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Christine de Pizan. Le Ventes d’amour – por Elen Biguelini

Antes de fazermos uma análise sobre os textos feministas de Christine de Pizan, optei por fazer uma transcrição e tradução livre de um de seus poemas. Em “Os ventos do amor”, a autora faz uma pequena homenagem a Jesus e a Nossa Senhora, através da linguagem das flores francesas.

Segue a transcrição do texto em francês, sem data, publicado em Paris, e retirado da edição encontrada na Biblioteca Nacional da França, a Gallica, encontrada em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k72194b.image.

Le Ventes d’amour

En commencent les Ventes damour
Comprenant aucunes fleurs et
Herbes adorâtes et prouf-
Tables aux corps
Humains

La silène
Je vous vends la belle silène
Sage est celui qui se souvienne
Et qui a souvent en sou cœur
Notre sauveur et rédempteur

La lavande
Je vous vends la douce lavande
Mal vit celui qui me s’amende
Avant en son contrition
De jésus et sa passion

Le giroflier
Je vous vends le doux giroflier
En Dieu nous devrais tous fier
En notre cœur avant mémoire
De paradis la belle gloire

Le cyprès
Je vous vends le joli cyprès
Regarder nous dévoués de pers
Que ne sauvons point entachez
D’aucuns des sept pêchez mortels

Le Lis
Je vous vends le fleur de lis
Chacun doit prendre ses délits
A Dieu servir et réclamer
Et sa douce mère réclamer

La marjolaine
Je vous vends la marjolaine
Onc chacun si doit prendre peine
A Dieu servir et réclamer
Et de tout son cœur prier

La rose vermeille
Je vous vends la rose vermeille
Avoir débute toujours l’oreille
D’entendre bien de Dieu l’Office
Au lieu on l’on fait son service

La blanche rose
Je vous vends la blanche rose
Vous priant que l’on se dispose
De nettoyer sa conscience
Bien et mal prendre en patience

L’Hysope
Je vous vends l’hysope adorant
Aller nous deviont adorant
La croix ou jésus fut pendu
Son précieux corps estendu

La pervenche
Je vous vends la pervenche
Garder nous devions le dimanche
Et les fêtes entièrement
Qui nous sont de commandement

La sauge
La sauge vendre vous veux
Nous devions être curieux
De faire bien laisser le mal
En dépit du Diable infernal

Le romarin
Je vous vends le doux romarin
Non poignant comme jour marin
Qui le chief perça de lépine
Du doux jésus qui est tan digne

La marguerite
Je vous vends la marguerite
Qui est sur toutes fleurs élite
Servez la vierge souveraine
Qui est de toute bonté pleine

La mente
Je vous vends la petite mente
Vous priant que avez entente
D’avoir pure confession
Aussi vraie contrition

Le fenouil
Je vous vends le fenouil plaisant
Qui est la bouche adorant
Servez de cœur je vous en prie
La très douce Vierge Marie

La mélisse
Je vous vends la bonne mélisse
Honorer devions gens d’Eglise
Pour honneur le Dieu notre père
Pour nos garder de vitupère

La toute bonne
Je vous vends la toute bonne
Mal ne fait dire de personne
Qui d’autrui parler voudra
Regarde son il se fairat

Le muguet jaune
Je vous vends la jaune muguet
Nous devions tout avoir l’aguet
De prier pour les trépassez
Qui de ce monde sont passez

Le muguet blanc
Le muguet blanc je vous veux vendre
Vous priant qui veuillez entendre
A Dieu servir dévotement
Affin que allez a seulement

Le basilic
Je vous vends le bon basilic
Onc chacun doit être subtil
De son garder de Dieu offrande
Ou ses peins d’enfer attendre

L’armérie sauvage
Je vous vends l’armérie sauvage
Onc chacun doit prendre courage
De conforter les pauvres gens
Qui sont malade et indignes

L’églantier
Je vous vends l’églantier joli
Notre cœur doit être ramolli
En avant contemplation
De jésus et sa passion

La jalousie
Vendre vous vends la jalousie
Dons priant que point on n’oublie
Démettre en son endentement
Tout ce qui est écrit devant

Prion Dieu et sa douce mère
Qu’ils nous gardent de mort amère

Quant se viendra au finement
Que nous ânons tos seulement
Amem

Mourir comment c’est chose dure
Nous ne revient de pourriture
Souvent advient selon nature
Et ne souvient a créature

En finent les ventes d’amour im-
Prime ; nouvellement a Paris en
La rue neuve notre Dame
A l’enseigne de l’écu
De France.

Fin.

Agora a tradução livre da obra.

Os ventos do amor

Começando os ventos do amor
Compreendendo algumas flores e
Ervas adoradas e profi-
táveis aos corpos
Humanos.

A Silene (Alfinetes de terra)
Eu lhes vendo a bela Silene
Sábio é aquele que se lembra
E que tem sempre em seu coração
Nosso salvador e redentor

A lavanda
Eu vos vendo a doce lavanda
Vive mal aquele que não se emenda (corrige)
Antes de sua contrição
De Jesus e da Paixão

O dente-de-alho
Eu vos vendo o doce dente-de-alho
Em Deus nos devemos nos fiar
Em nosso coração ante a memória
Do paraíso a bela glória.

O cipreste
Eu vos vendo o feliz cipreste
Lembremo-nos de sermos devotos
Que não sabemos nos desvincular
Dalguns dos sete pecados mortais

A Lis
Eu vos vendo a flor-de-lis
Ninguém deve os seus delitos,
A Deus dar e reclamar
E de sua doce mãe reclamar

A manjerona
Eu vos vendo a manjerona
Que nenhum deve ficar triste
Reclamar e pedir a Deus
E de todo seu coração chorar

A rosa vermelha
Eu vos vendo a rosa vermelha
Estar sempre com as orelhas abertas
Para entender bem a palavra de Deus
Para fazer o seu serviço

A rosa branca
Eu vos vendo a rosa branca
Vos pedindo que se disponham
A limpar sua consciência
Bem e mal, leve em paz.

A Hisope (flor-do-tomilho)
Eu vos vendo o adorador hisope
Devemos ser adoradores
D cruz onde Jesus foi pendurado
Seu precioso corpo estendido

A pervinca/ vinca
Eu vos vendo a pervinca
Guardar o domingo nos devemos
E fazer festas inteiramente
Que fazem parte do nosso mandamento

O sábio
O sábio vem vos ver
Nós devemos estar curiosos
De deixarmos o mal
Em despeito ao Diabo infernal

O alecrim
Eu vos vendo o doce alecrim
Não tão fortes como o dia em que o pescador
Que o chefe foi marcado por espinhos
Do doce Jesus que é tão digno

A margarida
Eu vos vendo a margarida
Que é de todas as flores a mais alta
Serve a virgem soberana
Que é toda a bondade

A menta
Eu vos vendo a pequena menta
Pedindo que rezam pelo pedido
De haver uma confissão pura
Para que haja verdadeira contrição.

O funcho.
Eu vos vendo o prazeroso funcho
Que tem a boca adorante
Sirva de coração, eu vos peço
À muito doce Virgem Maria

A melissa
Eu vos vendo a boa melissa
Devem honrar as pessoas da Igreja
Para honrar Deus nosso pai
Para nos guardar de condenação

A sálvia esclarea
Eu vos vendo a sálvia esclarea
Não diga mal de ninguém
Que d’outro você falar
Lembrar disso ele irá

O lírio jovem do vale
Eu vos vendo o jovem lírio-do-vale
Nós devemos assistir sempre
De chorar os pecados
Que passam neste mundo.

O lírio branco
O lírio branco eu vos vendo
Vos pedindo que queiram ouvir
A Deus servir devotamente
O final que existe unicamente

O manjericão
Eu vos vendo o bom manjericão
Que ninguém deve ser sutil
De guardar a Deus oferenda

A arméria selvagem
Eu vos vendo a arméria selvagem
Que ninguém deve perder a coragem
De confortar as pobres pessoas
Que são indignas e doentes

A rosa mosqueta
Eu vos vendo a feliz rosa mosqueta
Nosso coração deve ser amolecido
Diante da contemplação
De Jesus e de sua Paixão

A ciumenta/ Goivo amarelo
Vendo vos o goivo amarelo
Rezo que não se esqueçam
De considerar em sua reflexão
Tudo que foi escrito até aqui

Ore a Deus e a sua doce Mãe
Que nos guardem de morte amarga
Quando se venha o firmamento
Que nos sejamos somente
Amem

Morrer, como é coisa dura
Nós não voltamos da escuridão
Frequentemente fala mais alto a natureza
E não se lembra a criatura.

E finalmente, os ventos do amor
impressos, novamente em Paris,
Na rua Nove, Notre Dame
Ao ensino da Escola
Da França.

Fim.

*Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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