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Paradoxo. Mulheres dominam o eleitorado e têm a confiança da população. Que não vota nelas

Eis um tema para grande reflexão. De homens e mulheres. Elas são a grande maioria do eleitorado, inclusive em Santa Maria – onde o número é pra lá de expressivo. E também, como mostra reportagem de Taline Oppitz, publicada pelo Correio do Povo neste domingo, têm a confiança de mais de dois terços da população. Que, no entanto, na hora de votar, escolhe, majoritariamente, homens.

 

Sim, sei que a situação é complexa. Inclusive porque, embora sejam donas da maior parte dos votos, as próprias mulheres participam pouco da política, como regra. Tanto que os partidos penam para fechar o número de vagas obrigatório para o sexo feminino, definido em lei.

 

Em todo caso, inclusive para ajudar todos a  refletir a respeito, reproduzo a reportagem de Taline, do CP. Confira, a seguir:

 

 

“Eleitor confia mais nas mulheres

Para 67% dos brasileiros, a maior presença feminina no poder ajudaria a melhorar a política do país

 

As mulheres têm maior confiança por parte dos eleitores. Conforme pesquisa Estado/Ipsos, 67% dos brasileiros acreditam que a maior presença feminina no poder melhoraria o nível da política do país e 58% afirmam que a participação da mulher é menor do que deveria. Dos 1 mil entrevistados entre 11 e 17 de dezembro do ano passado, 48% entendem que elas são mais honestas e 35%, mais competentes, contra 14% que escolheram os homens nesse quesito.


Se na teoria os percentuais são favoráveis, na prática os resultados aparecem tímidos, apesar da aprovação, em 1997, da Lei de Cotas, que destina 30% das nominatas partidárias às mulheres. Atualmente, na Câmara dos Deputados, elas ocupam apenas 45 das 513 cadeiras, representando 8,6%. No Senado, a presença feminina está em 12,3%, ficando restrita a dez dos 81 parlamentares. Dos 1.059 deputados estaduais e distritais do país, 123 são mulheres, atingindo índice de 11,6%. A situação não muda muito nas câmaras municipais, que contam com 51.818 vereadores. Desse total, elas representam 12,6% ou 6.550. Em cargos nos executivos, a desproporcionalidade também fica evidente.

 

Nos 26 estados e no Distrito Federal, apenas Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul; Wilma Maria de Faria, do Rio Grande do Norte; e Ana Júlia Carepa, do Pará, foram eleitas para comandar os governos, representando 11,11%. Nas 5.562 prefeituras do país, o espaço feminino limita-se a 416 vagas ou 7,5%.


A diretora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), de Brasília, Natália Mori, afirmou neste sábado que as direções dos partidos não demonstram, mas têm restrições às candidaturas femininas devido à questão cultural. ‘Os partidos não estimulam a participação delas e não definem políticas de recursos e tempo de mídia para promover essa integração’, destacou. Natália avaliou ainda que a dupla jornada de trabalho das mulheres, que dividem profissão e cuidados com a família, representa outro empecilho. ‘Homens e mulheres foram criados com projetos diferenciados. Elas se preocupam com o coletivo, com os filhos, enquanto eles priorizam seus projetos pessoais’, avaliou Natália.


Para a diretora do Instituto de Filosofia e Ciências Políticas da Ufrgs, professora Céli Pinto, o sistema partidário é extremamente fechado e discriminatório. De acordo com Céli, a Lei de Cotas não estabelece punição caso os percentuais não sejam obedecidos. ‘Essa situação deixa os partidos tranqüilos, pois os 30% de espaço destinado às mulheres não precisam ser cumpridos. A regra é tímida’, avaliou a cientista política.


Conforme Céli, os eleitores não têm restrições às candidatas femininas, mas há resistência das próprias mulheres em ingressarem na vida política. ‘Elas acabam optando por cargos em empresas privadas. A necessidade de presença pública constante é incompatível com as responsabilidades que culturalmente temos com o lar e com os filhos’, disse. Céli acredita que há duas formas de garantir a redução na desproporcionalidade: o debate constante sobre o problema e a insistência do público feminino na abertura de espaços. ‘As mudanças culturais ocorrem de forma lenta, mas são necessárias’, avaliou a cientista política.”

 

 

SUGESTÕES DE LEITURA – O Correio do Povo (aqui) abre sua edição na internet apenas para assinantes da versão impressa.

Releia também a nota “Mulheres tomam conta do eleitorado de Santa Maria. Já os jovens…”, que publiquei na coluna Observatório (do jornal A Razão) e reproduzi aqui, na manhã de sábado

 

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