O custo das nossas escolhas – por Marta Tocchetto
Atenção: “proteger o meio ambiente é assegurar a vida e a própria economia”
Nossas escolhas têm preço, custos e consequências, às vezes, irreversíveis
Nosso padrão de consumo tem um elevado custo ambiental. Adotamos necessidades, na maioria das vezes, impostas por um sistema econômico que visa o consumo desmedido. A lógica é consumir mais e mais. O planeta se tornou insuficiente para a raça humana. Os bens naturais são extraídos além da capacidade de regeneração.
Corremos o risco da exaustão. Comprometemos fontes essenciais para a manutenção da vida. A água está cada vez mais escassa, não apenas pelo aspecto quantitativo, mas sobretudo pelo qualitativo. Muitas vezes, há água, porém, a qualidade é tão reduzida que não atende aos usos. Tratar nem sempre resolve, tanto pelos custos econômicos quanto pelas limitações tecnológicas. Torna-se cada vez mais complexo e oneroso o tratamento.
A desigualdade só cresce. Água tratada tem se tornado artigo de luxo. As populações da periferia das cidades convivem com doenças decorrentes do consumo de água sem padrões mínimos de potabilidade, não por opção, mas pela exclusão. Sem falar, no esgoto sem tratamento que escorre pelas sarjetas e ruelas. Saneamento é dignidade.
As privatizações, cada vez mais iminentes, rondam a vida dos brasileiros, pois o acesso está condicionado ao pagamento. O desemprego e o empobrecimento são fantasmas que assombram as condições mínimas de qualidade de vida. A ausência de políticas públicas e a transferência para a iniciativa privada agravam o caótico cenário socioambiental nacional.
Saneamento é dever do estado. Saneamento é saúde, é prevenção. Resíduos também estão enquadrados no saneamento ambiental. No momento em que legislações são descumpridas ou inexistem, agravam-se os impactos negativos. Reduzir o uso de plásticos, limitar as alternativas e inclusive, proibir alguns tipos são medidas necessárias. Muitos levam centenas de anos para se degradar e mesmo, teoricamente, sendo recicláveis acabam nos aterros ou simplesmente, no meio ambiente. Há regiões do planeta que são verdadeiros mares de resíduos plástico. Herança deixada para as novas gerações. Um legado de irresponsabilidade e descompromisso com a vida.
A logística reversa, ferramenta de gestão incluída na Política Nacional de Resíduos Sólidos não emplaca. Dentre os vários motivos, não emplaca porque vivemos tempos de afrouxamento de responsabilidades. Voltamos à galope aos tempos do lucro a qualquer custo. Tempos anteriores aos movimentos pela sustentabilidade, nos quais contava apenas a produção sem preocupação com o modo em que ela se dava e muito menos, com os comprometimentos que ela causava. Voltamos a confundir desenvolvimento com degradação e cumprimento da legislação com burocracia que entrava o crescimento.
É mais veneno no prato para aumentar a produção. É destruição das florestas, é mato no chão, é desmatamento para ampliar as lavouras, em especial de soja, que engordam as contas dos grandes produtores, enquanto a fome atinge 33 milhões de brasileiros. O modelo agrícola está mais para tox do que para pop ou tech. Nossas escolhas têm preço e custos. A ausência de avaliação sobre o modo de produção consolida o modelo predatório que, fatalmente, levará ao comprometimento das condições necessárias à vida na Terra. As mudanças climáticas produzem catástrofes que são cada vez mais frequentes e provas incontestáveis dos custos de nossas escolhas. Destroem vidas, conquistas e histórias.
A eleição de Ricardo Salles e de mais alguns tradicionais inimigos do meio ambiente para o congresso é a demonstração inequívoca de que uma parcela significativa dos brasileiros apoia o “passar da boiada”. O pior é que a boiada passa não apenas por cima dos que escolheram esse lado, mas de todos, inclusive dos conscientes nos quais predomina o senso coletivo, em vez dos interesses individuais.
Vivemos no Brasil, tempos de sobressaltos e ausência de paz para o desempenho de afazeres mínimos, os mais simples – quiçá viver em tranquilidade. A semana que passou vivida pelas universidades, institutos e outras instituições educacionais federais com o corte de verbas, recuado pelo temor eleitoral e pela mobilização sobretudo, dos estudantes, é prova irrefutável destes tempos. Como dar aulas, trabalhar, estudar, desenvolver pesquisas e projetos de extensão com um governo que mais parece um verdugo sedento de cortar cabeças, de semear a destruição e a desesperança?
Nossas escolhas têm preço, custos e consequências, às vezes, irreversíveis. Proteger o meio ambiente é assegurar a vida e a própria economia. Proteger as instituições de ensino superior, as escolas e os institutos de educação federais é negar o obscurantismo e assegurar o desenvolvimento. É inacreditável que uma cidade como Santa Maria, que depende integralmente desse segmento, silencie e aprove o desmonte operado por um governo descomprometido com a educação. É com o sol dos novos tempos que acredito na força da esperança. Esperança, qualifica Desmond Tutu, é ser capaz de ver que há luz apesar de toda a escuridão.
(*) Marta Tocchetto é Professora Titular aposentada do Departamento de Química da UFSM. É Doutora em Engenharia, na área de Ciência dos Materiais. Foi responsável pela implantação da Coleta Seletiva Solidária na UFSM e ganhadora do Prêmio Pioneiras da Ecologia 2017, concedido pela Assembleia Legislativa gaúcha. Marta Tocchetto, que também é palestrante em diversos eventos nacionais e internacionais, escreve neste espaço às terças-feiras.
China produz algo como 1,3 milhão pedidos de patentes por ano. Espanha 10 mil. Alemanha 180 mil. Polonia 6 mil. Americanos 520 mil. Luxemburgo 2700. India 35 mil. Reino Unido 50 mil. Brasil? 7500. Numeros não mudam muito. Não adianta querer colocar culpa no governo atual. Patentes são indicar confiavel? Tenho duvidas. Numero não discrimina setor publico do privado ainda por cima. Resumo: mais trabalho e menos cascata.
UFPel oficialmente atraves do Reitor convocou uma ‘aula de rua’, uma manifestação contra o Cavalão. Anos atrás Burmann recebeu o Molusco com L., o honesto, e dois onibus com jagunços do MST. Se as IFES viraram instrumento politco da esquerda já não são ‘res publica’. Já não são ‘de todos’. Obvio que depois da eleição do Rato Rouco todos ganharão aumento de salário, pagando bem que mal tem?
Saneamento é dever do Estado mas não dá voto, por isto existe o deficit. Quantos anos falam no esgoto de Camobi? Responsabilidade da Corsan. Logistica reversa não funciona porque esqueceram da palavra mágica ‘conveniencia’. Troca-se a pilha de um controle remoto. O que é mais facil: jogar no lixo comum ou atravessar a cidade procurando uma loja que receba? População do planeta, há controversias. Nos paises desenvolvidos a taxa de natalidade baixou, a politica de só um filho na China produz efeitos. Envelhecimento da população mundial trará efeitos e há que se estudar o caso. Ricardo Salles ‘inimigo do meio ambiente’ se elegeu porque a população não é burra para cair na convesa mole da esquerda. Obvio. Infelizmente não há espaço para desenhar.