Por Pedro Pereira / Com tabela do site Salão Oval)
Passadas oito rodadas de disputas válidas pela Conferência Sul, e nove semanas – ou cerca de dois meses – em um panorama geral da Liga BFA, duas equipes já se classificaram para a próxima etapa e uma deu adeus à competição: a dupla rubro-negra Timbó Rex e Canoas Bulls e os paranaenses do Moon Howlers, respectivamente.
O Santa Maria Soldiers, o Itajaí Almirantes e o Istepôs FA são outros clubes que estão praticamente classificados para a próxima fase, com duas vitórias cada. A última vaga fica entre Porto Alegre Pumpkins, Jaraguá Breakers, União da Serra, JEC Gladiators e Bulldogs FA. Confira a tabela:
No próximo sábado (20), quatro partidas estruturam a penúltima rodada do grupo regional. Metade delas acontece no Rio Grande do Sul e as outras duas serão realizadas em Santa Catarina. Ainda faltam duas rodadas para a finalização do certame.
Dessa forma, os times e os admiradores do esporte da bola oval já tiveram tempo de sobra para analisar as mudanças nos embates interestaduais após o hiato de dois anos causado pela pandemia da Covid-19.
Assim, o Site conversou com representantes das equipes que participam do torneio a fim de descobrir suas opiniões e avaliações sobre o campeonato da Região Sul do país.
Leia abaixo as impressões de cada time:
Anderson Soares, coordenador defensivo do Bulldogs FA:
“Ao meu ver, o nível do primeiro Campeonato Gaúcho pós-pandemia foi baixo. Era esperado que houvesse uma queda da maioria dos times e atletas, mas eu vejo que agora, no segundo semestre, vem tendo uma melhora. O nível já vem subindo, já vem acontecendo jogos melhores. A tendência é que pra próxima temporada se estabeleça um nível melhor do que em 2019, de repente.”
“Sobre o time, apesar das duas derrotas, o projeto que a gente estipulou como estreia na BFA e no cenário nacional tem como pretensão criar uma base forte e ir melhorando. O time tem contado bastante com novatos pegando bastante experiência e tá funcionando bem. Usar a BFA esse ano pra manter um time sólido pra se preparar melhor pras próximas temporadas. Até, por esse motivo, o time não fez investimentos muito grandes pra competição esse ano.”
João Paulo Simonato, head coach do Istepôs FA:
“Um nível técnico reduzido em relação ao que vinha sendo feito em 2019 e no início de 2020, das equipes em geral, era algo que a gente esperava depois desse tempo todo parado. De fato, era uma grande incógnita saber como as equipes voltariam depois de tanto tempo. Muita gente acabou parando de jogar, muita gente queria voltar e tava há muito tempo afastado. Tinham equipes que começaram a treinar antes, outras que não retornaram e acabaram recomeçando mais tarde.”
“Uma coisa que me surpreendeu positivamente nesses jogos que a gente tem feito e tem visto por aí na nossa Conferência é que os times continuam tendo um plantel bom. A gente via as equipes com um número de jogadores até maior do que eu imaginava. Isso já é algo positivo, que a gente tenha material humano bom, em termos de quantidade, pra continuar se desenvolvendo. Então, da mesma forma que o nível técnico subiu, teve uma renovação. Muita gente nova iniciando no esporte com possibilidades de contribuir com a nossa modalidade.”
Rodrigo Palaver, head coach do Porto Alegre Pumpkins:
“Por causa da pandemia, o nível foi o esperado, mas não voltou ao que era antes, em 2019. Se não tivesse pandemia, o nível seria bem mais alto.”
“A gente passou por uma “tempestade” no final do Campeonato Gaúcho e estamos nos remodelando durante o campeonato. Então, cada jogo para nós é um desafio muito grande. A gente não tem nada como certo, então a gente dá tudo de si porque nossas opções são vencer ou ir pra casa.”
Marcelo Roberto da Silveira, presidente do JEC Gladiators:
“A pandemia nos deixou sem saber direito o que esperar de muitas equipes. Dois anos pode fazer um bom estrago em qualquer elenco. Assim, ficamos no escuro com algumas decisões em relação a isso.”
“Tivemos boas perdas de elenco mas conseguimos manter uma boa base e duas seletivas antes do início do campeonato nos ajudaram a montar um bom time. O nível do torneio está dentro do esperado para as equipes da região. Equipes como o T-Rex, que tem um diferencial de trabalho, se mantiveram em alto nível. Outras, assim como nós, estão se recuperando e se reestruturando.”
Carlos Medeiros, head coach do Itajaí Almirantes:
“Nossa equipe está em reformulação. Trouxemos muitas contratações, alguns atletas com bastante experiência até. Eu mesmo sou um head coach de primeira viagem. Então, tudo para nós é muito novo. Antes de esperar algo do campeonato, estamos no processo de conhecer nossa equipe e entender quais são nossas possibilidades dentro da competição.”
“Sinceramente, nem olho tabela, ranking, e essas coisas. Eu não dou muita atenção. Mas enfrentar essas equipes é um ótimo momento para aprender. Colocar nosso projeto frente a frente com times de sucesso e bem estabelecidos nos dá a oportunidade de fazer uma auto-análise para buscar evoluir.”
Marco Coelho, head coach do Moon Howlers:
“Não esperávamos que, depois de tanto tempo parados, os times voltariam com a força que voltaram. Nós mesmos passamos por uma reconstrução enorme, alguns poucos atletas do time de 2019 voltaram, a maioria estava já com outros times. Em Curitiba tem muitos times e nós sofremos muito com isso porque nossos melhores jogadores estavam, tanto de ataque quanto de defesa, em outros times que começaram a se preparar antes da gente. Quando nós resolvemos retornar, já era um pouco mais tarde e aí tivemos essa dificuldade de recrutar nossos principais atletas.”
“Nosso desempenho foi abaixo do que esperavamos mas não dá para dizer que foi uma surpresa porque nós temos um time bastante jovem e em construção. Algumas mudanças ainda vão acontecer. Nós já fizemos reuniões entre a comissão técnica e a diretoria e fizemos alguns ajustes na nossa rota para 2023, em função do que nós vimos e achamos necessários para o ano que vem.
Bruno Francisconi, general manager do Jaraguá Breakers:
“Eu acredito que no formato anterior as coisas estavam mais equilibradas. Tendo BFA Elite (divisão de alto nível) e BFA Acesso (divisão inferior). Mas, em geral, está sendo interessante colocar times de menor expressão para jogar contra times de um nível maior, assim acaba que todos tem que evoluir.”
“Nós começamos mal na competição pois estávamos passando por uma reformulação muito grande. Eu assumi uma semana antes do jogo contra o Almirantes e, desde então, venho trabalhando muito para deixar o time com mais estrutura e mais forte. Foram quinze contratações, entre elas nosso head coach Clair José, que dispensa apresentações. A equipe está mais encorpada e treinando cada dia mais forte para tentarmos chegar nos playoffs ainda nessa temporada.”
Óscar Capuchino, head coach do Canoas Bulls:
“Considerando a pausa devido à pandemia, em que várias equipes não tiveram tempo de treinar em campo, acredito ser o nível que se esperava, além do fato de que muitas equipes tiveram que se reestruturar para sobreviver. No entanto, um bom nível foi exibido em vários jogos. Os playoffs serão muito competitivos.”
“Considerando que é a primeira participação dos Bulls na BFA, acho que as impressões são boas.
Porém, poderia ser muito melhor. Temos que amadurecer muito em questões técnicas, mentalidade e experiência. Somos uma equipe que ainda está crescendo e com certeza um dos nossos objetivos é ser protagonistas do futebol americano no sul do Brasil. Temos um grande desafio pela frente e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade. Jogar os playoffs é apenas parte da recompensa que a equipe merece e já estamos trabalhando para obter um resultado positivo.”
Bruno Takahashi, fundador do Timbó Rex:
“A gente já esperava que o nível do futebol americano nesse pós-pandemia ia ser mais baixo mesmo, mas a gente gostaria muito que isso fosse diferente porque, quando o nível baixa e as outras equipes continuam um trabalho sério, acaba interferindo no nosso trabalho porque parece que o futebol americano é meio que unilateral. Quando a gente vai pra jogos que existe um monólogo acaba sendo muito ruim porque tira a emoção do jogo e a força de um campeonato. Então, pra gente também não é bom esses jogos não tão acirrados. Acaba sendo ruim pro Rex e pras equipes estruturadas.”
“Sobre sermos uma das primeiras equipes classificadas para a próxima fase: a gente trabalha muito sério e faz com que as coisas aconteçam. Ainda tá muito longe de ser da forma que a gente gostaria, há muitos processos que ainda estamos engatinhando, fazemos da forma que dá e é possível, mas a gente trabalha muito aqui pra conseguir chegar num lugar mais alto através de muito esforço”.
Maurício Faé, coordenador defensivo do Santa Maria Soldiers:
“Me surpreendi positivamente. Teve uma evolução tática bem interessante nesse ano em relação aos anos anteriores à pandemia. Acredito que isso esteja ligado a essa pausa física e de jogos. Creio que muitos treinadores e, até mesmo jogadores, dedicaram bastante tempo ao estudo, a entender o futebol americano como um todo e isso está refletindo bastante nessa temporada. Talvez, fisicamente, não tenha sido a temporada mais intensa pra grande maioria das equipes, mas, taticamente, eu vi uma evolução bem grande. É um passo grande que o futebol americano aqui no Brasil tá dando nessa volta pós-pandemia.”
“O Soldiers, tanto na BFA quanto no estadual, está sempre numa crescente. Desde o retorno aos treinos no final de 2021, começamos em um nível extremamente baixo na parte física, por estarmos voltando de um período longo parado, mas a gente vem evoluindo. Começamos com toda a temporada planejada, inclusive chegar onde a gente chegou. Acredito que o Soldiers está no caminho certo e tem tudo para seguir evoluindo até a reta final da competição.”
OBSERVAÇÃO: o União da Serra não respondeu o contato até o momento de publicação desta matéria. Quando isso acontecer, o relato será acrescentado.
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