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BRASÍLIA. Leia a nota do diretor da Anvisa, Antonio Barra Torres, contra o presidente Jair Bolsonaro

Diretor-presidente da Anvisa fez cobranças ao presidente da República

Antonio Barra Torres rebateu as críticas de Jair Bolsonaro ao trabalho da Anvisa. Foto Leopoldo Silva / Agência Senado

Por Maiquel Rosauro

O diretor presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, divulgou na noite deste sábado (8) uma nota em que rebate comentários do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a vacinação de crianças.

“Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar”, diz trecho da nota.

Barra Torres também cobra que Bolsonaro se retrate, caso não possua tais informações.

Na quinta-feira (6), o presidente da República minimizou o número de mortes de crianças pela doença e colocou em dúvida a honestidade dos profissionais da Anvisa por terem aprovado a vacinação infantil contra covid-19. Por consequência, os técnicos da agência vêm recebendo diversas ameaças, que são investigadas pela Polícia Federal.

Confira, na íntegra, a nota de Barra Torres:

Nota – Gabinete do Diretor Presidente da Anvisa, Sr. Antonio Barra Torres

Em relação ao recente questionamento do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, quanto à vacinação de crianças de 05 a 11 anos, no qual pergunta “Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí?”, o Diretor Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, responde:

Senhor Presidente, como Oficial General da Marinha do Brasil, servi ao meu país por 32 anos. Pautei minha vida pessoal em austeridade e honra. Honra à minha família que, com dificuldades de todo o tipo, permitiram que eu tivesse acesso à melhor educação possível, para o único filho de uma auxiliar de enfermagem e um ferroviário.

Como médico, Senhor Presidente, procurei manter a razão à frente do sentimento. Mas sofri a cada perda, lamentei cada fracasso, e fiz questão de ser eu mesmo, o portador das piores notícias, quando a morte tomou de mim um paciente.

Como cristão, Senhor Presidente, busquei cumprir os mandamentos, mesmo tendo eu abraçado a carreira das armas. Nunca levantei falso testemunho.

Vou morrer sem conhecer riqueza Senhor Presidente. Mas vou morrer digno. Nunca me apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa. Prezo muito os valores morais que meus pais praticaram e que pelo exemplo deles eu pude somar ao meu caráter.

Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar.

Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate.

Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente.

Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário.

Antonio Barra Torres

Diretor Presidente – Anvisa

Contra-Almirante RM1 Médico

Marinha do Brasil

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