Respeitar a nossa pele é preciso! – por Roberto Fantinel
O articulista e a necessidade da reflexão sobre (e ações contra) o racismo
Negue a brancura da consciência. A cultura do racismo continua proeminente, porque, infelizmente, ainda não é de interesse comum corrigir os maus hábitos do passado.
Vergonhosamente, o Brasil foi o último país da América Latina a abolir o regime de escravidão e decorrente de um sistema escravagista que desumanizou os negros por três séculos, a sociedade naturalizou uma série de afirmativas que elevam os brancos, e depreciam os negros.
É inquestionável, porém, o prejuízo que causa à saúde mental e, não há melhor maneira de comemorar esta data, se não por meio da luta, lutar por respeito, oportunidade, direitos iguais e políticas mais rigorosas.
Nelson Mandela foi um advogado, líder rebelde e presidente da África do Sul, considerado como o mais importante líder da África Negra e uma grande inspiração para muitos gestores públicos, até os dias de hoje.
Lembro-me com muito desprezo de ocasiões onde me deparei com ataques racistas de crianças brancas dirigidos a colegas negros e a omissão dos pais/professores. É verdade que evoluímos, que sorte a nossa e das futuras gerações, mas evoluímos, não superamos! Ainda há muita falta de consciência.
Por hora, me alegro em acompanhar a chegada de novas lideranças políticas negras, pessoas que foram vítimas de preconceito por raça e cor. E o interessante é que justamente esses líderes têm um olhar mais sensível e atento a estas questões.
Se o mundo sofre constantemente transformações significativas no que tange os avanços tecnológicos e descobertas na área da ciência, porque não pensarmos o quão necessário é o olhar atento e mais rígido por parte dos governantes com relação à negação do óbvio.
E o que é o óbvio? De acordo com o IBGE, os afrodescendentes são maioria em setores com remuneração mais baixa: agropecuária (60,8%), construção civil (63%) e serviços domésticos (65,9%). Na área da educação, os números são alarmantes. Os negros são 71,7% dos jovens que abandonam a escola, em razão da necessidade de trabalhar para sobreviver. No ensino superior, representam apenas 7,12% dos matriculados. Esse é o óbvio! A disparidade e a naturalidade como nós tratamos isso.
Respeitar a nossa pele é respeitar a nossa capacidade, a nossa importância e superação. Respeitar a nossa pele é entender que existe um arco-íris de oportunidades para avançarmos dentro das nossas casas, nos muros da escola e fora deles também, na nossa comunidade, no nosso local de trabalho, na vida!
Em uma sociedade onde predomina a preponderância dos brancos, a vida dos negros é transposta por questões políticas que explicam porque muitas pessoas convivem com a interiorização do racismo e de um sentimento de inferioridade, de forma tão natural. Por isso, negue a brancura da consciência, ainda há muito o que se corrigir.
(*) Roberto Fantinel é deputado estadual pelo MDB. Oriundo de Dona Francisca, onde foi vereador, é ex-presidente da Juventude do MDB/RS, integrante do Diretório Municipal do MDB/SM e ex-assessor do governo gaúcho, na gestão de José Ivo Sartori. Ele escreve no site, semanalmente, aos sábados.
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