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Pensamentos sobre a situação em que nos encontramos – por Elen Biguelini

Ser brasileiro em 2022 não tem sido fácil. Uma semana nos deparamos com diversas expressões de racismo e desejo de destruir a discussão sobre os preconceitos de raça na sociedade brasileira. Na semana seguinte, discussões sobre a validade de punição aos nazistas, a probabilidade de criação de partido defensor da tortura e signos nazistas expressos abertamente.

Todo historiador sabe que mudanças de século trazem mudanças sociais e econômicas. Assim, as primeiras décadas de um novo século sempre apresentam embate entre avanço e retrocesso. O início do século XIX foi assim, com relação a situação da mulher que piorou imensamente entre finais de setecentos e início de oitocentos. Foi assim no início do século XX, quando os avanços tecnológico trouxeram guerras. É assim no inicio do século XXI onde os avanços sociais são questionados pelos conservadores.

É muito triste, no entanto, ver que nada foi aprendido nas guerras do século XIX. A era do totalitarismo parece não ter acabado. O fascismo ainda ronda à beira de todos, mostrando sua cara novamente e novamente e novamente e novamente.

A temática, no entanto, não foi apenas assunto de discussão no Brasil. Durante as últimas décadas partidos de extrema direita, ou seja, que conversam com o nazifascismo, tem crescido exponencialmente.

Como alguém que não viveu a segunda guerra mundial, a articulista se vê agora na mesma situação que muitos daqueles que previram a ascensão de Hitler, que avisaram abertamente.

O movimento Ele não já avisava há muito tempo. A aceitação de posturas preconceituosas e totalitárias poderia aumentar o número de fascistas e neonazistas que não mais teriam medo de mostrar seus rostos e suas marcas.
Defender o nazismo, apologia ao nazismo, são crimes! A lei nº 7716, de 5 de janeiro de 1989, em seu 20 artigo afirma ser proibido “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência natural”. O seu primeiro parágrafo adiciona é que proibido fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo” Estes crimes devem ser punidos não apenas pela sociedade, mas também à nível criminal, visto que tem como pena prevista reclusão de doía a cinco anos e multa.

Isso não foi feito anos atrás quando torturadores eram exaltados em plena Câmara, não foi feito quando imitando ao chefe da propaganda hitlerista um político bebeu leite e outro parafraseou um nazista, mas PRECISA ser feito agora.

Não podemos continuar pisando com os dedos sobre o fascismo, logo iremos cair no chão e esquartelarmos sobre ele se não criarmos defesas. E a defesa é a PUNIÇÃO.

Como historiadora, o papel da articulista é alertar. Mas pensamos que este alerta infelizmente já vem tarde. Muitos avisaram e espero que a sociedade como um todo se una neste momento em luta pela democracia.

*Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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