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Ordem, progresso e paz! – por Valdeci Oliveira

A violência e intolerância daqueles que não aceitam o resultado das eleições presidenciais precisam ser interrompidas imediatamente e fortemente punidas na forma da lei. O episódio ocorrido na última quarta-feira (23), em Casca, na Região Nordeste do RS, em que um eleitor do atual presidente covardemente agrediu verbal e fisicamente a advogada Janaíra Ramos, além de ameaçá-la de morte, demonstra que a escalada de ódio é também fruto da inércia das autoridades constituídas e dos discursos oficiais de fraudes nas urnas proferidos, de forma irresponsável, por aqueles que deveriam primar pela ordem e respeito à democracia.

Ao caso de Janaíra, somam-se inúmeros outros, como homicídios, coações, atentados a tiros, bloqueios de estradas e incitação à quebra do Estado Democrático de Direito. Jogar irmão contra irmão para manter em permanente mobilização hordas insensatas e violentas, defendendo interesses escusos e ilegais, vai contra qualquer tentativa de criarmos uma necessária cultura de paz, que é justamente o que o país mais necessita neste momento.

Está mais do que claro que a contestação sobre as urnas eletrônicas, novamente explicitada e sem nenhuma prova pelo presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, em coletiva à imprensa, tem um único objetivo: causar desconfiança e revolta nos eleitores do atual mandatário e criar um clima de belicismo na sociedade brasileira. Não fosse isso, o líder do PL também teria colocado em dúvida o resultado do primeiro turno, em que o seu partido e as inúmeras legendas que o apoiam elegeram o maior número de deputados federais, senadores, governadores e deputados estaduais, muitos, inclusive, ex-ministros e gestores do atual governo. Mas neste caso, pelo raciocínio de Valdemar, o processo foi límpido e seguro. Ora, no mínimo, está faltando seriedade, responsabilidade e espírito republicano. Ou está sobrando molecagem, desonestidade intelectual e golpismo.

Nunca é demais lembrar que o funcionamento das urnas eletrônicas, independentemente do modelo e ano de sua fabricação, foi acompanhado por diversas entidades nacionais e internacionais que observaram de perto o pleito brasileiro, entre elas a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Parlamento do Mercosul. Agregadas a elas, estavam representantes de 32 partidos políticos com representação no Congresso e nomes como a OAB, Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, Confederação Nacional da Indústria, o Sistema S, Controladoria-Geral da União, a Polícia Federal, a Sociedade Brasileira de Computação, o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público, o Tribunal de Contas da União, o Supremo Federal e representantes das Forças Armadas, que junto a instituições privadas nacionais sem fins lucrativos e com notória atuação em fiscalização e transparência da gestão pública, integraram o conjunto de entidades habilitadas a participarem como fiscalizadoras de toda a eleição.

Também nunca é demais lembrar que, se houve um lado obscuro nesta história, este foi composto pelos bilhões de reais em emendas do orçamento secreto destinados aos redutos eleitorais do lado perdedor; pela perseguição e ameaças de demissão a trabalhadoras e trabalhadores que procuravam exercer sua livre escolha; pela enxurrada de notícias falsas apregoando supostas perseguições às igrejas e aos cristãos e o desmantelamento das famílias e da propriedade privada. E isso tudo ainda teve uma “cereja do bolo”, que foram as nada isentas operações da Polícia Rodoviária Federal contra os ônibus que transportavam eleitores no dia do segundo turno, principalmente no Nordeste brasileiro, região que as pesquisas apontavam como sendo a mais forte em termos de apoio ao adversário do ainda presidente da República.

Questionar o processo eleitoral do país – o mesmo que serviu para eleger nas últimas três décadas o hoje perdedor e seu clã -, como tem sido feito por aqueles que podemos chamar de testas-de-ferro ou laranjas do atual ocupante do Palácio do Planalto, é jogar gasolina numa fogueira que precisa ser apagada e cujas consequências todos sabemos qual é, mesmo que evitemos dizê-las com todas as letras. E diante deste repulsivo quadro, o que temos de fazer é unir forças para que essa bestialidade, que já fez muitas vítimas, tenha um basta.

Somos todos brasileiros e brasileiras, moramos no mesmo país e conviver com as nossas diferenças, primando sempre pelo diálogo e respeito, se faz necessário para que a paz seja mais forte que ódio e que a democracia, mesmo com suas imperfeições, seja o norte a ser sempre buscado. E reitero: aqueles que conspiram contra o nosso sistema democrático, conquistado a duras penas, devem ser identificados e responsabilizados, conforme prevê a nossa legislação. A democracia jamais pode ser encarada como um artigo a ser descartado conforme a ocasião.

(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria. É também o atual presidente da Assembleia Legislativa gaúcha.

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