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Outro lado. Será justo considerar a Rede Globo, um demônio? Há, sim, quem questione

Tenho publicado sistematicamente trechos de artigos e reportagem que enfatizam a inexistência de neutralidade no jornalismo. Mais que isso, tenho procurado deixar absolutamente claro que a ninguém é proibido ter opinião. Ao contrário, é até salutar – desde que o ouvinte/leitor/espectador seja devidamente avisado da posição da empresa de comunicação. E que isso não fique apenas deslavadamente no noticiário, coberto sob o manto da “imparcialidade”.

Demonstrei aqui, quero crer, que essa tal de posição neutra da imprensa é um mito. E dos grandes, na medida em que interfere no cotidiano do consumidor de informação. Não se deve brigar com fatos – e isso tem saltado aos olhos, nos últimos tempos. Como também, a pretexto de bancar a própria posição (nunca é demais lembrar, jamais explicitada – noves fora as exceções que já nomeei), esconder fatos. Ou, o que é pior, se utilizar deles, da maneira mais vil. Como ficou sobejamente comprovado no episódio das fotos do dinheiro do dossiê.

Então, um delegado da PF, e que desonra a própria instituição, chamou quatro jornalistas e a eles deu o material que o próprio policial fotografou. E mais: fez questão de dizer que queria aquilo publicado “no Jornal Nacional”. Você duvida de mim? Não tem problema, um dos jornalistas escolhidos pelo delegado gravou a conversa. E adivinha onde ela está agora? Isso mesmo, no “You tube”. É só ir até lá e ouvir. Aliás, nem precisa, o jornalista Paulo Henrique Amorin também disponibilizou o áudio em seu site (www.conversaafiada.com.br). Se quiser, é só acessar.

Ainda assim, e consoante a minha própria forma de fazer jornalismo. Acho que pode ter um outro lado. E, ele existindo, precisa receber espaço. É o que estou fazendo agora, ao reproduzir o que escreveu, entre outras coisas, a sempre correta colunista do jornal O Globo, Tereza Cruvinel. Ela não comunga totalmente com a minha (e de muita gente) opinião acerca do episódio do delegado.

Por isso, exatamente por isso, e para que você tenha a oportunidade de conhecer uma outra visão, que não a que eu defendo, estou reproduzindo o trecho em que ela fala do assunto. Leia, e tire tua própria conclusão:

”Muito veneno no ar

“…Demonização da imprensa e da TV Globo – Muitos de vocës tinha me cobrado uma manifestação sobre a matéria da Carta Capital. Na noite de domingo, li as cobranças, vi o link para o site do PT, li a parte da matéria que estava ali postada. Só ontem, segunda-feira, vindo de Brasilia para o Rio, para a entrevista de Alckmin ao Globo, comprei a revista no aeroporto e li a reportagem inteira.

Sobre a divulgaçáo das fotos roubadas pelo delegado Bruno, omitindo a fonte e as intenções eleitorais que ele teria manifestado, continuo achando o que já havia dito. E se os meios de comunicação não tivessem divulgado o material, levando em conta as intençóes do vazador? Não estariam sonegando aos leitores-telespectadores seu direito à informação? Estariam. O off é um instrumento do jornalismo a ser preservado, precisamos lidar com ele com muita responsabilidade, não em benefício dos jornalistas, mas do próprio direito ä informação.

Lendo a reportagem inteira vi nela um grau de demonização da imprensa, e em particular da TV Globo, que também remete as estes tempos em que a paixáo eleitoral provoca unhadas e mordidas de arrancar o dedo. Alguns blogs atrás eu já havia respondido aos muitos leitores que escreveram afirmando que a TV Globo retardara a divulgação da queda do avião da Gol para gastar todo o tempo do Jornal Nacional com a exibição do dinheiro e o caso dossië.

Escrevi que todas as redaçóes, durante o JN, ainda estavam apurando a informação. Eu mesma estava ao telefone, tentando falar com o Comandante Militar da Amazönia, com quem tenho contato. A reportagem de Raimundo Pereira perde força quando, depois de apresentar as estranhas atitudes do delegado Bruno, que vem deixando pegadas em todo este episódio, reduz a divulgaçáo das fotos a uma grande conspiração da TV Globo e dos jornais para forçar o segundo turno.

Esquece que Lula cometeu um erro crucial na véspera , não indo ao debate. Isso pesou muito na eleição, tanto ou mais que as fotos. Esquece que o dinheiro só existiu porque petistas foram presos com ele. Numa disputa acirrada como esta, todos cometem erros, inclusive a imprensa. Devem servir à reflexáo, ao debate, mas sem demonizaçáo e sectarismo…”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a página da jornalista na internet, no endereço http://oglobo.globo.com/blogs/tereza/.

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