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O quase alívio francês – por Leonardo da Rocha Botega

“Penetração popular da extrema-direita relativiza ‘alívio’ da vitória de Macron”

No último domingo, 24/04, os franceses retornaram às urnas para o Segundo Turno de suas eleições presidenciais. A disputa parecia ser uma repetição daquela ocorrida cinco anos antes. Novamente colocavam-se como opções o outsider Emmanuel Macron e a candidata da extrema-direita Marine Le Pen. Mais uma vez, os partidos históricos da Quinta República, republicano e socialista, ficaram de fora da disputa. Aliás, sequer chegaram perto de serem uma opção concreta no embate pela presidência do país.

Assim como em 2017, novamente as urnas decretaram a vitória de Emmanuel Macron. Mais uma vez, as forças do campo democrático, com maior ou menor entusiasmo, garantiram, muito mais do que a reeleição do atual presidente, a não chegada ao poder de uma força política que é vista como uma ameaça aos valores que tanto os franceses parecem (ou pareciam) cultuar: a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Um alivio? Em partes.

A nova vitória de Emmanuel Macron não pode ser vista e interpretada à luz do que vimos cinco anos atrás. Em primeiro lugar, os resultados não foram os mesmos. Em 2017, Macron obteve 66,10% dos votos, agora obteve 58,5% dos votos. Marine Le Pen, que em 2017 teve 33,90% dos votos, saltou para 41,5%. Tal fato levou-a inclusive a declarar no discurso onde reconheceu a derrota que as eleições haviam transformado a Frente Nacional em “uma forte opção de governo para daqui a cinco anos”.

Uma projeção bastante concreta diante de uma realidade que a fez vitoriosa em mais de duas dezenas de departamentos. Em 2017 havia vencido em apenas dois. E aqui temos o segundo fator de preocupação que relativiza a vitória de Macron: boa parte destes departamentos se situam em áreas de moradia das camadas populares da França. Essa territorialização dos votos, assim como os quase 42% de votos, demonstra uma forte penetração popular da extrema-direita no país.

Essa forte penetração popular de um grupo político que critica o paradigma dos direitos humanos, que não esconde sua xenofobia, que despreza as minorias, que relativiza a colaboração do Regime de Vichy com a ocupação nazista (episódio profundamente traumático na História Francesa), não pode ser secundarizada. É essa penetração popular que nos faz relativizar o “alívio” da vitória de Macron. Um relativismo que parece não estar na ordem do dia do próprio Macron. Dias após o recado dado pelas urnas, o presidente reeleito parece querer seguir justamente com a causa dessa penetração: o neoliberalismo zumbi que há décadas hegemoniza uma França que não percebe os perigos de estar se transformando em um arremedo do que foi um dia.

(*) Leonardo da Rocha Botega, que escreve no site às quintas-feiras, é formado em História e mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM, Doutor em História pela UFRGS e Professor do Colégio Politécnico da UFSM. É também autor do livro “Quando a independência faz a união: Brasil, Argentina e a Questão Cubana (1959-1964).

Nota do Editor. A imagem de Emmanuel Macron, Presidente reeleito da França, discursando a eleitores após vitória no segundo turno em 2022, é uma reprodução obtida na internet.

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Um Comentário

  1. Macron é um liberal, são os franceses que assim dizem. A esquerda tenta direcionar o voto pelo que os candidatos representam e não pelo que eles fazem na pratica, sem esquecer a ‘perspectiva de um futuro melhor’ que nunca chega (o pais não vai virar um comercial de margarina). Simples assim. O numero mais importante da eleição francesa são os 28% de abstenção. Ou seja, a grande maioria não votou no candidato eleito. Nesta parte algum imbecil vem com uma desculpa teorica, o ‘sistema é assim’, ‘quem não votou não pode reclamar’ e outras asneiras. Imigrantes e refugiados trazem problemas, a maioria dos paises tem problemas que não solucionou ainda e dependendo do numero de pessoas que entram o sistema pode colapsar. As pessoas vivem no mundo não numa tese academica. Direitos humanos, apesar de ser muito bonito no papel, são uma grande hipocrisia. Primeira declaração, durante a Revolução Francesa, aconteceu em agosto de 1789. Em 1793 e 1794 veio o Terror. Mais, Brasil está cheio de socialistas/comunistas com o dinheiro e perrengue dos outros. Tomar decisões (e julgar os outros) quando não se paga o preço, não se sofre as consequencias, é muito facil. Resumo da opera: se a população por aqui ficar descontente o establishment pode cair. Para que isto não aconteça alguma cabeça tem que rolar. Simples assim.

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