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KISS. De dois locais, Santa Maria acompanha o júri

Coletivo com profissionais e voluntários oferece apoio psicossocial às famílias

Tenda da AVTSM, localizada na Praça Saldanha Marinho, é um dos locais a transmitir o julgamento (Foto Bruna Homrich/Sedufsm)

Por Bruna Homrich / Da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm)

Desde a última quarta-feira, 1º de dezembro, quando teve início o júri da boate Kiss, em Porto Alegre, profissionais e voluntários têm se feito presentes, durante três turnos, nos dois lugares que transmitem, ao vivo, o júri em Santa Maria. Um dos pontos é a tenda da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), localizada na Praça Saldanha Marinho; e o outro é o Clube Comercial.

Em ambos os locais foram afixados telões e cadeiras para que familiares de vítimas, sobreviventes e população em geral possa acompanhar o julgamento da maior tragédia já experenciada pelo estado do Rio Grande do Sul. Há quase nove anos, desde a madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, a cidade é palco de mobilizações por memória e por justiça para as 242 vítimas fatais e os mais de 600 sobreviventes do incêndio.

Na tenda, integrantes do Coletivo de Apoio a Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Kiss revezam-se das 9h até por volta das 13h, das 15h30 às 18h e das 18h às 20h. Natália Noal, acadêmica de Psicologia da UFN e voluntária do coletivo, explica que diversas pessoas que passam pelo centro sentam-se ou mantêm-se de pé e acompanham, por períodos de tempo variados, partes do júri.

 Quando a reportagem chegou ao local, quase todas as cadeiras estavam ocupadas. A estudante relata que frases de indignação são comumente ditas por quem se aproxima do telão, e que as manifestações de apoio e busca por justiça têm sido frequentes.

O banner colocado na tenda atesta o que é dito pela voluntária: em pouco tempo, quase todos os espaços em branco foram preenchidos com mensagens de afeto e luta escritas pela população santa-mariense que transita pelo local. Alguns familiares também têm buscado, em determinados momentos do dia, assistir ao júri na tenda.

“É uma experiência única [ser voluntária de apoio psicossocial]. Espero que seja feita a justiça, porque a dor dos familiares é muito grande”, diz Natália.

Memória coletiva

O outro local de Santa Maria a passar o júri da Kiss é o Clube Comercial, localizado na rua Venâncio Aires. Lá, no segundo andar, um telão também transmite o evento em tempo real. Mas não é só isso. Na sala posicionada em frente a este ambiente, está exposta uma grande colcha de retalhos, costurada desde 2013 por estudantes do curso de Terapia Ocupacional da UFSM.

No mesmo ambiente, há canetas, tintas, papéis e macas. Isso porque ali são ofertadas, pelo Coletivo de Apoio às Vítimas e Sobreviventes, uma série de Práticas Integrativas e Complementares, a exemplo de massagem, acupuntura, auriculoterapia e reiki. Todas essas atividades têm por objetivo amenizar, ainda que momentaneamente, os gatilhos de ansiedade e sofrimento trazidos pela rememoração da tragédia.

Monalisa Dias é antropóloga, docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e do departamento de Saúde Coletiva da UFSM. Tendo trabalhado com a boate Kiss em seu projeto de pós-doutorado, hoje ela integra o coletivo de apoio psicossocial, permanecendo, desde a quarta, em turnos revezados, no Clube Comercial.

Para ela, o envolvimento da UFSM, seja a partir de seus servidores e estudantes, seja no âmbito da extensão, da pesquisa ou dos atendimentos prestados no Hospital Universitário, é fundamental…”

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