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Sobre amor – por Orlando Fonseca

Posso dizer que Santa Maria tem um caso de amor com a sua Feira do Livro. E não falo apenas por mim, lembrando o quanto ela tem significado em minha vida, mas observando a movimentação que começa a tomar conta da cidade. Assim que os primeiros equipamentos começam a ser erguidos na Praça Saldanha Marinho, e as barracas dos livreiros começam a ser montadas, há uma sensação de renovada paixão tomando corações e mentes dos santa-marienses. Ao se aproximar o dia de abertura, planos começam a ser feitos para a visita ao local, que, com as inúmeras atrações programadas, acaba se repetindo ao longo de duas semanas. Sintoma altamente positivo de nossa vocação como Cidade Cultura, a Feira do Livro é o maior evento de nossa cidade, capaz de atrair pessoas de diferentes segmentos, até mesmo de cidades próximas. Feira e amor, comecei falando desses dois temas para fazer um anúncio – e um convite – mais adiante neste texto. Vem comigo.

Temos no calendário turístico uma agenda interessante na área da religiosidade, no comércio, nas datas cívicas. No entanto, nenhum desses acontecimentos programáveis é capaz de atrair tanta gente e de modo tão democrático. A celebração do livro, em um mundo que vai se transformando por obscurantismos, negacionismos e fundamentalismos, é um alento. Pois repõe a ciência, a arte e a filosofia no centro dos interesses pela construção de humanismo. E nada melhor do que fazer isso em meio à construção de afetos, de fraterna solidariedade. Livros, livros a mão cheia, ofertados pelos livreiros com descontos, livros em balaios de saldos, tudo é uma festa para o espírito. Em tal situação, valho-me do poeta: “Oh! Bendito o que semeia/ Livros à mão cheia/E manda o povo pensar!”, Castro Alves não estava pensando em nossa Feira, mas é como se o fizesse, pois o congraçamento entre os que distribuem as obras e aqueles que as procuram é que torna o evento um momento de elevação cidadã.

Os números têm falado por si, a respeito desta relação apaixonada que temos com a nossa Feira. Mesmo em tempos de pandemia, crise econômica e desfavores da conjuntura em nosso país, os livros estiveram à disposição. Aliás, os indicadores de agências especializadas dão conta de que, dentre os segmentos culturais, o editorial teve um incremento nos últimos anos. Neste ano de 2022, quando a Feira do Livro, em sua 49.ª edição, retoma a sua grandeza, são anunciados 120 lançamentos, com a participação de mais de 200 escritores, a grande maioria residente em nossa cidade. Como diz a Secretária de Cultura, mais “do que um evento, a Feira é a promoção do livro e da leitura na Praça Saldanha Marinho, ponto mais central de Santa Maria. Vão ser 16 dias da efervescência literária. De arte, música e cultura. A Feira atrai visitantes de todo o Estado, até de outros Estados do país, e movimenta uma cadeia econômica por duas semanas. Potencializa o turismo em torno da cultura e da educação”, destaca Rose Carneiro, em uma fala plena do orgulho que toma conta de quem tem amor por Santa Maria.

A primeira vez que participei, como escritor, da nossa Feira, foi em 1981, em uma coletânea de crônicas com o poeta Humberto G. Zanatta: Coração ralado. Depois foram muitas as vezes em que tive a honra de autografar meus livros e compartilhar edições com escritores locais. Razão pela qual, em 2005 fui escolhido Patrono da Feira do Livro. Agora o anúncio: há 20 anos, um grupo de autores tem-se mantido unido por afinidades que vão do gosto pela leitura à condução de projetos editoriais. A Turma do Café, como nos identificamos, estará lançando, no dia 5 de maio, o seu vigésimo livro: Todo amor vale um conto. O Rangel, o Candinho, o Francisco, a Tânia, o Vítor, o Raul e eu estaremos autografando no Palco do Livro, às 17h. E o convite: não apenas porque queremos que nossa publicação circule, mas porque queremos compartilhar com nossos amigos um grande momento, estaremos esperando os amigos para celebrarmos este amor que temos pelos livros, pela nossa cidade e pela nossa Feira.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

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