Robôs x desempregados – por Orlando Fonseca
As mudanças que acontecem paulatinamente, via de regra, são ignoradas pela maioria da população. Aquelas transformações estruturais que envolvem comportamentos, costumes, produção e trabalho, relações com equipamentos e máquinas, que levam de roldão a galera, que, quando se dá conta, já está com um aparelho novo, ou fora do sistema. Para o cidadão comum, isso até pode ser considerado normal, mas não pode ser para o gestor, seja ele público ou privado. Quando se fala em termos de políticas públicas, que envolvem legislação, recursos públicos e programas específicos, é crucial que se antecipe o mais possível para que o país não seja tomado de surpresa. Refiro-me ao fato de que, em cerca de duas décadas, mais da metade das ocupações que existem hoje no Brasil podem desaparecer. Esta conclusão não é da aminha imaginação, veio de pesquisadores que usaram como base o modelo da Universidade de Oxford, Reino Unido, adaptando os cálculos para o mercado de trabalho brasileiro.
Entretanto, veja bem, não será um humanoide com perna e braço que vai substituir você, caro leitor. Essa entidade mecânica, com tal capacidade, ainda não existe no ambiente da Inteligência Artificial. Os cérebros eletrônicos da indústria computacional e da rede mundial de computadores é capaz de operações complexas que, em tempo normal, somos incapazes de processar. Os robôs e robozinhos, os gadgets dos celulares e de equipamentos domésticos já fazem muitos trabalhos simples, mas ainda não são capazes, realmente, de operar como um ser humano. Entretanto, a robótica usada hoje em larga escala pela indústria, e os instrumentos de comunicação do e-commerce estão promovendo demissões em massa ao redor do planeta, na porção dos países mais desenvolvidos. Isso é o que temos para o momento, porque o que se anuncia para países como o nosso, nos próximos anos, é muito pior.
Os pesquisadores apontam que a proporção de empregos que podem ser automatizados tende a ser maior nos países em desenvolvimento do que nos desenvolvidos. As atividades com menor demanda por especialidade, no sentido humano, é que está se valendo massivamente de máquinas, cada vez mais sofisticadas em termos de operações através de inteligência artificial, georreferenciamento e internet. Eles calculam que 58,1% dos empregos no país podem desaparecer no período, devido à automação, considerando as tecnologias já existentes. Esse estudo conclui que trabalhadores no setor informal têm maior chance de ver seus empregos serem substituídos por máquinas do que aqueles com carteira assinada. Por outro lado, as profissões com menor chance de substituição são aquelas que exigem interação e empregam subjetividade humana, ainda as que envolvem habilidades para resolver situações em que as emoções são predominantes, resume um dos pesquisadores. Um trabalho com grande exigência de criatividade/originalidade está mais protegido, assim como ocupações que exigem habilidades motoras finas ou são realizadas em ambientes pouco estruturados. Ironicamente, o Brasil pode estar protegido, porque ainda temos muitas barreiras para o avanço tecnológico: dificuldades de importação de equipamentos, necessidade de treinamento de funcionários e a competitividade nesse ambiente de alta tecnologia.
A minha pergunta para o caso é: como a escola e a universidade, ou seja, o sistema de ensino em geral está se preparando para essa realidade? E as perguntas não param, porque o que será feito com o excedente do trabalho humano? Como podemos ter um apagão de mão de obra, o que se prepara para essa desaceleração do desenvolvimento, da mesma forma, o que será da multidão de jovens desempregados? Os especialistas apontam que é por meio de políticas efetivas que o país poderá evitar a perda maciça de empregos devido à automação, nas próximas décadas. Se nada for feito, em termos de políticas públicas para o setor, em dez anos estaremos falando de uma crise, quando poderíamos estar celebrando uma nova realidade de progresso e pleno emprego.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Resumo da opera: politicos imbecis tentando resolver problemas que não se sabe como irão se materializar mais provavelmente irão criar mais problemas e não resolverão nada. Brasil tem tempo, o atraso garante a possibilidade de observar o que acontece nos paises desenvolvidos e reagir de acordo. Racionalmente é necessario resolver os problemas que já temos (que estão ai há decadas) e deixar a bola de cristal academica de lado.
‘Politicas publicas’, ‘politicas efetivas’, pó de pirlimpimpim. É o mesmo que dizer nada. É o mesmo que dizer que algo precisa ser feito, não se sabe o que. Espertos falam que o(a) profissional tera que ser adaptavel e o aprendizado constante. Universidade/sistema de ensino em geral é altamente conservador, vai continuar fazendo o que sempre fez. Algum malabarismo propagandistico para passsar a imagem de que sabe o que esta fazendo. Vide ‘interdisciplinaridade’, qualidade do ensino caiu. Moda que ‘resolveria os problemas’. Vide idade media, corporações de oficio. Tinha os aprendizes (os bolsistas de iniciação cientifica), os jornaleiros (os mestres) e os mestres-artesões (os doutores). Para atingir o grau de mestre-artesão era necessario produzir uma ‘obra prima’ (a magnum opus), ou seja, academicamente uma tese original na academia. Alas, neste setor, principalmente no Brasil, há um problema adicional. Basta ter o titulo e ler algum livro para ser considerado ‘especialista’. Gente com 30 anos de serviço publico que nunca tiveram uma barraquinha para vender pipoca são especialistas em ‘inovação’, não raramente em tecnologias que não compreendem.
Pesquisadores provavelmente são do ramo da economia. Afirmações muuito genericas que dizem nada. Esquerdistas muito provavelmente. Carteira de trabalho assinada impede os efeitos da automação. Só dando risada. Vide linha de montagem de automoveis. Antigamente um bando de empregados pintava as carrocerias dos veiculos. Agora o trabalho é feito por robos. O controle de qualidade da pintura ainda é feito por humanos (em numero bem menor). Os pintores que tinham carteira assinada não trabalham mais com isto. Linha de montagem eletronica. Antigamente os componentes eram encaixados numa placa por pessoas e soldados. Depois só encaixados, uma maquina soldava. Linhas mais modernas é tudo feito de maneira automatica. Mercado informal? UBER. Começou com aluguel de carros de luxo e depois foi substituir o taxi. Surgiu num pais onde o mercado de trabalho é bem mais desregulamentado, onde o ‘bico’ é mais comum.
Promessas da tecnologia estão atrasadas. Veiculos autonomos ainda não decolaram por exemplo. A maior causa de encerramento de postos de trabalho no ocidente nas ultimas decadas foi a migração da manufatura para a China. Que negocia pesado. So compra materias primas, quer ficar com os empregos porque também precisa. Inteligencia Artificial consciente aparentemente está longe. Há um caveat, um mantra no setor, tudo o que se ve, toda tecnologia que é publica, mesmo a mais avançada, está 10 anos atrasada.
Gestor privado tem uma missão bem clara, acompanhar as mudanças tecnologicas faz parte do trabalho, é risco competitivo. Gestor publico não tem preocupação com a ‘sobrevivencia’. Recursos publicos tem origem na economia privada. Governantes (gestor seria admitir que sabem algo de gestão, o que é raro) são pessoas que na iniciativa privada dificilmente atingiriam o mesmo grau de destaque que têm no setor Estatal. Vide o alcaide local, são muito poucos advogados por aqui cujo escritorio fatura 350 mil por ano (fora outros beneficios). Resumo é simples: como os politicos vão intervir num setor que não conhecem, sem o minimo de formação? Fazendo audiencias publicas e discutindo o assunto por uma decada? Alas, os recursos publicos dependem do mercado de trabalho, como já ficou bastante evidente não funciona simplesmente imprimir dinheiro.
Sim e não. Primeiro porque ‘população’ é muita gente, algo que no Brasil esta muito longe de ser homogeneo. População em Santa Maria é muito diferente da que habita o Vale do São Francisco por exemplo. Tecnologia, alem disto, não é difundida na mesma velocidade em todo planeta. Vide o 5G. Em muitos lugares nem o 4G esta disponivel, e o 4G LTE é coisa da Globo. Pesquisadores? Quais? Universidade de Oxford: bom e velho carteiraço academico.