O Governador sai, o Estado fica – por Giuseppe Riesgo
“O governo de (Eduardo) Leite não padeceu pela inépcia, mas pela presunção”
A renúncia do governador Eduardo Leite antecipa o processo de avaliação de seu governo, bem como antecipa o processo de escolha do seu substituto. O governo de Eduardo Leite, como tenho reiterado, teve seus méritos. Seria irresponsável negar a conjuntura fiscal herdada e, tampouco, ignorar que estamos em situação melhor do que há pouco mais de 3 anos.
O governo de Leite não padeceu pela inépcia, mas pela presunção. Do marketing exagerado às vitórias sempre tivemos, nesses 3 anos, que encontrar as verdadeiras razões de suas propostas nunca tratadas com a devida transparência junto ao Parlamento gaúcho. Baseado numa ampla coalisão que lhe deu folgada maioria, o governo – como se diz no jargão político -“patrolou”. Assim, governando com um núcleo técnico e um agenda de reformas que (a bem da verdade) se impunham, Eduardo Leite privatizou, reformou a previdência estadual e conseguiu controlar as despesas reformando boa parte das carreiras do funcionalismo público (rubrica de maior impacto fiscal).
No entanto, reitero, seu governo padeceu pelo excessivo marketing político apresentado. Julgou, por diversas vezes, que levaria o Parlamento na conversa. Protocolou uma acintosa “reforma tributária” que, além de não reformar nada (afinal, em nível estadual isso é impossível), apenas reordenava os tributos e consolidava o aumento de impostos no lombo de nós gaúchos. Ou seja, o ICMS elevado que era para ser temporário, se tornaria permanente pela proposta de Leite. Um escárnio denunciado por nós e cinicamente negado pelo governador.
Além disso, o Estado se beneficiou dos recursos oriundos do governo federal na pandemia e da conjuntura inflacionária que impactou positivamente as receitas. Com essas circunstancias – e um ano de atraso -, os impostos voltaram aos patamares originais, com forte propaganda do governo e a devida omissão dessa condição externa favorável (o mesmo tipo de propaganda utilizada para louvar a adimplência da folha salarial do funcionalismo estadual).
Por fim, fez um acordão com o PT (sim, o PT!) para prorrogar os impostos majorados com a desculpa de comprar vacinas que nunca foram compradas, mentiu que extinguiu impostos e teve uma atuação bastante contestável no combate ao coronavírus (apesar de, diariamente, vendê-la como técnica e seguidora de uma suposta ciência que ainda está à prova no tempo).
Millôr dizia que o perigo de uma meia verdade é você dizer exatamente a metade que é mentira. O Governador Eduardo Leite usou, reiteradamente, desse subterfugio para esconder suas reais intenções programáticas e os seus verdadeiros anseios políticos. Ambições denunciadas por nós e que, agora, se desnudam numa tentativa de chegar à Presidência da República em contestação às prévias feitas em seu próprio partido. Desejo sorte ao governador na tentativa. Espero que este tempo no Palácio Piratini lhe tenha entregue a sabedoria necessária para propor ao país uma agenda efetiva de reformas em prol de mais liberdade e desenvolvimento socioeconômico. Afinal, de meras narrativas e marketing eleitoral nós todos já estamos bem cansados.
(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.
Surrealismo se instalou no estado. IPE Saúde quebrado. Dinheiro para rodovias federais. E a divida para com a União, divida estadual federalizada lá atrás, com pagamento suspenso (se não me engano) por uma liminar do STF de um ministro que não está mais lá. Acordão (não acórdão) entre tucanos e petistas que também acontece na urb. O que leva ao questionamento, Dudu, o impostor, é mesmo terceira via? Ou é mais uma cria do establishment que pretende manter o status quo? Resumo da ópera é simples, na politica esta valendo tudo, como sempre foi. Porém está muito evidenciado, dai o descredito.