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Incomodamos bastante, mas valeu a pena – por Valdeci Oliveira

O articulista e a “luta coletiva de quase duas décadas”, pelo Hospital Regional

Ao participar da cerimônia de inauguração do bloco cirúrgico do Hospital Regional de Santa Maria, na última quarta-feira, 27, estava vivenciando o coroamento de mais uma pequena conquista, um êxito construído a muitas mãos numa batalha em que a ausência de vitória significaria a derrota para toda a sociedade, principalmente aquela que depende única e exclusivamente do setor público para que tenha – e experimente – o que chamamos de dignidade.

Mas como sabemos todos, uma batalha é apenas um dos componentes dessa verdadeira guerra cotidiana que é buscar a garantia do funcionamento da saúde pública, seu financiamento e abrangência. O ato de cortar a fita foi resultado de uma mobilização coletiva e pluripartidária, mas que não se encerrou ali.

A entrega do bloco cirúrgico se tratou de um ganho, inclusive, à parcela socialmente privilegiada que se movimenta pela redução dos recursos e pela privatização dos serviços de saúde pública, pois, apesar de terem acesso a atendimento particular privilegiado, pagariam, mesmo que indiretamente, a conta moral por termos uma população doente e abandonada.

Dentro da luta coletiva pelo Hospital Regional, a qual já tem quase duas décadas, nós atuamos em muitas posições: na condição de prefeito (quando alteramos por duas vezes o Plano Diretor local para permitir a instalação do complexo na Região Oeste de Santa Maria), de deputado estadual, de presidente e vice da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa.

O fiz também como cidadão, pai e avô. Me uni a homens e mulheres das mais diferentes posições ideológicas, mas que comungavam a ideia da necessidade de termos um Hospital de referência e com atendimento totalmente SUS para mais de um milhão de pessoas da região Centro do estado. Estive ao lado de muitas pessoas de quem divirjo politicamente, e não vejo problema algum nisso, pois a causa da saúde não pode ter partido, deve ser, sim, encampada por todas as agremiações políticas.

Mesmo assim, como disse, a inauguração foi apenas mais uma batalha dentre muitas que estão postas ou que ainda virão. Dentre elas, acabar com o injusto e criminoso déficit de recursos que o setor é obrigado a conviver – aqui no Rio Grande e no Brasil – todos os anos quando se discute o orçamento público, quando se apresentam medidas cujo alvo é retirar o dinheiro destinado ao seu financiamento, quando projetos de lei são protocolados para reduzir a ação estatal com a falsa justificativa de que o Estado, além de incapaz, é responsável por todas as mazelas que colocam a maioria da população na condição de subcidadãos.

Defender o Hospital Regional – assim como a saúde – não se trata de nenhum favor ou benesse, mas de uma obrigação, tanto minha como do governador, do prefeito, dos vereadores e vereadoras, dos deputados e deputadas, dos senadores e senadoras e do presidente da República, eleitos para defender os interesses e suprir as necessidades do povo. É preciso que tenhamos claro que na formação das sociedades – e dos Estados em última análise – se criou uma espécie de contrato social em que as partes estabeleceram compromissos e obrigações.

O Estado tem a obrigação de prover, com os impostos pagos, inclusive pelos menos aquinhoados – que proporcionalmente contribuem mais que os estabelecidos no topo da pirâmide -, o bem-estar a todos e todas. Ou seria isso, ou vigoraria a lei do mais forte, do cada um por si, o estabelecimento de um darwinismo social em que somente os mais preparados por conta dos sobrenomes ou pela condição social teriam o direito a viver dignamente. E isso é o básico, algo que sequer deveria ser colocado em dúvida.

Também nessa cruzada pelo Regional, eu fiquei muito feliz e emocionado pelo resultado de uma outra iniciativa nossa, realizada em outra ponta desse movimento. Recentemente, em contato com a direção e com trabalhadores da unidade, tomei conhecimento de que a verba de emenda parlamentar a que o nosso mandato tinha direito a indicar em 2020, para efetivação no orçamento do Estado deste ano, – no valor de R$ 1 milhão –, e que direcionamos em sua totalidade ao Regional, foi paga integralmente e foi muito importante para salvar vidas na pandemia. Esses relatos nos encheram de alegria e de entusiasmo e, mais uma vez, nos mostraram o quanto vale a pena “suar a camiseta” pela saúde.

E é por essa e por outras que o apelido de “chato do Regional”, que recebi carinhosamente no Parlamento – em virtude de tanto abordar e cobrar o tema, seja no plenário, seja na Comissão de Saúde e Meio Ambiente – muito me orgulha, pois acredito firmemente que o compromisso com a saúde tem de ser permanente e, reitero, não deve ter partido. E esse compromisso, teremos sempre, a cada dia, para mantê-lo, ampliá-lo e, principalmente, para que, em breve, todo o complexo esteja disponível à sociedade e 100% pelo SUS. Insisto na tecla: não se trata de favor, mas de obrigação.

(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria. Também é 1º Secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Duplicação da RSC-287.

Nota do Editor: a foto do corte da fita, na inauguração do Cirúrgico do Hospital Regional, na quarta-feira, e que ilustra este artigo, é de Christiano Ercolani, da Assessoria do Deputado Valdeci Oliveira.

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