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CONGRESSO. Apelidado de “pacote do veneno”, PL dos agrotóxicos será prioridade do governo em 2022

Proposta prevê possibilidade de acelerar processo de liberação dos produtos

Chamado de “pacote do veneno”, projeto procura modernizar mercado de agrotóxicos (Foto Fernando Frazão/Agência Brasil)

Reproduzido do Portal Especializado Congresso em Foco / Texto de Lucas Neiva

Anunciado pelo líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), como uma das prioridades do bloco em 2022, o Projeto de Lei (PL) 6.299/2002 prevê uma série de mecanismos que visam acelerar a análise de pedidos de liberação de novos agrotóxicos por órgãos de controle. Enquanto apoiadores consideram a medida como uma forma de modernizar o processo, opositores temem que o projeto possa resultar no afrouxamento do controle de substâncias com potencial nocivo no Brasil e o apelidam de “pacote do veneno”.

O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista na Câmara, deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) explica que essa aceleração se dará por meio da concentração da análise de novas moléculas de agrotóxicos em um único órgão. “Hoje, eles passam por três análises: uma ambiental, do Ibama; uma de saúde, feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e um terceiro registro no Ministério da Agricultura. Eles querem que a análise permaneça com o caráter ambiental, mas quem dará o veredito será uma comissão do Ministério da Agricultura”.

Para o relator do projeto, Luiz Nishimori (PL-PR), a concentração de atos permite reduzir a burocracia envolvida na implementação de agrotóxicos e de suas novas tecnologias. “O elevado tempo e morosidade dos processos de registro de novas moléculas acabam por prejudicar todo o setor agropecuário nacional”, alerta em seu relatório.

O deputado teme que a morosidade nesse processo possa resultar tanto no encarecimento dos agrotóxicos quanto na perda da eficiência destes produtos. “A defesa fitossanitária nacional não consegue incorporar inovações tecnológicas, forçando o uso de moléculas antigas pelos agricultores, dos quais as pragas ou doenças apresentam resistência, acabando por elevar a quantidade de aplicações ou dosagens dos pesticidas”, explica.

Rodrigo Agostinho considera que o temor do relator não condiz com a realidade do atual governo. “Esse argumento é no mínimo estranho, porque o governo atual já registrou mais de duas mil moléculas em três anos”, apontou. O parlamentar considera que o interesse maior do governo não está em acelerar a aprovação de defensivos agrícolas, mas sim em consolidar a forma acelerada com que isso acontece na gestão de Jair Bolsonaro.

Outro ponto visto com temor pelo líder ambientalista é a permissão para que sejam comercializados agrotóxicos com potencial cancerígeno, desde que atendam a determinados critérios. Em seu relatório, Nishimori afirma ser falacioso o discurso de que agrotóxicos possam causar câncer. “Por ocasião dos debates, ressaltou estudos sobre câncer ocupacional do Canadá, da Inglaterra e outro da União Europeia, informando que a causa principal de câncer entre os trabalhadores rurais é a exposição ao diesel, à radiação solar e a particulados [micropartículas]…”

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