Troca-troca. Parlamentares de oposição migram para siglas governistas. E isso acham natural
O Partido da República (novo nome da agremiação que une PL e Prona) é o maior beneficiário de uma migração com objetivos bem claros: ampliar a base do governo, sem inchar o PT, partido do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PR perdeu um parlamentar, mas conquistou nove – cinco dos quais estavam na oposição.
Mas o caso mais emblemático dessa situação que já faz o governo lulista ter mais de 350 deputados na sua base, suficiente inclusive para propor, com êxito, reformas na Constituição, é o do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia. Ele ameaça deixar o PTB e ir para qualquer outra sigla, mas permanecendo no governo.
A explicação de Guia, conforme reportagem publicada pelo jornal Zero Hora em sua edição deste domingo, chega a ser engraçada, por mais que se ache um absurdo: a bancada (do PTB) apóia o governo, mas o partido, não. A solução? Trocar de partido, claro, para continuar no governo.
É, do ponto de vista do mundo político democrático ideal, um descalabro, para dizer o mínimo. É, no entanto, a realidade brasileira, como demonstra com nitidez o texto assinado por Fábio Schaffner e Roberto Maltchik, da sucursal do grupo RBS em Brasília. Acompanhe:
Troca-troca engorda coalizão
Ao arregimentar deputados para partidos aliados sem inchar o PT, o governo Lula garante controle de três quintos da Câmara e debilita a oposição
Numa reedição da tática empregada no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Planalto decidiu estimular o êxodo de parlamentares rumo a siglas aliados. Nos últimos meses, 23 deputados trocaram de partido. Desse total, 12 foram da oposição para a base governista.
Como desta vez o governo conta com o apoio do PMDB, dono da maior bancada, com 91 deputados, a operação é mais discreta. O objetivo, entretanto, é o mesmo: desidratar as legendas que não estão afinadas com o Planalto, sem inchar o PT. Com as mudanças, a base aliada soma 354 parlamentares – mais de três quintos da Câmara, número suficiente para aprovar alterações na Constituição.
O maior beneficiado foi o PR, criado após a fusão do PL com o Prona. O partido perdeu um mas cooptou nove parlamentares, cinco deles oriundos da oposição, e se tornou a sexta maior bancada da Câmara. Um dos principais articuladores dessa migração é o senador e ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (AM). Cotado para retornar à pasta, Nascimento tirou do PFL, por exemplo, o deputado Nelson Goetten (SC) (leia entrevista nesta página). Ex-integrante do PP, Goetten passou para o PFL no ano passado, mas assinou ficha no PR três dias antes da posse.
– O PFL me deu viabilidade eleitoral, mas o PR tem mais cheiro de povo. Além disso, Nascimento me confiou a coordenação do partido no Estado – justifica Goetten.
Junto com o catarinense, outros três deputados deixaram o PFL para se unir ao governo. O maior prejudicado foi o PPS, que perdeu seis parlamentares. O PSDB, do qual saíram três deputados, corre o risco de perder mais seis. Um movimento liderado pelo ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara pretende levar quatro deputados para o PR, entre eles Ruy Pauletti. O gaúcho foi convidado por quatro partidos, mas o assédio do PR foi maior.
– Conversei com eles três vezes e disse que até o final de março tomaria uma decisão, mas devo continuar no PSDB – afirma o tucano, cuja relação com o partido no Estado se desgastou ao votar contra a manutenção do aumento de alíquotas de ICMS proposto pela governador Yeda Crusius.
O Planalto move cautelosamente as peças do xadrez partidário para evitar sobressaltos na relação com o Congresso. A reforma ministerial foi adiada por conta da acomodação dos partidos
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