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Você concorda com tanto poder concentrado em Brasília? – por Giuseppe Riesgo

O articulista e a proposta para a rediscussão do pacto federativo no Brasil

A Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 1988 é bastante clara em seu Art. 60, inciso III: a Constituição pode ser emendada mediante proposta de mais da metade das Assembleias Legislativas do país manifestada pela maioria relativa dos seus membros. Assim, trocando em miúdos, se 14 estados (incluindo o Distrito Federal), através de suas Assembleias, propuserem uma alteração constitucional o Congresso Nacional se obriga a deliberar a matéria.

Pensando nisso, meu colega de partido, Deputado Bruno Souza (NOVO), provocou essa discussão na Assembleia Legislativa do seu Estado, Santa Catarina, e aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição para uma revisão no pacto federativo do país. O intuito é redistribuir competências e descentralizar a nossa federação. Acima de tudo: o objetivo é provocar o Congresso Nacional a deliberar sobre o tema. Animados com a ideia, outras quatorze Casas Legislativas aprovaram ou protocolaram propostas com o mesmo teor, juntando-se ao movimento nacional. Aqui no Parlamento gaúcho, eu fiz questão de me juntar ao tema e somar forças em prol de um setor público mais eficiente e próximo daquele que o sustenta: o povo.

Assim, protocolamos um requerimento à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa para que nos juntássemos à PEC em tramitação nos demais parlamentos estaduais. Após uma série de pedidos de vista, para minha surpresa, tivemos a nossa proposição rejeitada pela Mesa que a julgou demasiadamente complexa e não pertinente de deliberação pela Casa. O movimento pela rejeição da proposta contou, infelizmente, com o apoio do meu colega de região Dep. Valdeci Oliveira (PT).

Só que, na verdade, o que estávamos pedindo era apenas que nos juntássemos a esse movimento nacional em prol de uma revisão do atual modelo de federação. A deliberação sobre a matéria continuaria sendo de competência do Congresso Nacional. Estávamos apenas provocando os Deputados Federais e Senadores para repensarem o pacto federativo vigente e, consequentemente, nossa organização cívico-política enquanto país. Afinal, acho que temos um consenso sobre a inépcia da nossa federação em entregar os serviços mais básicos à população brasileira, ou não?

O tema acerca do federalismo é, de fato, complexo. Tenho estudado a matéria desde os tempos de graduação em Direito na nossa querida UFSM e sei de suas diversas nuances. No entanto, temas espinhosos precisam ser enfrentados -, ainda que nos dê trabalho.

Se queremos um país mais livre, eficiente e próspero precisamos repensar as competências e a concentração de recursos nos níveis federal, estadual e municipal. Descentralizar a federação e reposicionar as competências e os recursos nos estados e nos municípios é o caminho que historicamente deu certo e que continuamos a ignorar. É uma lástima que a Mesa Diretora da Assembleia tenha se eximido e interditado o debate e o seguimento dessa matéria. O federalismo brasileiro precisa ser repensado. Infelizmente, por ignorância no tema, preferimos a omissão. Seguirei tentando pautar esse debate na Casa. Precisamos contribuir na organização de uma federação que sirva ao povo e não o contrário.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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Um Comentário

  1. Não vai rolar. Obvio. Pelo menos na atual conjuntura. Não importa qual instituição, a certa altura do campeonato as coisas dependem das pessoas que lá estão, da sua boa fé, honestidade, desprendimento e capacidade. Por isto que empresas privadas dão tanta importancia ao RH. Mesmo assim no setor privado muitas vezes ‘dá ruim’. Desenho da representação politica atual é cria de Gege et caterva. Diminuir o poder politico de SP e fazer com que os estados ‘ricos’ financiassem o desenvolvimento economico dos mais ‘pobres’. Nesta parte os vermelhinhos tentam tirar da reta Gege e tentam colocar nos milicos. Problema é que o dinheiro que foi para os mais ‘pobres’ acabou virando apartamento em Copacabana lá atrás e agora a moda é Miami e outras plagas. Dados de 2010, RS pagou ao governo federal 21,9 bilhões e recebeu 9,2 bilhões de volta. Saldo negativo. Quais os estado que tem saldo positivo? Acre, Amapá, Pará, Alagoas, Bahia, Maranhão, Pernambuco, etc. Nordeste todo, norte com exceção do Amazonas (que tem subsidio por conta da Zona Franca) e parte do centro oeste.
    Resumo da ópera: se ganho dinheiro e tenho mais votos vou discutir o quê? A não ser que seja algo para ingles ver.

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