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A sinédoque da bunda – por Marcelo Arigony

“Liberta da cafetinagem, a venerável ditadura da bunda ganhou legitimidade”

Os arroubos do ego, segundo Freud, precisam ser descarregados. Eros e Tanatos; vida e morte, que penso serem as armadilhas da natureza que nos possibilitaram chegar até aqui como espécie culminante na orografia alimentar. Natureza sábia essa, que prega peças. Grava no nosso DNA anseios que levam à tomada de decisões a lejos da razão imediata.

A sinédoque é uma espécie de metonímia, uma figura de linguagem; troca de palavras, nominando-se uma coisa pela outra.

Há bundas que cantam. Assim como a bunda da Madonna cantava, a bunda de Pablo Vittar canta. A bunda da Ludmilla canta; também Iza, Beyonce, Jennifer Lopez, Shakira… e Anitta.

Até aquela Sonsa resolveu dar à bunda luz: “cachorrinha quer ver a Anaconda.” É ela quem diz. Refrão apelativo e sacana. A Eunectes engoliria a cachorrinha inteira e ainda ficaria com muita fome. E também tem a Valesca Popozelda. Essa embora meio sumida não pode faltar. É a própria metonímia: a arte pela bunda, ou seria a bunda pela arte…

A bunda da Tiazinha tentou cantar, mas só achou plateia no coral da igreja, já no ocaso, bem vestidinha. As bundas da Carla Perez e da Feiticeira não cantavam, mas mandavam bem o recado por pantomima, a la Charles Chaplin; uma sinfonia em libras de bunda. Só não podia querer escutar em braile.

E convenhamos, embora os seios dobrem como os sinos, não cantam. A protagonista é a bunda; a musa é a bunda, sempre foi ela. Aliás, música vem de mousikê, do grego: musas. E do latim, associado a moûsa, que evoca a força do encanto feminino, em alusão a personagens da mitologia que tinham a função de entreter os Deuses com seu canto… e talvez algo mais. Quem poderia saber…

A bunda é Eva Vilma, é Andrés D´Alessandro; é Pelé; é José Mayer, Neymar e Fernanda Montenegro. Todo o resto é figurante de malhação. No máximo paquita da Xuxa.

A Maikely ganha milhares de dólares com as luzes da rabalta – opa ribalta – do only fans. Essa e outras tantas, mulheres empoderadas… fé em Freud, captaram a mensagem, ligaram a retro, atropelaram a erudição com o mais simples, o que mais vende, desde que o mundo é mundo. 

O feminismo lutou muito sobre a mulher objeto. E agora a bunda venceu. Aparentemente liberta da cafetinagem, a venerável ditadura da bunda ganhou legitimidade. Homens e mulheres saculejam, cantam e dançam, donos de royalties abundantes.

(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.

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5 Comentários

  1. Ser mulher (ou asiatico, ou afrodescendente, ou LGBT) é caracteristica, não é habilidade ou qualidade. Porém duvido que alguém que tenha pelo menos uma menina na familia não deseje que ela (no presente ou no futuro) tenha remuneração igual a de um homem na mesma função, igualdade de oportunidades e que seja protegida contra discriminações, assédio sexual, assedio moral violencia domestica (ou qualquer outra) e tantos outros que há no mundo. Este feminismo vai de vento em popa (traseira para a navegação). A outra, das que querem controlar tudo e todos, esta pode ir se lascar.

  2. Feminismo, acredito, não é uma coisa só. A ultima onda do feminismo, promovida pelos vermelhos, é que não decola. Ignorantes (nenhuma Camille Paglia para mostrar), algumas espertalhonas (querem ganhar a vida defendendo a causa feminina) e outras qfue só sabem sacudir cartazes. Há também as que acreditam que elogiar todas as mulheres (independente do mérito) até por ‘feitos’ irrelevantes, imaginarios ou abstratos (o ‘bom’ é uma convenção social). Algo beirando o retardamento mental.

  3. Maikely é bem comum, mas tem uma produção que não deve sair barato. Há mulheres ianques que ganham mais de 100 mil dolares por mes. Porém, como jogadores de futebol, é atividade que tem data para acabar. Total zero, o corpo é delas para fazer o que bem entender, pagando o preço e não se vitimizando depois tudo bem.

  4. Freud é ultrapassado. Nenhum espanto, em 100 anos é normal que a ciencia tenha feito algum progresso. Citação é o reflexo da falta de atualização da academia tupiniquim.

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