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Imprensa imagina Bolsonaro passando a faixa presidencial para o Lula, Doria ou outro? – por Carlos Wagner

A única certeza é que o nosso sistema é confiável – urnas eletrônicas, Justiça…”

E então, como será a cerimônia de posse do próximo presidente do Brasil, em 1º de janeiro de 2023? (Foto Reprodução)

Baseado nos fatos de hoje (06/08), a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não vai acontecer. As pesquisas de intenção de votos mostram que ele será derrotado nas urnas. E, além da derrota, deverá sair do governo com o carimbo de genocida devido aos estragos causados pelo seu negacionismo em relação ao poder de contágio e letalidade da Covid-19, que já matou mais de 550 mil brasileiros e provocou um caos no Ministério da Saúde como jamais foi visto, resultando em episódios como a falta de oxigênio hospitalar nos hospitais de Manaus (AM) e no interior do Pará.

Toda essa situação vem sendo mostrada ao público pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado da Covid-19, a CPI da Covid. Essa situação não estava nos planos de Bolsonaro. O presidente prefere descer a rampa do Palácio do Planalto algemado ou sofrer uma ação de impeachment do que ser derrotado nas eleições e passar a faixa presidencial para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), ou a qualquer outro. Por quê? É sobre isso que vamos conversar.

A minha resposta à pergunta não é opinião. Mas lastreada em fatos que temos publicado desde o dia que o presidente deu início ao seu mandato. Vamos à resposta. Por um somatório de situações, Bolsonaro se elegeu presidente com 56 milhões de votos e uns quebrados. Elegeu governadores, parlamentares e deu visibilidade para grupos políticos até então marginalizados pela imprensa, como nazistas, terraplanistas, ocultistas, simpatizantes da Ku Klux Klan, militares saudosistas do golpe de 1964 e alguns neoliberais marginalizados pelo mercado.

Dentro da lógica dos bolsonaristas, se o presidente terminar o seu mandato preso ou sofrer uma ação de impeachment, eles terão um mártir que vai assegurar a união dos grupos por um longo tempo. E inclusive gerar um capital político que poderá influenciar no futuro político dos seus três filhos parlamentares: Carlos, vereador do Rio, Flávio, senador do Rio de Janeiro, e Eduardo, deputado federal por São Paulo.

Se o presidente for derrotado nas urnas e admitir a derrota, passando a faixa presidencial para o seu sucessor, ele e os seus filhos vão ter o seu futuro político comprometido e acontecerá um rompimento do frágil elo que une todos esses grupos políticos nos dias atuais.

Meus colegas, Bolsonaro teve uma vida parlamentar de três décadas discreta. Hoje ele vive uma situação que jamais havia imaginado. Tem o melhor emprego do Brasil, presidente da República. E tornou-se líder de grupos que se chamam de “bolsonaristas”. Não estava nos seus planos ser encurralado pela CPI da Covid, que pode colar nele o carimbo de genocida. Muito menos a recusa das Forças Armadas em apoiar um golpe de Estado.

Para sobreviver dentro dessa realidade ele tornou-se “uma granada sem pino” – expressão popular que significa uma situação explosiva. O cavalo de batalha do presidente da República é tentar desestabilizar o sistema eleitoral brasileiro colocando sob suspeita as urnas eletrônicas. Elegeu como símbolo dessa luta o ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A luta de Bolsonaro contra Barroso não é no campo político: é uma briga de boteco. O linguajar usado pelo presidente é vulgar e as informações que coloca no debate são falsas. Claro, há uma reação dos ministros do STF com essa situação. Como essa briga acabará? Ninguém sabe. O que temos de concreto é a inclusão do nome do presidente em vários inquéritos em andamento, como o das fake news.

Aqui vou fazer um comentário que julgo relevante. Logo que comecei a trabalhar como repórter, em 1979, aprendi com os colegas repórteres da editoria de polícia que sempre que um delegado quer colocar as mãos em um suspeito ele começa a incluir o nome dele em todos os inquéritos possíveis. Ao final de um tempo, ele estará envolvido em tantas investigações que acabará preso.

Hoje Bolsonaro não tem opção a não ser espernear e atacar, porque o seu nome está sendo citado em várias investigações, incluindo a da CPI da Covid. Até ser eleito presidente, ele se envolveu em vários casos que resultaram em investigações que acabaram em nada. Ou simplesmente foram esquecidas. Agora a conversa é outra, ele é presidente da República.

Nós jornalistas temos chamado de conflito entre os poderes as baixarias ditas pelo presidente contra o ministro Barroso. Se a turma do “deixa disso” resolver o caso, Bolsonaro vai encontrar outro rolo, porque precisa de uma desculpa para virar mártir dos bolsonaristas quando for derrotado nas urnas, segundo as previsões atuais.

O presidente só vai parar de armar rolo quando tiver certeza que será reeleito. Ele não deixará de fazer rolo porque em eleição não existe a certeza ser eleito, mesmo para os favoritos nas pesquisas. Eleitores têm a mania de trocar de voto de um dia para o outro. A única certeza que temos nas eleições do Brasil é que o nosso sistema eleitoral é confiável – urnas eletrônicas, Justiça Eleitoral e etc.

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

(*) O texto acima, reproduzido com autorização do autor, foi publicado originalmente no blog “Histórias Mal Contadas”, do jornalista Carlos Wagner.

SOBRE O AUTOR:  Carlos Wagner é repórter, graduado em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, pela UFRGS. Trabalhou como repórter investigativo no jornal Zero Hora de 1983 a 2014. Recebeu 38 prêmios de Jornalismo, entre eles, sete Prêmios Esso regionais. Tem 17 livros publicados, como “País Bandido”. Aos 67 anos, foi homenageado no 12º encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017, SP.

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5 Comentários

  1. Futuro politico dos Cavalão é chute. Quem sabe não sai um Instituto Cavalão, com biblioteca e tudo?
    CPI do Renan é piada.
    Judiciário tem (e teve) todo tipo de gente. Tem gente do tempo que faziam bachareis a facão, fora do juridico são completas nulidades, mas opinam como se especialistas fossem. Mas também tem os ‘mais bonitos’.
    Noticia pouco divulgada. Molusco com L. desejava um canal de interlocução com os militares. Nelson Jobim, amigo do Molusco com L., e outro não identificado (provavelmente Jungmann) convidaram generais para um almoço a fim de fazer a ‘intermediação’. Etchegoyen presente disse que era só um encontro social (segundo a publicação). Generais declinaram respeitosamente o convite para conversa. Segundo os militares só depois das eleições. Primeira constação: mais um erro de avaliação da Jararaca que Tinha que Ter Levado na Cabeça. Segundo: se acontecesse viraria acontecimento politco, diriam que a base do Cavalão estava rachada e geraria desconfiança. Obviamente os participantes da conversa virariam parias na corporação.

  2. Chavão, todos têm direito a opinião, mas não aos proprios fatos. Tem vagabundo sem vergonha por ai, useiro e vezeiro de mentir e inventar teorias da conspiração, dizendo que os Cavalistas estão armados, que vai ter golpe, etc. Pior, tem veiculo de imprensa que se diz sério que dá plataforma para este tipo de gente.
    Grupos politicos existem apesar de ser marginalizados pela imprensa. Se alguém não entendeu sinto muito, não tem como desenhar. Também não faz diferença, visibilidade não se transforma em adesão. 14 anos de esquerda no poder e não viramos, por sorte, comunistas. IncomPeTencia apareceu cedo demais.
    Cavalão está c4g4ndo para os inqueritos. Barroso, como outros antes dele, assumiu papel de senador sem voto. Papel de ministro do STF é avaliar a constitucionalidade da produção legislativa não influenciar na mesma. Quem atua politicamente tem que ser tratado politicamente.

  3. Passagem de faixa é frescura. Ponto. Para o Doria talvez até role. Para ex-detento é complicado.
    Eleição não acontece. Não são pesquisas, estas podem estar erradas como frequentemente estão. Um terço para Cavalão. Um terço dos Comunas. Meio campo está de saco cheio e, fator determinante, mulhereda odia as tripas do Cavalão. Chutaria de que de cada 10 umas oito não suportam o individuo e uma vota tapando o nariz. Mais de metade do eleitorado. Dai não tem jeito.

  4. Urnas e sistema de apuração não são invulneraveis. Muito longe disto. Porém adulterar o resultado necessitaria uma conspiração grande e muito dinheiro. Muito mais barato comprar alguns deputados e senadores depois, mais simples.
    Impeachment é sonho dos petistas, querem equiparar o Cavalão à Dilma, a humilde e capaz. Prisão é sonho de equiparar com o Molusco com L. que foi tirado da cadeia para provar a velha maxima ‘justiça é o que o poder instituido diz que é’.

  5. Obvio que nosso sistema não é confiável. Se fosse não haveria movimentos constitucionalistas subterraneos. Não haveria crise de representação, alguém não acredita que os politicos estão mais interessados em defender os proprios interesses a despeito dos interesses da população? Vermelhinhos gostam de fazer afirmações absurdas, alguns por problemas cognitivos, outros para algum incauto ir debater a ideologia deles.

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