Não custa lembrar. Só têm graça CPIs que interessam à sociedade, e não apenas a grupos
Olha só a nota que publiquei na madrugada de 27 de maio de 2007, um domingo:
Pode crer. CPI do vento cortante nunca esteve tão distante no horizonte do Congresso
Você já deve ter lido, inclusive aqui, do desinteresse de deputados e senadores em fomentar, quanto mais criar, uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar politicamente (sim, o Congresso é um poder político, não policial) os efeitos da Operação Navalha. A ação da Polícia Federal desnudou as relações cortezes, até demais, entre representantes do Executivo e do Legislativo e uma empreiteira grandona, a baiana Gautama.
O desapego pela criação da CPI tem razão óbvia, embora desagradável do ponto de vista da sociedade: ninguém sabe no que ela poderia dar. Aliás, pressente-se: mais gente graúda poderia ser atingida, inclusive no Senado e na Câmara dos Deputados. Que motivação objetiva teriam os edis federais em criar algo que, inevitavelmente, os deixariam em maus lençóis? Pois é… Pois é…
No entanto, e apesar da inequívoca má vontade parlamentar na criação da CPI, insuflado (no melhor sentido do termo) pela opinião publicada, chegou-se a imaginar que sim, seria possível instalar a investigação. É? Não. Não é. Tanto que...
Para conferir a íntegra da nota, acesse aqui.
PASSADO EXATAMENTE UM ANO da publicação da nota acima, em vez de modificar, cada vez solidifico mais minha opinião. Passou o tempo em que as CPIs eram o legítimo instrumento das minorias parlamentares, em todos os níveis, de questionar as ações do poder público, a partir de fundadas razões. Hoje, elas só são formadas (não obstante o discurso moralista) quando podem atingir os adversários. Que podem ser um aqui, outro no Estado e um terceiro em Brasília. O interesse público? Pfffff…
Ah, sabe por que não aconteceu a CPI que apelidei de vento cortante? Simples: toooodos tinham culpa no cartório. Então, qual seria a graça? A sociedade? Hehehehe!!! Por razões opostas, isto é, podem atingir alguém do outro lado, mesmo que a Polícia Federal esteja melhor equipada, vale a pena a CPI do Detran, no Estado, e a do Idort, em Santa Maria. O interesse é apenas o de grupos, não o da comunidade – que esta é bem melhor servida pela ação da PF e do Ministério Público. É, foi-se o tempo em que Comissão Parlamentar de Inquérito era coisa séria.
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