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A família, a liberdade e o governo – por Giuseppe Riesgo

Não há como dissociar a liberdade da responsabilidade. E ainda tem o governo

Muito se fala na importância da família, na necessidade de preservá-la de determinadas ameaças culturais, da necessidade de cultivá-la em sua essência. E nada mais natural: qualquer pessoa que se relaciona com alguém de verdade sabe que a família é o espaço não só dos afetos mais autênticos, mas das responsabilidades mais verdadeiras. A importância da família é um elemento indispensável da sabedoria popular. Ainda bem.

Mas pouco se fala da relação entre a família e a liberdade. Quem defende a liberdade (e a defende de maneira consequente) sabe que não há como dissociá-la da responsabilidade. A liberdade não é simplesmente um bem de consumo, um ativo que conquistamos no vazio.

A liberdade é uma espécie de dádiva que nos exige pelo menos algumas coisas: autodomínio, isto é, controle dos nossos desejos e instintos primitivos; razão, ou seja, capacidade para discernir, para escolher, para deliberar; e, ainda, a consciência de que há muitos laços na vida que não são fruto da nossa escolha. Eles simplesmente existem e se impõem.

Onde é que aprendemos, primeiro, tudo isso? Na família. É lá que podemos aprender a ter autocontrole. É lá que entendemos a importância de escolher bem os nossos caminhos. E é lá que compreendemos que nem tudo está ao nosso dispor.

A liberdade, como algo que podemos preservar e exercer, depende desse contínuo aprendizado que começa na família. Não há o que possa substituí-la. Mas também há – é preciso que percebamos – um vínculo entre a família e o governo que se dá mais ou menos assim: quanto mais sólidas e quanto mais fortes as famílias, mais limitado será o governo.

Por quê? Porque um governo gigante, que interfere na educação moral das crianças, que deseja dar assistência a tudo, que não conhece limites e que acha que pode garantir a cada um a sua felicidade, é um governo que, no fundo, tenta substituir a família.

Por outro lado, quando os laços familiares são fortes, quando aprendemos, desde pequenos, que frustrações são inevitáveis e que há limites para os nossos desejos, é muito mais provável que nós mesmos não desejemos governos ilimitados.

A verdade é que as promessas infinitas e irrealizáveis do Estado, que sempre interferem em demasia na nossa vida, sem melhorá-la, dependem do nosso desejo de preferir a tutela à liberdade, de preferir a assistência à responsabilidade. Uma liberdade cultivada no seio responsável da família é, por isso, o melhor antídoto contra a tentação tirânica dos que exercem o poder. 

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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