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A fome e o apetite – por Orlando Fonseca

Cronista pergunta sobre plano (dos anti-impeachment) para tirar país do buraco

É preciso que os adoradores de mito e os defensores da irrestrita economia de mercado se deem conta de que seus atos não são apenas liberdade de expressão ou liberalismo econômico.

Sem isenção, confesso, mas atento ao que está na mídia, afirmo que é por causa de seu voto ou de prioridades que colocam interesses comerciais acima do bem comum que as ações monstruosas de uma prevent-senior, a volta da inflação e a volta da fome estão nos noticiários.

Enquanto, por um lado, descontentes, desiludidos e desconfiados estão nas ruas a protestar, por outro lado, comentaristas comprometidos e parlamentares aliados alegam que não há ambiente para impeachment no Brasil hoje. Com isso, mesmo para um gigante pela própria natureza, não é possível dormir em berço esplêndido com um barulho desses.

Digamos que não há razões para impedimento, então me apontem qual a ação benéfica para o país produzida pelo atual governo, em mil dias de uma gestão marcada por desastres de toda ordem? E não falo apenas em pandemia que, sei, causa seus estragos na superestrutura, além de matar pessoas.

Pergunto isso, lembrando que, por muito menos (e o STF confirmou que “por nada”) uma presidenta foi tirada de seu cargo. Inflação, desemprego, desvalorização do Real, corrupção na compra das vacinas, falta de políticas públicas para a educação e a saúde – sem falar na segurança, sem falar nos atentados às instituições democráticas, a falta de consideração com milhares de famílias lamentando as quase 600 mil mortes pela Covid-19 formam o quadro da tragédia que vivemos por esses dias. Pergunto aos que não veem condições para impeachment, qual é o plano nacional para tirar o país do buraco?

Estou mencionando esses casos da conjuntura, pelo que vejo e pelo que tenho lido nos noticiários, nos comentários de autoridades – perplexas – ao redor do mundo: temos hoje uma realidade de desgoverno federal.

Estou ciente de que dirão que me coloco em um dos polos que formam o embate que se formou no Brasil desde as últimas eleições presidenciais – agravadas pelo afastamento de Dilma Rousseff e a ascensão ao poder do grupo político que está por trás da cena política atual.

No entanto, tenho observado com desconfiança os comentários de que existe uma polaridade política em nosso país da atualidade. Tenho para mim que se trata de um falso dilema haver tensão de extremos ideológicos por aqui. Não há uma polaridade ideológica no Brasil que coloque em um lado a extrema direita com seu fascismo, ou a extrema esquerda com seu totalitarismo.

Com a mesma impressão, tenho consultado os documentos históricos e relatos de historiadores de diversas correntes políticas: nunca houve uma tensão, nem o risco disso, que conduzisse o país para o tal “perigo comunista”, uma fantasia para atiçar a paranoia e implantar um regime de exceção que privilegiasse os de sempre privilegiados, desde aquela divisão do território nacional em capitanias hereditárias. 

Temos uma situação em que ficam perturbadas as projeções para o futuro próximo. Por isso a intenção de setores da mídia e do grande capital em salientar essa tal polaridade. Por isso, o que se propagandeia hoje como a salvação da lavoura, a tal da Terceira Via, não passa de um nome que alguns dão para a defesa dos privilégios que permitiram lucros imensos em meio a uma pandemia, ao mesmo tempo em que vemos o retorno de milhões para abaixo da linha da miséria.

É preciso ficar atento: não dá para juntar a fome com o apetite voraz do capitalismo selvagem. Para quem tem olhos de ver, procure se informar: o capitalismo já sofreu domesticação em países mais avançados.

Essa realidade brasileira feita de gastronomia para poucos, ossos e pelancas para muitos não vai nos levar a lugar algum – talvez para o precipício.  

Estratégias neoliberais de privatização, economia de mercado sem cuidados com os direitos humanos e o ambiente já estão postas de lado em muitos lugares – basta que se leiam as notícias. Receita para se criar um ambiente democrático saudável para as próximas eleições.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

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7 Comentários

  1. Salario de professor aposentado da UFSM é gastronomia e não pelanca. Obvio. Como é o de procurador da fazenda, juizes, promotores, etc.
    Privatizações? Muito bom para terminar com trenzinhos da alegria. Tem um povo que precisa aprender que agregar valor não doi. Num pais onde ate fabrica de camisinhas estatal existe, Natex no Acre.

  2. Os que dizem não haver ‘perigo comunista’ são os mesmos que defendem Cuba e Venezuela (que cortou 6 zeros da moeda), ou seja, a conta não fecha. Obvio que não existe ‘perigo comunista’ porque não existem as condições objetivas, da mesma forma que não existe perigo de ‘golpe militar’. O real ‘perigo comunista’ é um desenvolvimentismo acefalo combinado com uma cleptocracia corruupta. O estamento burocratico e o estamento politico não têm jeito. Uma ONG americana, Fund for Peace, mede a intervenção economica (são os dados disponiveis). Nota do Brasil é 3,6. Argentina 4,6. França 0,9. USA 1,00. Alemanha 0,5. Suiça 0,5. China 2,7. Cuba 5. Siria 10. Sudão 8,7. Coreia do Norte 9,2. Venezuela 5,7. Ou seja, paises pobres tem forte intervenção estatal geralmente (Palestina tem nota 10). Ou seja, não é simplesmente a intervenção estatal que resolve o problema, é mais complexo do que isto.

  3. Cascatas. Leio o Le Monde, o Le Figaro, o The Guardian, o Clarin, o Corriere della Sera, El Pais espanhol versão americas. O que os canhoteiros falam sobre ‘todo o mundo mimimi’ é a mais pura cascata. Apoiam-se em versões tupiniquins dos jornais que são escritos por ‘jornalistas’ cumpanheiros(as) e/ou materias enviadas daqui para periodicos de fora por cumpanheiros(as). Campanha de desinformação. Problema é que as versões em frances, ingles, italiano e espanhol não dão muito destaque para o Brasil por motivo simples: não é tão relevante assim e tem muito mais coisa importante no planeta acontecendo, sem falar que os outros também tem seus proprios problemas. Alás, partido da Merkel, a queridinha, ficou em terceiro lugar nas eleições, tomou uma lavada. Representante feminina no governo deixou um monte de buchas no mundo real para serem resolvidos, mas é ‘campeã moral no plano simbolico’. Que baita bobagem!

  4. Calote da construtora chinesa vem de um problema diferente, utilizavam o dinheiro de venda de uma unidade para começar outra incorporação, virou esquema de piramide. Governo interviu, mudou as regras e deu no que deu. É uma ideia boa de como funcionam as coisas por lá. Mudando do saco para a mala, cadeias de suprimento do mundo estão esculhambadas. O ‘lead time’ para um ‘chip’ é de quase 6 meses. Ou seja, se preciso de um ‘chip’ tenho que encomendar 6 meses antes. Veio a pandemia. Muita gente cancelou os pedidos prevendo a falta de demanda. Fabricas de chip fecharam por conta dos ‘todo mundo em casa e depois a gente vê’. Uma fabrica importante no Japão incendiou, queimou completamente. Retorno economico da pandemia foi mais rapido do que o esperado. Previsão inicial para normalização é 2023. Montadoras nos EUA estão com patios cheios só esperando a ‘eletronica’. Maquinas paradas esperando manutenção não faltam no mundo,

  5. Claro que o governo atual tem acertos e erros. Entrar nesta toca de coelho é dar o pescoço para pendurar a placa de Cavalista. Canhoteiros vivem desqualificando os outros, sinal evidente que não querem conversa e nem pacificação e sim conflito. Mais do que óbvio. China está com racionamento de energia. Já aconteceram apagões, tremenda crise energetica. Construtora gigante por lá deu calote em alguns bonus e a coisa não ‘foi para o mato’ porque o problema não era, ate certo ponto, sistemico. Não existe propriedade privada de solo naquele pais. Para construir é necessário arrendar o terreno do governo (contratos de 20 ou 70 anos, ‘depois a gente vê’). Quem arrenda tem que utilizar a area imediatamente. Alguns ‘empreendedores’ resolveram construir moradias de baixo custo num modelo onde o lucro é tabelado pelo governo em 5% dos custos, a moradia não pode ser alugada ou vendida depois (apartamentos podem ser propriedade privada, sem a fração ideal). Problema é que construiram onde não havia demanda. Criaram-se as ‘cidades fantasma’. Agora o governo parece estar construindo universidades perto destas localidades para atrair gente (transferencia forçada de população é crime contra a humanidade).

  6. Canhoteiros querem ‘vingar’ Dilma, a humilde e capaz? Obvio que não. Cascata é para bancarem as vitimas. Como sempre. Além disto precisam do Cavalão para polarizar, coisa que já aconteceu antes na época do PSDB-PT. Molusco com L. montou um escritorio de compra de votos em BSB na época do impeachment. Não conseguiu adquirir a mercadoria. Presidanta ‘chutou o saco’ de quase todo o Congresso. Numa oportunidade fez reunião com os governadores em BSB e ‘meteu esporro’, finado Eduardo Campos estrilou, ‘também fomos eleitos’.

  7. E qual o ‘plano’ dos pró-impeachment para tirar o Brasil do buraco? Repetir as cagadas economicas de Dilma, a humilde e capaz? Esqueceram a diminuição da conta de luz no canetaço? Eike Batista? Festa de dinheiro barato para os cupinchas no BNDES para estimular o consumo? Desemprego de 11,2% no primeiro trimestre de 2016? Sempre que alguém fala em ‘plano’ é prenuncio de bobagem, solução simples para problemas complexos. Empulhação com finalidade eleitoral. Planos tem que ser escritos por pessoas competentes que sabem tirar as coisas do papel. Plano Real? Não foi Efeagá o politico. Forem Persio Arida, Gustavo Franco, Malan, Andre Lara Resende. Canhoteiros não tem quadros, é um pessoal que sai da academia que tenta implementar uma ideologia que não funciona.

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