Operação Tranquilidade – por Orlando Fonseca
Em uma folha de caderno encontrada próxima a uma escola municipal, de uma cidade muito, muito longe daqui, lá no interior do interior de um estado brasileiro, revela-se um plano de vingança (segundo investigações policiais) elaborado por um aluno de 13 anos. Vários atores desse evento se manifestaram:
Imprensa: O aluno planejava um ataque armado contra seis colegas e uma professora, além de prever o uso de explosivos.
Mãe de um aluno: Nossa, onde é que vamos parar?
Comentarista conservador: Essas crianças de hoje, que passam horas jogando na internet, só querem saber de violência.
Outro comentarista: E estudar que é bom, nada.
Articulista articulado: Nunca se deve desprezar ameaças, principalmente as que aparecem cifradas.
Pessoa que encontrou o papel: Entregar às autoridades ou não entregar? Eis a questão!
Outra pessoa que passava na hora: Entrega para a direção da escola.
Um popular questionador: E se eles botarem panos quentes?
Um especialista: Trata-se de uma questão manifesta em um universo global. Não é só em nível brasileiro ou regional.
Leitor desatento: Não entendi nada.
Outro especialista: Mesmo que seja um fenômeno social que se dimensiona como pandemia, está a exigir soluções locais imediatas.
Ombudsman de um grande jornal: Divulgar estas tragédias e alimentar o imaginário geral, ou silenciar e não produzir reflexões em gente sensata?
Editor da imprensa marrom: E perder uma oportunidade dessas?
Político da oposição: O problema tem se agravado por causa da política de flexibilização do porte de armas. A gurizada passa a achar que tudo pode se resolver com um tiroteio.
Adolescente ligado: É isso aí, tio, o bagulho tá muito doido mesmo.
Adolescente desligado: Gente mais estressada, o garoto só tava zoando, tá ligado?
Político da situação: Sempre sobra pro governo, vocês não têm mais o que fazer?
Um Negacionista: Isso é só coisa de alarmista, onde já se viu, a polícia se preocupar com um desenho infantil.
Assistente pedagógica: O caso exige um cuidado mais pontual, de acolhimento do aluno e atenção para com a comunidade.
Professora: Ele sempre me pareceu um garoto bonzinho, tinha a mania de desenhar suásticas em cima da classe, nas folhas dos cadernos, mas fora isso, um aluno tranquilo.
Direção da escola: Os pais e alunos não precisam se preocupar, isso foi um caso isolado.
Ministério Público: Fomos ao local, examinamos os vários pontos e podemos garantir a tranquilidade de todos.
Mãe de uma aluna: Eu é que não mando mais a minha filha para a escola.
O cronista: Eu ficaria com uma pulga atrás da orelha, aliás, estou aqui tentando entrar em um acordo com ela.
Pulga atrás da orelha: Não tenho nada a ver com a treta, me inclui fora disso.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Aguas do Pacifico, ia esquecendo, estão mais de meio grau abaixo da media Ainda estamos no La Nina. Dizem que 70% do territorio argentino esta com deficit hidrico. Como fica o trigo? Noutro dia, do saco para a mala, um sujeito previu que o Magazine Luiza iria quebrar. Explicando redarguiu ‘Mesbla, J. H. Santos..’, mais uma meia duzia. Empresas de varejo quebram no Brasil todo ano praticamente. O Expresso, A Razao, não terminaram por Ato Divino. Muita gente contribuiu para o resultado. Resumo da opera: FEBEAPA voltou com uma vingança.
Canadá até outro dia estava em ‘estado de emergencia’. Na Holanda governo baixou legislação limitando as emissões de carbono. Atingiu inclusive o agro, ameaça de interrupção das operações de produtores por agentes do Estado, etc. Problema é que as mudanças inviablizam muitas atividades. Levou a protestos e até um trator foi alvejado por policiais. Sim, porque para quem não notou ainda, problema da energia não é so por conta da Ucrania, ha governos (inclusive o ianque) forçando a mudança de matriz energetica e astuciosamente colocando na conta do Putin.
O que leva de volta ao assunto ‘imprimir dinheiro e aumentar impostos que não aumenta a inflação’. Na Argentina colocaram uma ministra socialista dizendo que iria imprimir mais e o resultado foi aumento de preços em 20% no intervalo de uma semana e desabastecimento. No Chile terminaram o rascunho da nova Constituição, vai a referendo em Setembro. Detalhe mais de 55% dos eleitores não votaram para eleger constituintes. Sistema de saúde será melhor que o britanico e a previdencia melhor que a holandesa. The Economist alertou que, obviamente, a conta não fecha (ou seja, ‘investidores fiquem longe’). No outro lado do mundo, Republica Democratica Socialista do Sri Lanka, antigo Ceilão, uma ilha ao sul do subcontinente indiano. Crise, ‘vamos imprimir dinheiro, teoria monetaria moderna, ‘temos base teorica’, etc. Inflação oficial bateu nos 55%, nos alimentos bateu nos 80%. População invadiu o palacio presidencial, presidente fugiu do pais e aparentemente renunciou.
Decadas atras a esquerda andava com Michel Foucault na cabeça. Desmanicomialização (algumas instituições eram açougues). Reforma psiquiatrica. Fecharam tudo, mandaram gente para as familias, muitas não receberam, outras não tinham como, aumentaram os moradores de rua (semantica nao muda nada), saude mental virou coisa da Globo. Mais uma ideia ‘bonita’ que virou um festival de problemas.
Papel encontrado deveria ter sido entregue a autoridade policial. Montou-se um circo depois, mas ninguem é obrigado a acompanhar o caso Vide assassinato do ex-premier japones, virou propaganda anti-armamento por aqui. Asneira, mafia por lá tem revista semanal para os fans e os ‘soldados’ precisam de autorização para utilizar arma de fogo ou branca. Maioria das controversias é resolvida ‘no braço’. Alás, em 2017 aconteceram 183 homicidios com arma branca no Japão Apunhalamentos em massa aumentaram por lá na ultima decada. Em maio de 2019 Ryuichi Iwasaki, 51 anos, matou um homem de 39, uma menina de 12 e feriu outras 15 crianças com idades entre 6 e 12. Estavam esperando o onibus.. Em 2008 um desempregado matou dois e feriu 7. Em 2008 um individuo matou dois e feriu 7. Outro, mesmo ano, matou 7 e feriu 10. Não tinha amigos e segundo nota se achava feio.