ELEIÇÕES 2022. Debate dos tucanos acaba sem o aguardado embate entre Eduardo Leite e João Doria
Pré-candidatos do PSDB ao Planalto participaram de debate no Rio de Janeiro
Reproduzido do Site do Correio do Povo / Texto assinado por Flavia Bemfica
Os governadores do RS, Eduardo Leite, e de São Paulo, João Doria, frustraram quem esperava que, dado o clima acirrado no PSDB, subissem o tom no primeiro debate entre os tucanos que estão disputando as prévias do partido. O PSDB realizará prévias em 21 de novembro para escolher seu pré-candidato na corrida presidencial de 2022. Além de Leite e Doria, está concorrendo o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. Os três participaram do debate, realizado entre a manhã e a tarde desta terça-feira, no formato presencial, no Rio de Janeiro.
Durante mais de duas horas, o gaúcho e o paulista evitaram ataques diretos e aproveitaram para dar destaque a ‘feitos’ das próprias administrações. Leite, porém, em diferentes momentos, manteve a estratégia de investir indiretamente sobre Doria. Como quando respondeu à pergunta de um dos jornalistas participantes sobre se o apoio do deputado federal Aécio Neves (PSDB/MG) o constrange.
Após dizer que está recebendo o apoio do diretório de Minas Gerais e não apenas de Aécio, o gaúcho respondeu que pode ser julgado por sua própria trajetória. “Tenho talvez uma experiência que poucos candidatos à presidência da República tenham tido, como vereador, prefeito e governador. Cumprindo meus mandatos na integralidade, sem trair aliados e sem qualquer tipo de dúvida sobre a minha conduta.” Doria deixou a prefeitura de São Paulo no meio do mandato para disputar o governo e hoje é desafeto do ex-governador Geraldo Alckmin, seu antigo padrinho no PSDB.
Em outro momento, questionado por Virgílio sobre se teria vencido as eleições de 2018 sem ter votado em Jair Bolsonaro (sem partido) para presidente, Leite, de novo, fez alusão indireta ao “BolsoDoria”, mas utilizando como exemplo o ex-governador José Ivo Sartori (MDB). “Lá no meu estado, meu adversário juntou o sobrenome dele ao sobrenome do Bolsonaro. Eu não fiz isso. Me neguei a fazer isso. Não autorizei nem que se fizesse material de campanha conjuntamente.”
Em ambas as referências, e em outras ao longo do debate, Dória se manteve impassível. Em 2018, tanto o paulista como o gaúcho declararam voto em Bolsonaro no segundo turno da eleição. Hoje, ambos se colocam como adversários do presidente, sendo que Doria de forma mais contundente.
A ‘surpresa’ do debate foi a postura de Virgílio, que não escondeu sua simpatia por Doria e ‘alfinetou’ Leite do início ao fim do evento, aumentando as especulações de que está ‘afinado’ com o paulista. No final, chegou a esquecer o nome do gaúcho, um expediente antigo utilizado por políticos para atribuir pouca importância a interlocutores ou adversários.
“Falta para ele essa vivência de 20 anos que eu tenho de parlamento. Mas vai ter”, disparou, em uma de suas intervenções, referindo-se ao gaúcho. “Durante 43 anos de vida pública eu nunca tive um cacique nacional, regional, ou de qualquer planeta, que colocasse a mão no meu ombro para dizer que eu era uma pessoa boa. Tudo o que eu consegui foi luta, luta e luta”, afirmou, em outra parte, no que foi considerada uma alusão ao apoio que Leite recebe de Aécio Neves e do senador Tasso Jereissati (PSDB/CE). Jereissati concorria na prévia e agora trabalha pelo governador do RS dentro e fora do PSDB.
O momento em que Leite se mostrou mais tenso, contudo, não foi nem em interações com Doria e nem nas com Virgílio, mas sim em um questionamento da jornalista Miriam Leitão. Após tecer considerações sobre questões econômicas e riscos à democracia, a jornalista perguntou: “Que risco nós temos de que o senhor, de novo, julgue a conveniência política e apoie forças de extrema direita?” Visivelmente incomodado, Leite, respondeu: “O povo não come gestão, e ideologia não bota comida na mesa e não vai ser o que vai resolver os problemas reais da população. É muito fácil para nós, que temos mais ou menos a vida resolvida, ficar discutindo a democracia, e ignorar que milhões de pessoas deixam de comer por não ter emprego e renda.” A jornalista insistiu: “De novo, o senhor colocou uma hierarquia e achou que crise econômica é mais importante que democracia. A questão democrática é a primeira questão?”, perguntou. “Democracia é fundamental, não estou colocando hierarquia nenhuma”, rebateu Leite…”
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Miriam Leitão adotou a narrativa da ‘ameaça à democracia’ e ‘extrema-direita’. Convenientemente lançou um livro ‘A democracia na armadilha’ agora no começo de outubro, metendo o pau no cavalão e ganhando uns pilas porque todo mundo tem boleto para pagar. Problema do Leite é nunca ter tido mandato federal, falta experiencia. É o melhor argumento de Doria (Virgilio está lá só para participar, talvez porque mire outra coisa). Novato em BSB, sem importante renovação no Congresso, iria se dar muito mal. Também não tem votos em SP (Doria tem rejeição importante no proprio estado), nordeste ou MG, não é competitivo (há quem diga que segue o caminho de Rigotto; para este último ‘deu ruim’). Aécio era senador e caiu para a Camara. Facções tucanas, como em quase todo partido, tem o costume de puxar o tapete do candidato do partido se não for o delas.