significados distintos a cada pessoa ou segmento social. Por certo, a partir do depoimento de muitos cidadãos e cidadãs, que já receberam as duas doses, há um que pode ser conferido a todas as pessoas – provavelmente, a grande maioria -, que é o desejo de viver.

Eu fiquei bastante atento ao exemplo dado pelos jovens, adolescentes e pré-adolescentes no encontro dos locais de vacinação. E por uma razão muito óbvia, não há ninguém que tenha mais perspectivas de realizações em relação ao futuro – distante – do que os jovens.

Foi possível sentir a alegria e a energia da garotada, especialmente, porque a vacina significa a libertação de quem está há mais de um ano sob restrições sociais.

O raciocino é simples, nem por isso simplório.

O sentido da liberdade, desde o início dos tempos, é o principal valor perseguido pelo Ser humano. É bíblico. Ultrapassa séculos. Repousa nos escritos dos grandes literatos e a alimentar a alma de quem busca ser respeitado em sua dignidade.

E os jovens, em inúmeros momentos da história, formam a verdadeira vanguarda no encontro da liberdade dos indivíduos, dos povos, das nações. Enquanto o negacionista se entorpece com o kit cloroquina, o jovem reúne os amigos e vai em busca da vacina, da sua “liberdade”.

A “geração Z”, composta por quem nasceu depois do ano 2000, respeita a ciência, a diversidade, não aceita a intolerância. No seu universo único, sob um modo muito distinto, está a consolidar uma nova realidade para a humanidade.

É provável que muitos de nós – nascidos no século passado – não tenhamos a oportunidade de viver essa nova realidade de forma plena. Podemos até não sentir essas mudanças, mas elas estão acontecendo. É um mundo que repele fronteiras, idiomas únicos e totalitarismos.

Atualmente, em meio à sociedade, principalmente no meio acadêmico, a cada novo dia há inúmeras interrogações a surgir sobre as dificuldades da transição que ora vivenciamos – de uma era analógica para a era digital.

Como viver em um mundo sem privacidade, onde um algoritmo busca decifrar – ou até decidir – seu gosto musical, o tipo de roupa que a vestir, o carro que almeja comprar, o restaurante preferido?

Como restarão estabelecidas a relações laborais, consumeristas, contratuais, e o quanto a Inteligência Artificial irá realmente substituir espaços e funções materiais ocupados pelos seres humanos?

Esta nova realidade resta por mudar toda a forma de relacionamento humano, seja no ambiente estrutural da sociedade, seja nas relações interpessoais. E serão esses jovens que irão encontrar as respostas mais sólidas, os caminhos mais frutíferos.

Você pode até pensar, mas como irão encontrar respostas em um país com estruturas educacionais precárias; em uma sociedade na qual há pessoas comprando ossos de gado por 4 “pilas gaúchos” o quilo, a fim de poder fazer uma sopa para a família faminta…

Acreditando que essa gurizada, essa geração, pode fazer muito mais do que já foi feito em tempos pretéritos.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

Nota do Editor: a foto (sem autoria determinada) da jovem estudante é uma reprodução obtida na internet. Mais exatamente neste site: AQUI.

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4 Comentários

  1. Problema das relações de trabalho. Modelo atual foi construido como resposta a revolução industrial. Primeira e segunda se não me engano. Estamos na quarta. Marx escreveu o manifestm em 1848, quando saiu o primeiro volume d’O Capital já estava defasado. Mundo não fica parado. Relações de trabalho tem que ser repensadas, não podem ficar congeladas, caso contrário o resultado é desemprego. Mudando do saco pra mala, nova geração, dependente de uma tecnologia que não sabe como funciona, não será Cavalista. Kuakuakuakuakua!

  2. Privacidade, no sentido utilizado, nunca existiu. Se compro um carro (ou uma camisa, ou calça, ou calçado) quem vendeu sabe da transação (até no supermercado depois da utilização do CPF para monitorar arrecadação tributária). As informações somente nunca foram coletadas e sistematizadas antes por problemas tecnologicos. Gosto musical sempre foi, ao menos na média, definida pela industria fonográfica. DJ Marlboro é acusado de criar o ‘funk carioca’, adaptação do Miami Bass com influencias do funk tradicional, musica eletronica, etc. Lá pela decada de 80. Moda como tendencia data do século XIX em Paris. Carros? Modelo do mercado utilizado até hoje pode ser lido no livro ‘Meus anos na GM’ do Sloan, escrito na década de 50. Dois problemas, colocar a culpa de tudo no ‘algoritmo’ é um. Outro é o livre arbitrio, coletando informações bastante sobre um individuo (do latim individuus, antes que alguma nulidade reclame que não termina com ‘a’) é possivle prever-lhe o comportamento? E Influenciar-lhe o comportamento?

  3. ‘Negacionista’ é mais um rótulo. Ferramenta da esquerda para interditar o diálogo, o debate. Idéias ruins (apesar de abominar o platonismo exacerbado que anda por aí, o idealismo/romantismo alemão do século XIX) são combatidas com idéias melhores. Sem debate sobra o conflito e o tribalismo. Simples assim. Geração Z, rótulo utilizado na academia, midia e nos departamentos de marketing. Também uma maneira de definir o que é ‘normal’ e direcionar o comportamento da sociedade. Detalhe: principalmente no ocidente. Não leva em conta os 1,4 bilhão de chineses ou o 1,4 bilhão de indianos. Nacionalismo está em alta no planeta. Alás, India tem problemas de fronteira com a China (que declarou intenção de anexar Taiwan). Sem falar na Russia, Turquia e movimentos secessionistas renovados nos EUA. Não é necessário perder a calma, quanto mais os pollyannicos viverem numa realidade alternativa melhor. Sempre deu errado. Alás, por isto que paises totalitarios (e as Carta Capital da vida) não têm imprensa livre, a realidade alternativa torna mais fácil o controle da população.

  4. Problema da indução. Generalizações a partir de observações de casos particulares. O que se ve na aldeia não deve ser extrapolado por motivo simples, aldeia tem suas idiossincrasias. Imprensa? Não é confiável. ‘Vamos mostrar/entrevistar muitos jovens tomando vacina para incentivar a vacinação de jovens’. Outra: desejo de viver é meta individual. Obvio que muitos têm noção do coletivo, medida das motivações é desconhecida. Indução. ‘Netinho(a) fez isto e aquilo, não é bonito! Mundo será melhor!’. ‘Um amigo foi a SP e falou com um morador de rua que trabalha mas não tem dinheiro para ter moradia’ (até pode ser um truque, a informação exclusiva que só a pessoa tem, o amigo pode ser inventado ou pode estar mentindo, etc.). Finalmente, podem estar acertando na vacina, não significa que não irão cometer erros (coletiva ou individualmente), alguns importantes. O óbvio, uns são jovens há mais tempo, no minimo não desejavam um mundo ‘pior’ e, no entanto, basta olhar o estado atual de coisas no planeta.

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